Sejam Bem-Vindos!

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domingo, 31 de outubro de 2010

Espaço Curtas: Mais 4 anos de PT

Hoje, domingo, 31/10/2010, a vontade do povo prevaleceu. Elegemos novamente o PT para comandar o país por mais 4 anos.
Não importa quem venceu, pois a imagem do carismático Lula prevaleceu mais uma vez.
Viveremos mais 4 anos de programas assistencialistas, compras de apoio político e entrega de cargos públicos para despreparados e maliciosos.
Prevaleceu a democracia, aliás a falsa democracia.
Vivemos ainda no tempo da feitoria; marginalizados e enganados com esmolas. Mas a realidade é a que existe e que nunca mudou: saúde precária, falta de segurança, educação deficiente e falta de valores morais.
Venceu a vontade cooptada.

(Por Franco Aldo, 31/10/2010, às 22:06Hs)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Espaço Curtas: O 2º Turno das Eleições, Velório de Kirchner e Brasil x Argentina

Curtas 1: Está chegando a hora de anunciarmos o novo presidente (a) do Brasil, e como mostram as pesquisas, tirando os excessos para mais e para menos, tudo indica que a candidata do PT, Dilma Rousseff, será eleita.
Já postei que sou contra a continuidade de Lula e do PT no governo. Acho que deve existir uma alternância no poder para que os efeitos do pertencimento do que é público não criem profundas raízes no aparato governamental.
Caso se concretize a vitória de Dilma, vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos e esperar, com a figa nos dedos, que pelo menos a nossa economia fique resguardada até 2014.

Curtas 2: A Argentina ainda vela o corpo do ex-presidente Néstor Kirchner que faleceu, vítima de enfarte, na última quarta-feira, dia 27/10, em El Calafate província de Santa Cruz. Segundo as autoridades argentinas, Néstor Kirchner será sepultado em Santa Cruz, província patagônica onde nasceu.

Curtas 3: Por falar em Argentina, no dia 17 de novembro, Brasil e Argentina se enfrentarão num amistoso que está marcado para ocorrer em Doha, no Catar. Apesar do jogo ser um amistoso, o que será disputado é a velha e histórica rivalidade, uma espécie de ‘quem é o mais forte das Américas’, portanto vale muita coisa. É de se esperar um bom jogo e muita pancadaria.
Espero uma boa atuação da seleção brasileira, principalmente pela expectativa da volta de Ronaldinho Gaúcho ao time que, a meu ver, não deveria ter saído. Ele não joga com a amarelinha desde a vitória por 3 a 0 sobre o Peru, em abril de 2009, no Beira-Rio.

(Por Franco Aldo – 29/10/2010 – às 14:24Hs)

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: O Caso de Abuso Sexual da Professora

Professora suspeita de abusar de alunas é presa no Rio
Mulher teria cometido o crime com duas menores, ambas de 13 anos

Uma professora de matemática da rede municipal do Rio de Janeiro foi presa na madrugada desta quarta-feira (27) acusada de manter relações sexuais com duas adolescentes, ambas de 13 anos, que eram suas alunas. Policiais civis da 33ª DP (Realengo) prenderam Cristiane Barreira, de 33 anos, quando ela chegava à casa da mãe no bairro de Realengo, zona oeste da capital fluminense.
De acordo com o delegado Ângelo Lage, as investigações tiveram início quando a mãe de uma das adolescentes registrou queixa de desaparecimento da filha, que não era encontrada desde a última segunda-feira.
A mãe da jovem também afirmou que era a segunda vez que a adolescente não aparecia em casa por mais de 48h. A primeira vez ocorreu em agosto deste ano. Na época, a menina reapareceu e a mãe ficou desconfiada da professora, pois a adolescente recebia ligações telefônicas dela.
A mãe chegou a fazer uma queixa para o diretor da escola onde a jovem estudava e ele transferiu a educadora de unidade, a pedido da secretaria municipal de Educação. No entanto o caso não foi relatado à polícia na ocasião.
Após o relato da mãe, os policiais civis foram, então, até a casa da professora e souberam pelo marido da acusada que ela estava desaparecida, também, desde segunda-feira.

Investigação

Vários agentes ficaram em prontidão, desde as 17h de ontem, em locais onde as duas poderiam estar juntas. Cristiane foi presa na casa da própria mãe, às 4h da madrugada desta quarta-feira, e confessou que estava com a jovem em um motel.
Segundo o delegado, a professora deu detalhes de sua relação com a aluna e admitiu que a acariciava nas partes íntimas. Em seu depoimento, ela acrescentou que vinha se relacionando com a adolescente desde maio e que costumava manter relações sexuais com a menor no horário escolar, para evitar que os parentes suspeitassem.
No interrogatório, a mulher disse que está apaixonada pela adolescente e que deseja ter uma relação aberta e séria com a jovem. A professora também confessou que em uma ocasião também levou ao motel uma colega da jovem da mesma idade, 13 anos. Essa adolescente ainda não foi identificada.
Apesar de estar em período da lei eleitoral - que permite prisões a cinco dias das eleições somente em casos de flagrante -, o delegado afirmou que a prisão se enquadra nesta tipificação já que "o código penal diz que flagrante também é a prisão que ocorre em perseguição, mesmo após horas do crime ter sido cometido". A professora irá responder pelos crimes de estupro de vulnerável e corrupção de menores e, se for condenada, poderá cumprir uma pena de até 30 anos de prisão.

(Por Bruna Fantti, especial para o iG | 27/10/2010 13:06 - Atualizada às 18:10)

Nada justifica uma relação de afetividade mais profunda de um adulto com um menor sem o consentimento dos pais. No caso da professora de matemática, só tenho a lamentar o seu comportamento irracional e sua infeliz declaração (segundo a polícia) a respeito de seu relacionamento com duas menores.
Escuto, às vezes, relatos de maiores que já mantiveram relação sexual com menores de idade. Acredito que isso, hoje em dia, não seja algo tão surpreendente assim, pois levando-se em conta os avanços comportamentais e o nosso secular desprezo pela lei escrita, muita gente não leva a sério a gravidade de tal conduta, seja pelos encantos e sedução do menor, seja por já ter experimentado e nada ter acontecido. O fato é que isso é crime, e dos mais pesados; não apenas pela pena prevista no código penal, mas pelo repúdio de toda a sociedade, que apesar de execrar tal comportamento, como já disse, nos bastidores, muita gente acha normal, pra não dizer, mais um motivo de piada.
Não importa se a menor agiu maliciosamente ou se foi seduzida pela professora. A questão é sempre desfavorável para o maior. O maior de idade está numa posição de superioridade mental – ou pelo menos, que se prove o contrário – e física, em relação ao menor.
O caso de Cristiane (professora) é ainda mais grave, pois além de ser acusada de aliciar uma menor de idade, usou de seu status de educadora para sobrepujar uma relação mais estreita de afetividade, isto é, além da supremacia física e mental, Cristiane se aproveitou de sua posição de superioridade no vínculo mestre-aluno para seduzir e se fazer seduzir pela menor.
Só tenho a lamentar por todos: pela família, pela menor, e, principalmente, pela professora que, como mostram os fatos, jogou sua vida no lixo.

(Por Franco Aldo – 28/10/2010 – às 11:35Hs)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: O caso da menina Joanna

Pai da menina Joanna é preso após decisão da Justiça no Rio

Foi preso na noite desta segunda-feira o serventuário da Justiça André Marins, pai de Joanna Marcenal Marins, 5. Mais cedo, ele e a mulher, Vanessa Maia, tinham sido denunciados pelo Ministério Público sob acusação de tortura e de homicídio qualificado. A Justiça, porém, determinou apenas a prisão preventiva de André.
Com a aceitação da denúncia, terá início o processo judicial que vai apurar a responsabilidade dos dois na morte de Joanna, ocorrida em 13 de agosto, após a menina passar quase um mês em coma.
Segundo a promotora Ana Lúcia Melo, responsável pela denúncia à Justiça, a criança teve convulsões por três dias antes de ser levada ao médico. Ela teve uma meningite causa pelo vírus da herpes.
'Quando ela contraiu meningite, começou a ter convulsões, e ficou por três dias convulsionando em casa sem receber atendimento', disse a promotora, que denunciou o casal por homicídio qualificado por meio cruel com dolo eventual. O dolo eventual significa que o casal assumiu o risco da morte da criança por ter tido uma atitude omissa e não ter procurado ajuda médica imediatamente.
A promotora disse também que a tortura à qual Joanna foi submetida pode ter contribuído para que ela desenvolvesse a doença, já que teria baixado a imunidade da menina.
Laudo elaborado pelo Grupo de Apoio Técnico do Ministério Público constatou que a menina foi vítima de queimaduras provocadas por 'meio físico ou químico' entre o fim de junho e o início de julho. O mesmo documento descartou que a marca nas nádegas da menina tenha sido fruto de uma alergia, como o pai chegou a alegar.
Além disso, pesou o depoimento de uma diarista que trabalhou na casa de Marins. Ela relatou à polícia ter visto, nos dias 13 e 14 de julho, a menina deitada em um tapete no chão, com as mãos e os pés atados com fita crepe e suja de fezes e urina. Ela só foi levada ao hospital no dia 15, segundo o Ministério Público.
A diarista disse ainda, segundo a promotora, ter encontrado diversas peças de roupa sujas de fezes, que indicariam que a menina apresentava descontrole fecal há pelo menos duas semanas. Segundo Melo, essa situação foi causada pelo 'terror psicológico' ao qual a criança foi submetida na casa do pai, com quem morava desde o fim de maio --a Justiça a afastou provisoriamente da mãe por entender que ela sofria de síndrome de alienação parental em grau severo.
A promotora disse que decidiu denunciar a madrasta, que não tinha sido indiciada pela polícia, porque, apesar de a guarda legal ter sido concedida apenas a Marins, ela detinha a guarda de fato da criança.
'A Vanessa residia na mesma casa do André, com quem tem duas filhas, e acompanhava tudo o que era feito na casa', diz.
Melo explicou ainda ter pedido a prisão preventiva do casal por entender que as testemunhas estão sendo intimidadas e devido ao clamor popular. Ela citou que Marins chegou a dizer à imprensa que irá perseguir judicialmente a diarista que depôs contra ele.
A promotora afirmou ainda que a ação inadequada da médica Sarita Fernandes e do falso médico Alex Sandro da Souza Cunha, que atenderam Joanna no hospital RioMar, na Barra da Tijuca, também colaborou para a morte da menina. Os dois já tiveram a prisão preventiva decretada, mas ele está foragido. O pai e a madrasta de Joanna negam as acusações.

(Por Denise Menchen, Folha. Com – 25/10/2010)

Desde o início das investigações sobre a morte da menina Joanna Marins, muita coisa precisava ser explicada, principalmente os hematomas encontrados em seu corpo, que denunciavam, talvez, o indício de maus-tratos.
A causa ‘mortis’ apontada pelos médicos do hospital foi de um quadro de meningite causada pelo vírus da herpes, como relatado acima, mas nada foi constatado em sua ficha médica a respeito dos hematomas.
A situação começou a ficar suspeita quando a mãe da menina acusou o pai, que detinha a guarda da menor, de ser o responsável pelos indícios de maus-tratos. O pai, por sua vez, jogou a culpa na ex-mulher e disse que a menina não tinha nenhum hematoma durante os dias em que ficou com ele.
Diante da suspeita de maus-tratos e da estranheza das ações dos médicos do hospital, o Conselho Tutelar e os órgãos responsáveis pela investigação da morte descobriram negligência da médica Sarita Fernandes e, para a surpresa de todos, a participação do falso médico, Alex Sandro da Cunha Souza. Foi o estopim para que a investigação tomasse o rumo que tomou, ao ponto do Ministério Público pedir a prisão do pai, André Marins.
A médica Sarita Fernandes já está presa e o falso médico foragido.
Espero que as coisas sejam muito bem elucidadas e todos os envolvidos sejam responsabilizados dentro da culpabilidade de cada um.
Se forem comprovados os atos de tortura praticados pelo pai (e pela madrasta) da menina Joanna, como mostram as evidências; como um pai tem a coragem de tratar uma criança de 5 anos, sangue do seu sangue, da forma como foi relatada pela diarista? E o que mais impressiona é que desde o nascimento de Joanna, os pais vivem um litígio pela disputa de sua guarda, portanto não faz sentido lutar pela guarda de um ser, supostamente amado, que depois de conquistado é tratado de uma forma das mais desumanas possíveis.
O caso de Joanna é bem parecido com o da menina Isabella Nardoni; filha de pais separados que vivia com a madrasta.
É claro que o destempero de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, ao ponto de estrangular e jogar Isabella da janela do apartamento em que viviam, foi de uma crueldade inimaginável, mas se for comprovado os atos de tortura em Joanna, acredito que esse crime será tão cruel quanto o dos Nardoni.
Vamos aguardar o desempenho de nossa justiça e que sejam punidos todos os culpados pela morte de Joanna Marins.

(Por Franco Aldo – 26/10/2010, às 13:13Hs)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: E a novela 'Tiririca' continua...

Declaração causa nova polêmica sobre Tiririca

A polêmica sobre Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, que 1,3 milhão de brasileiros elegeram deputado federal pelo PR, abriu caminho para um embate inesperado entre seu advogado, Ricardo Vita Porto, e o promotor eleitoral Maurício Antonio Ribeiro Lopes.
O ponto central do confronto é uma frase atribuída ao promotor em entrevista sobre a investigação que dirige para verificar se Tiririca é analfabeto, o que impediria o palhaço de assumir cadeira na Câmara. "Advogado é sórdido", declarou o promotor, ao abordar questão relativa ao prazo para apresentação da defesa. "Mas, se eu fosse advogado do Tiririca, também protocolaria a defesa dele às 18h50, dez minutos antes de o fórum fechar."
O prazo do palhaço vence hoje. O promotor suspeita da declaração dele à Justiça Eleitoral, na qual afirma ser alfabetizado. Uma outra pessoa teria redigido o texto a pedido do deputado eleito. Na defesa que entregará ao juiz da 1.ª Zona Eleitoral, o advogado de Tiririca contesta.
Porto se sentiu ofendido com as afirmações do promotor, transcritas em reportagem publicada pelo Correio Braziliense, edição do dia 22. Em ofício à Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Paulo, o defensor de Tiririca assinala que "em sua cruzada contra Francisco Everardo Oliveira Silva o promotor dispara impropérios para todos os lados".
"Desta vez, todos os limites da civilidade foram ultrapassados, tendo o promotor extrapolado em sua manifestação, ofendendo violentamente não os advogados de Francisco Everardo, mas sim toda a classe dos advogados ao designar de forma genérica os advogados como sendo 'sórdidos'", sustenta Porto.
A representação do advogado foi alvo de amplo debate no fim de semana, em Atibaia (SP), onde se reuniu o colégio de presidentes de subseções da OAB. "A classe está indignada", relata Silvio Salata, presidente da Comissão de Estudos Eleitorais. "Um foco do nosso encontro era exatamente nossas prerrogativas. O promotor atingiu a todos os advogados, estendeu a ofensa a todos nós."

Medidas

Duas medidas a OAB estuda contra Lopes: queixa à polícia para inquérito por crime contra a honra e procedimento para ato de desagravo que poderá culminar com a inclusão do nome do promotor na lista negra da entidade. "A ofensa tem conotação criminosa, é grave porque violou a função estatal que deve cumprir", observa Salata.
O enquadramento do promotor poderá ocorrer com base no artigo 7.º do Estatuto da Advocacia, que prevê "no caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator". O promotor não foi localizado para falar sobre o caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

(Fonte: agestado, 25/10/2010)

Se o advogado do palhaço e todos os outros advogados ficaram ofendidos com a frase do promotor, que o processem. Mas o foco principal continua. Não podemos deixar que a denúncia do promotor seja arquivada, até porque, se o palhaço não fosse analfabeto, qual o motivo teria para não provar sua alfabetização???
Estão querendo desviar o foco do litígio!! De olho neles!!

(Por Franco Aldo – 25/10/2010, às 14:25Hs)

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: O Clima de Guerra entre PT e PSDB e a Bolinha de Papel

A propaganda política para o segundo turno das eleições 2010 está chegando ao fim. Na disputa à Presidência da República, o cenário político entre PT e PSDB tornou-se literalmente um ringue de luta.
Na quarta-feira, numa passeata em Campo Grande-RJ, o candidato José Serra do PSDB foi atingido na cabeça por um objeto que as imagens de TV denunciam ser uma simples bolinha de papel. O candidato, depois de ser levado a um hospital e ter declarado a postura selvagem do PT, alega que foi atingindo por várias coisas, bolinha de papel, bandeira do PT, pedrada, o diabo.
Já o nosso presidente, nada discreto em seu comportamento de cabo-eleitoral da candidata Dilma Rousseff, alegou que o dia 20 de outubro deveria ser daí em diante proclamado o dia da mentira.
O fato ficou manchado não apenas pelo objeto arremessado contra a careca de Serra, mas pelo clima de confronto entre pessoas ligadas ao PT e entre os manifestantes do PSDB. Sem falar que o incidente virou motivo de chacota, coisa não muito comum aqui no Brasil.
Bolinha de papel ou bandeirada, tanto faz, acho que a atitude de vítima do candidato José Serra foi um pouco tragificante, numa tentativa de manchar, ainda mais, a imagem do PT. Vale tudo nessa reta final. Só espero que as coisas fiquem apenas no âmbito da encenação.
Já o PT e seu nefasto líder dos mais frágeis só tem a empobrecer ainda mais as coisas no cenário político, desde a falta de um comportamento ético do Presidente da República, até a instigação de tumultos nas passeatas e nos comícios do adversário.

(Por Franco Aldo – 22/10/2010 – às 04:36Hs)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: A Verdadeira Democracia

Muitos têm me criticado a respeito dos meus textos sobre os assuntos políticos que quase sempre castigam a nossa sociedade, principalmente, nesses tempos de pleito eleitoral. A principal acusação é de que sou contrário a democracia, portanto ‘a favor da ditadura’. Nunca escrevi isso aqui. Muito pelo contrário, o que sempre defendi foi a atmosfera de uma verdadeira democracia, como a desobrigação do ato de votar, isto é, votaria quem realmente quisesse votar. Não seria a negação de um direito, já consubstanciado historicamente, mas a consolidação de um verdadeiro papel de participação política consciente.
No artigo que publiquei a respeito do ‘Hospital público pega fogo no Rio’, disse que “onde a democracia predomina, nada é injusto. O que existe hoje é apenas culpa de nossa leniência de visão crítica, combinada com o mau uso de nossa arma maior, o voto”. Portanto são palavras que dizem mais um desabafo, quanto ao mau uso de nosso poder maior, do que qualquer desconfiança mínima a respeito da fantástica arma de cidadania chamada democracia.
Repudio a ditadura, pois ela não nos dá a liberdade de opinarmos a respeito de nossas aspirações políticas, portanto priva-nos de qualquer ato participativo em nossa sociedade.
O que eu desprezo nos meus textos são os atos daqueles que fazem uso da democracia para enganar a sociedade e implantar dissimuladamente uma espécie de ‘comportamento ideal’ (ditadura muda) do povo perante as aberrações e imoralidades que surgem na realidade da política nacional.
A eleição de Tiririca, a manipulação da máquina pública e compra de apoio político pelo PT, a eleição de chefes de milícias locais, a liberdade de José Dirceu e Marcos Valério, a interferência de Lula na opinião da imprensa, tudo isso tem como principal responsável o povo, ou melhor, toda a sociedade. Isso é o lado triste da democracia.
Mas tenho certeza de que nada disso seria perfeitamente concebido, levando-se em conta, principalmente, as ações daqueles que de dentro do poder querem a todo custo manter o status quo de uma política que se objetiva de um único fim, a garantia de profundas vantagens e enriquecimento pessoal daqueles que dirigem os desígnios da nação.

(Por Franco Aldo, 21/10/2010, 14:12Hs)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Que País é esse?

José Serra está longe de ser a solução para os problemas do Brasil, muito menos o seu partido, o PSDB, pois como já postei aqui no blog, as siglas e as ideologias dos partidos políticos não representam nada, apenas um aglomerado de interesseiros que se juntam, numa espécie de bando político, para se aproveitarem da fragilidade da máquina pública. Mas, por mais que haja corrupção em todos os buracos da administração pública, nada ficará tão escancarado, tão vazio de ética e moralidade quanto ao governo de Lula e ao PT.
E o mais interessante é que os escândalos chocam, mas com o decorrer do tempo, as coisas parecem perder o sentido, ao ponto do eleitor de Lula se perguntar se ‘existem podres em sua administração’? É a magia da imagem populista do presidente, encanta aqueles que são indiferentes aos meandros políticos do país.
O texto de Merval Pereira não reflete a palavra final a respeito de Lula e o seu governo, aliás, o seu PT. Mas apenas um comentário lúcido da realidade escancarada do que se tornou o governo de um partido que sempre se vangloriou da honestidade e moralidade. Os fatos aconteceram e continuam acontecendo, não pense que depois do ocorrido os fatos se transformaram em coisa de museu, mas estão aí para serem vistos. Portanto a imoralidade e o maucaratismo estão estampados em escândalos, desculpas esfarrapadas e atitudes políticas constrangedoras e só um cego, talvez, pela imagem sofrida do presidente, não queira ver.
O texto de Merval Pereira, ‘Que país é esse?’ foi escrito num momento em que o governo Lula se afundava em escândalos, como o de Waldomiro Diniz, assessor de José Dirceu na Casa Civil, com o banqueiro do bicho Carlinhos Cachoeira, o escândalo dos Correios e do Mensalão. Esses escândalos tinham por objetivos, claramente comprovados, a compra de apoio político, enriquecimento do PT, venda de cargos públicos e desvio de verbas públicas para fins desconhecidos. Nesse período, a opinião pública via estarrecida a todos os escândalos e procurava uma palavra final do seu presidente, mas essa palavra veio à tona com a fantástica anedota do ‘eu não sei de nada’. Lula usou da sua imagem até o recurso mais mesquinho possível, autointitulou-se imbecil para espanto de todos.


Que país é esse?

Pacotes de dinheiro, secretárias e motoristas já fazem parte do imaginário nacional. O embaixador Marcos Azambuja, conhecido por sua mordacidade, anda dizendo que tem mais medo de secretárias e motoristas do que de colesterol alto. Três pacotes de dinheiro marcaram nossa história política recente, e pelo menos dois ganharam lugar definitivo nela, sendo o mais famoso o dos maços de notas perfazendo R$ 1,3 milhão achados pela Polícia Federal no escritório de uma empresa da atual senadora Roseana Sarney durante a campanha eleitoral de 2002, o que lhe valeu a desistência da candidatura à Presidência.
E os R$ 3 mil embolsados pelo ex-chefe dos Correios Maurício Marinho em nome de um esquema de corrupção chefiado pelo deputado Roberto Jefferson, o que provocou a atual crise política em que estamos envolvidos.
Um terceiro pacote de dinheiro ainda não se sabe que papel terá no episódio, mas pelo inusitado da situação já merece destaque: um dirigente do PT do Ceará, ainda por cima assessor de um deputado irmão do presidente do PT, José Genoino, foi preso com R$ 200 mil em uma bolsa e US$ 100 mil na cueca.
Não se encontrou ainda o famoso "batom na cueca", como ironicamente denomina-se uma prova irrefutável do malfeito, mas temos agora "dólares na cueca", uma das muitas contribuições petistas à modernização da corrupção no país.
Quem se dispuser a acompanhar as sessões da CPI dos Correios vai ter uma boa visão de que país é esse. Uma dúzia de deputados(as) e senadores(as) exerce seu ofício com seriedade e dedicação, demonstram que fizeram o dever de casa, estudaram os depoimentos, perguntam de maneira pertinente e objetiva, em busca da verdade, e não de uma posição política.
A maioria, porém, enche a boca com discursos vazios diante das câmeras de TV. Outros repetem perguntas já feitas, tentam mostrar uma esperteza que não têm. O clima de Escolinha do Professor Raimundo prevalece, é permanente. A falta de respeito às regras é constante, a tentativa de dissimulação das reais intenções chega às vezes a ser patética.
Como a daquele deputado petista que perguntou à secretária Karina Somaggio, com o objetivo de desacreditá-la, se não considerava estranho que, em Belo Horizonte, o lobista (ele chamava sempre de empresário) Marcos Valério não utilizasse um carro-forte em vez de transportar tanto dinheiro por motoboys. Como se desconhecesse que carros-fortes exigem identificação da mercadoria transportada. Ou não soubesse que o dinheiro de que se trata na CPI é ilegal, por isso transportado em maletas.
Uma temporada desse folhetim inacreditável basta para que entendamos que nossos políticos realmente representam o Brasil em todas as suas nuances, em todas as suas carências e mesquinharias. E também em sua grandeza, quando se vê que as instituições estão funcionando normalmente, apesar dos sustos nossos de cada dia.
Pode ser ignorância minha, mas quem, a não ser os envolvidos, sabia que as licitações dos órgãos públicos são disputadas por "empresários" que não fabricam nada, meros atravessadores, que intermedeiam desde botas do Exército até capas de chuvas dos carteiros, e brigam de morte entre si, corrompem toda a cadeia gerencial, envolvendo arapongas e propinas a funcionários de terceiro escalão? Pequenos cafetões do dinheiro público, tudo muito rastaqüera para os milhões que estão em jogo.
E quem diria que a nossa temida Agência Brasileira de Informações, a Abin, sucessora do monstro SNI, transformou-se em um centro de baixa arapongagem, do tipo que monta pacientemente a maleta de espionagem com que filma escondido com acessórios comprados na feira do Paraguai de Brasília? É como se terroristas internacionais montassem uma bomba atômica com peças compradas em camelôs.
Outro dia o Zuenir Ventura lembrou uma frase de nosso filósofo popular Tim Maia, que dizia que no Brasil as coisas não podem dar certo por que aqui "traficante se vicia, cafetão se apaixona e puta goza". Agora temos um araponga que se considera um jornalista investigativo, e sonha em ganhar o Prêmio Esso de Jornalismo pelo "furo" de reportagem que sua maleta paraguaia proporcionou.
Foi preciso que um especialista em utilização de "restos de campanha" abrisse o jogo, depois de uma desavença com seus cúmplices, para que um facho de luz fosse jogado nesse mundo subterrâneo. Verdadeiro pedagogo da contravenção eleitoral, o deputado Roberto Jefferson se auto-enlameia para poder enlamear os outros, na exata medida da orientação de seus advogados. Incrimina-se cuidadosamente, se movimenta dentro dos limites que as brechas da lei determinam, e cria uma confusão dos diabos quando se manifesta.
Com toda a sinceridade que suas más intenções permitem, Roberto Jefferson esclarece nossas dúvidas: por que um político tem interesse em nomear um diretor de estatal, ou o secretário da Receita Federal em um estado, ou o chefe da Alfândega do aeroporto internacional? Pura demonstração de prestígio? Nada disso. Os nomeados, está implícito, se encarregam de arranjar "doadores" para as campanhas políticas dos partidos que os indicou. Além de outros favores menores.
Malas de dinheiro, empréstimos milionários, repasse de verbas publicitárias, tudo vai para o mesmo destino: o financiamento das campanhas eleitorais. Tudo pela causa. E, como se está vendo, quase sempre a causa própria acaba recebendo umas rebarbas, e aí você tem procuradores milionários, cunhados que se beneficiam, mecenas que descobrem novos Bill Gates no centro do poder, empresários que dão avais milionários e companheiros com dólares na cueca. Que país é esse?

(Por Merval Pereira, O Globo, 10/07/2005)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Hospital Público Pega Fogo no Rio

Após incêndio em hospital, mais de 200 pacientes são transferidos
Cerca de 40 pessoas continuam internadas na emergência do Pedro II e outras 30 estão em um hospital de campanha

A Secretaria Estadual de Saúde transferiu mais de 200 pacientes do Hospital Estadual Pedro II, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, para outras unidades de saúde. A ação aconteceu após um incêndio no fim da manhã de quinta-feira (14).
Cerca de 40 pessoas continuam internadas na emergência do Pedro II, no térreo, e outras 30 estão em um hospital de campanha montado ao lado da unidade. Apenas os pacientes de baixa gravidade não foram transferidos.
Com exceção da emergência, os demais andares continuam fechados. O fogo no Pedro II teria começado após um curto-circuito no transformador do subsolo da unidade. A causa do incêndio ainda está sendo apurada. Ninguém ficou ferido. O incêndio não atingiu os andares superiores, mas a fumaça chegou aos inferiores da unidade. A rede elétrica ficou carbonizada.
O secretário Estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, vai ser reunir com engenheiros da Empresa de Obras Públicas (Emop) para decidir o destino do Pedro II e com diretores de outros hospitais estaduais para discutir mais transferências de pacientes.
Na madrugada desta sexta-feira um idoso morreu no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, na zona oeste. Ele estava internado no Pedro II e foi transferido após o incêndio. Mas, segundo a secretaria, a morte não teve relação com o incêndio. O estado de saúde dele era grave.

(Por iG Rio de Janeiro - 15/10/2010 10:05)

Hoje eu pretendia não escrever nada, pois tem dia que a gente não está nem aí para os problemas, quanto mais para aqueles problemas que sempre existem, mas ninguém quer ver, sejam os responsáveis diretos, sejam todos nós, o povão, o principal responsável pelo chiqueiro que se transformou os órgãos públicos do Rio de Janeiro.
O incêndio no Hospital Pedro II, em Santa Cruz, não foi por acaso. Quem já teve o desprazer de ser atendido naquela pocilga sabe muito bem o que eu estou dizendo; as instalações são da década de 50 do século passado, não apenas pela falta de reforma, mas principalmente pelo mau uso, má conservação. O Hospital, talvez, seja a construção mais pomposa do bairro e, como sempre, sofre com a falta de leitos, aparelhagem e profissionais. ‘A culpa é do governo’ vai dizer o leigo. Pode até ter um pouco de fundamento, mas todos nós somos cúmplices de que o público tornou-se, no inconsciente da população, algo que se pode apropriar-se, seja lá qual o escalão quer for, desde a cúpula do governo até a direção do hospital. Portanto má administração combinada com a falta de seriedade de nossos representantes, sem falar no problema crônico que assola o país, a falta de fiscalização.
Um incêndio nas instalações elétricas – cheias de gambiarras – era o óbvio, pois, mais cedo ou mais tarde, isso poderia acontecer. E isso não é exclusividade do Pedro II; em Campo Grande, o Rocha Faria, talvez, seja bem pior.
Dito dessa forma, a imagem do Pedro II é o exemplo clássico de como a saúde no Brasil, particularmente no Rio, é lavada a sério. Isso é o governo do PMDB, do Sérgio Cabral – e dos que o antecederam – que acabou de ser reeleito.
Um governo de respeito e que tenha compromisso com a comunidade não é apenas aquele que constrói elevador panorâmico (caso dos morros do Cantagalo, Pavão e Pavãozinho) – dizendo que está fazendo em prol da comunidade – para embelezar a cidade pro gringo ver e esconder a favela, mas aquele que trabalha em cima da educação, saúde e segurança. Governo de verdade não é só aquele que se engaja pra trazer copa do mundo, olimpíada, o diabo – que só serve para encher o bolso dos grandes empresários –, mas aquele que primeiro atende as necessidades da população. Portanto, vamos primeiro fazer o dever de casa para depois pensar – dentro dos valores de cada um – nas futilidades da ambição.
Depois do incêndio, montaram um atendimento de campanha. Acho que vai funcionar melhor do que antes, mas como o governo está investindo nas UPA(s), portanto é melhor demolir o Pedro II e continuar atendendo a população no hospital de campanha, combinando com os atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
É o que nós merecemos. Num país onde a democracia predomina, nada é injusto. O que existe hoje é apenas culpa de nossa leniência de visão crítica, combinada com o mau uso de nossa arma maior, o voto.

(Por Franco Aldo, 15/10/2010, às 21:15Hs)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Direita ou Esquerda... Tanto Faz

Há algumas décadas eu me considerava um eleitor de esquerda, mesmo sem saber o que isso significava na praticidade. Na verdade o que eu queria era ver os que estavam de fora do poder dentro do poder. Naquela época, eu ainda acreditava, de forma bem particular, nas causas revolucionárias dos partidos socialistas como o PCB e PCdoB, apesar de ter uma pequena convicção, aliás, uma suspeita que todo o moralismo e idéias comunitárias eram apenas bravatas, mas mesmo assim achava que a esquerda merecia uma oportunidade de comandar o país, pois o pior, achava eu, já tinha passado. Não agüentava mais ver José Sarney, a corja da Bahia e demais coronéis afundando o país em dívidas, causando o caos do desemprego e da inflação.
Foi assim que minha convicção esquerdista, na primeira eleição para presidente, em 1989, votou no primeiro turno em Roberto Freire, candidato do PCB. Freire não conseguiu ir para o 2º turno que foi disputado por Fernando Collor, do PRN e Lula, do PT. Diante do limitado leque de candidatos, principalmente na qualidade, não tive outra escolha se não votar em Lula. É bom lembrar que Lula ainda não tinha a popularidade que tem hoje em dia e que o Partido dos Trabalhadores era um partido tão minúsculo quanto o PSOL. Collor venceu, assumiu em 1990 e deixou o cargo nos dois anos seguintes daquela maneira que todos sabem.
Já em 1994, depois de dois anos de governo Itamar, as eleições presidenciais tiveram como principais candidatos Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, Ministro de Itamar e principal idealizador do Plano Real, e Lula. Correndo por fora estavam Enéas Carneiro, do PRONA, e Leonel Brizola, do PDT.
No primeiro e no segundo turnos votei em Fernando Henrique, não tinha como deixar de votar nele depois da estabilidade do país com o Plano Real.
Lula era, pelo menos pra mim, o símbolo da uma luta que parecia ter fim. Depois de duas derrotas achava muito difícil o PT e seus asseclas terem alguma chance de comandar o país. Ledo engano. As duas derrotas de Lula combinadas com a terceira que estavam por vir e com a propaganda de algumas administrações estaduais de características populistas estavam fazendo com que o partido e o presidente alcançassem índices altíssimos de popularidade.
Em 1998 surgiu um candidato, que na minha concepção, poderia ser um ótimo chefe de estado e governo, Ciro Gomes do PPS. Votei em primeiro turno em Ciro, mas, novamente, Lula e Fernando Henrique foram para o segundo turno. Votei em Lula.
É bom lembrar que nessa época, talvez, o PT estivesse em sua melhor fase, a mais pura, isto é, com toda a sua ideologia ainda revigorando as mentes de seus membros.
Já nas eleições de 2002, não votei, apenas justifiquei o meu voto, pois morava em outro estado, longe da minha Zona Eleitoral. Mas conscientemente eu fui um dos que pagou para ver Lula no poder e se pudesse ter votado, votaria em Lula nos dois turnos.
Lula venceu. Antes de terminar o seu primeiro mandato fomos contemplados com o escândalo do mensalão e do ‘eu não sabia’, sem falar em Waldomiro Diniz e outros picaretas do seu governo.
Em 2006 minha consciência política, mesmo que pouco engajada, já estava mais madura, para não dizer, mudada por completo. Aqui no Brasil, esquerda ou direita pode ser trocada por ‘os que estão no poder’ ou ‘os que estão fora dele’, tanto faz. As ideologias dos partidos políticos pouco mudam umas das outras. O que vemos é que um quer tirar o poder dos outros.
O governo Lula continuou seu calvário de imoralidades, corrupção e bravatas. De um lado o populista Lula e sua imagem de analfabeto que venceu na vida e que quer ajudar os pobres. De outro o partido, infiltrado no governo e que se considera o próprio governo. É uma tática fantástica de dissimulação e cooptação eleitoral. A corja de sindicalistas junto com o conservadorismo coronelista (Sarney, família Magalhães, Collor, etc.) formaram uma quadrilha da pesada que compram apoio de um lado (mensalões, dossiês, cargos políticos) e oferecem esmolas de outro – os bilhões do programa assistencialista bolsa família estão aí para não me desmentir.
Assim segue a vida política por aqui. Acho que o que existe no governo e no PT é algo intrinsecamente ligado ao comportamento individual do brasileiro, portanto reflexos de nós mesmos. Como vamos cobrar moralidades aos nossos representantes se a todo o momento praticamos as mesmas imoralidades. É claro que há exceções, mas o que prevalece é o geral, não as exceções.
Antes que eu me esqueça, em 2006 votei, no primeiro turno, na radical Heloisa Helena, do PSOL, e juro que depois me arrependi. Já no segundo turno votei no candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.

(Por Franco Aldo, 14/10/2010, às 10:51Hs)

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Lula, PT, Governo, Máquina Pública

Está chegando ao fim o mandato do presidente Lula, mas como indicam as pesquisas – e tenho esperanças do contrário – a candidata Dilma Rousseff, junto com a corja de sindicalistas, dará continuidade à manipulação da máquina pública pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pela base aliada, principalmente pelo PMDB do coronel Sarney.
Durante os oito anos de Lula no governo muita coisa ficou clara. De início, o grande medo era se o Lula e seus asseclas dariam continuidade à estabilidade econômica, pois a falta de experiência nos mistérios da governança e a ameaça da ideologia radical do PT, muitos investidores e o próprio mercado financeiro temiam o pior. Tudo ingenuidade. O que se viu foi uma espécie de continuidade da semente plantada pelo PSDB, misturado com programas de cunho assistencialistas, com o retoque do carisma do presidente e recheado de escândalos envolvendo seus aliados e até parentes.
Comentar os podres do PT, para o povo, talvez, não tenha muito sentido, pois o povão não liga para o partido e suas ideologias, liga, sim, é para o seu líder maior, o conquistador e carismático Luiz Inácio Lula da Silva. Já pude perceber que a massa, quando recebe qualquer notícia que envolva corrupção pelo lado do presidente, já tem um discurso estereotipado e pacificamente aceito, algo inconsciente, como ‘roubar todo mundo rouba’. Pensamento infeliz que solapa o discurso de muita gente simples e até de pessoas um pouco mais supostamente esclarecidas. Mas tudo isso reflete as duas faces do governo do PT nesses últimos oito anos, de um lado, a figura de um nordestino de origem pobre, quase analfabeto, que se vangloria a todo o momento de ter chegado aonde chegou sem precisar estudar – ‘péssimo exemplo para os nossos jovens’. De outro, o partido. O PT aproveitou a névoa expelida pela imagem populista de Lula para usar a máquina pública com fins de enriquecer o partido e controlar a oposição. E isso não é balela, são fatos. Os escândalos estão aí para comprovar: ‘mensalões’, ‘valerioduto’, nomeação de sindicalistas e filiados do PT para ocupação dos altos cargos, como os DAS 6 e DAS 5, a bagunça e os imorais privilégios do Senado, isto é, até a base aliada tem o direito de cometer imoralidades e no fim acabar em pizza. São os antigos vampiros, comandados pelo coronel José Sarney um dos responsáveis pelo atraso e empobrecimento do país, só dar um pulinho no Maranhão.
Comentar as ações e postura do PT, ou melhor, dos representantes do PT que tomaram de assalto o país nesses últimos oito anos daria para escrever um livro mil páginas.
Lula é um gênio. Sua imagem de lutador e verdadeiro representante dos excluídos, como costumo comentar com meus amigos, foi construída com as sucessivas derrotas presidenciais, uma para Fernando Collor e duas vezes para Fernando Henrique. Durante todo esse período, a popularidade do sindicalista cresceu assustadoramente, como também cresceu a bancada do PT no Congresso.
Lula só conseguiu ganhar as eleições de 2002 porque o cenário lesivo ao país já estava pronto. Os cargos mais importantes já estavam encomendados, as promessas de benefícios extras já estavam prometidas, as grandes empresas do país poderiam ‘acertar’ com o governo uma isençãozinha aqui ou reduçãozinha ali, sem falar nas grandes obras superfaturadas. Além disso, toda uma máquina propagandista foi encomendada. Várias alianças foram feitas, principalmente com os grandes empresários do país.
Os principais meios de comunicação, também, estavam a favor de Lula e isso era fantástico, pois pela primeira vez na história do país um operário seria eleito presidente da república, fato inédito que muita gente pagou para ver.
Lula e o PT reproduziam a cada debate os slogans de ‘não as privatizações’, de ‘não a CPMF’ e de ‘não a privatização das telecomunicações’. Como se a palavra ‘privatizar’ fosse algo de todo ruim, mas quem entende um pouco de administração, coisa que Lula não entende, sabe que pode ser uma excelente saída para o enxugamento da máquina pública. Hoje, essas questões estão consolidadas, pois o presidente assina em baixo. Portanto, na época, tudo era balela de quem queria o poder e fez de tudo para consegui-lo, até mesmo jogar na lama toda a ideologia construída pelo PT desde a sua criação.
Hoje é dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Vamos rezar para que no fim do mês tenhamos uma surpresa nas urnas e que seja agradável para todos, principalmente para a saúde do país. Mas ressalto que em santo não acredito, mas acredito na fé, não da do povo, pois a fé do povo já tem seu santo aclamado. Acredito na fé daqueles que querem mudar verdadeiramente a imagem do país e das instituições que a cada ano são corrompidas pelo PT. Portanto temos o dever moral de acabar com famigerada união do público com o privado.

(Por Franco Aldo, 12/10/2010, às 10:51Hs)

domingo, 10 de outubro de 2010

Espaço Conto: Dia de Eleição

Sábado, véspera de eleição, é dia de decisão no Maracanã. Fluminense e Botafogo disputarão mais uma decisão; decidirão o título da Taça Guanabara. Como um bom torcedor, dedicado e fiel, seu Julinho de Menezes, botafoguense dos mais supersticiosos, dias antes, já preparava sua camisa, sua bandeira e seu ingresso de arquibancada. Morador de Senador Camará, o velho torcedor, já com seus cinqüenta e nove anos, quase sessenta, não perdia o prazer de assistir aos jogos de seu time do coração. Tudo já estava pronto. Até a oração de São Benedito tinha que estar em local apropriado – dentro do bolso esquerdo de sua calça de tergal preta; nem muito ao fundo, nem muito superficial. Estratégia infalível, dizia o Seu Julinho, contra qualquer esquema tático.
Seu Julinho, devido às várias décadas vividas, sabia de muitas histórias dentro e fora de campo. Cada adversário do seu time, se já o houvesse enfrentado antes, sabia de cor e salteado todos os detalhes do último confronto; quantos gols marcados, quem os marcou, a pontuação na tabela, até o número exato de cartões sabia de cor. Memória espetacular. Os amigos o admiravam muito. Mesa redonda que se preze não podia ser sem a presença do Seu Julinho. Esperava-o, lá, o vascaíno, o flamenguista, o tricolor, o americano, até torcedor do Bangu tinha representante no bate-papo da praçinha do bairro. Agora, Seu Julinho de Menezes se preparava para mais um clássico no Maraca; a decisão da Taça Guanabara.
As eleições de domingo anteciparam a rodada dos campeonatos do fim de semana em todos os Estados do Brasil. A democracia iria ser exercida nas eleições para Governador do Estado. No Rio de janeiro, segundo as pesquisas, dois candidatos estavam empatados tecnicamente; um era o Antero Carlos, candidato de direita, filho de um político de longa data, declarado flamenguista desde a infância, o outro era o Delfim Cardoso, candidato de esquerda, com larga experiência em mandatos políticos, era tricolor doente. Se não houvesse a antecipação dos jogos do fim de semana para o sábado, e a maçada da propaganda eleitoral gratuita, muita gente nem lembraria das eleições de domingo. Seu Julinho pensava também assim. ‘Mas que absurdo! Decisão da Taça Guanabara num sábado’ – dizia pra si o velho Julinho, quando o Arnaldo, barbeiro do bairro, fazia a sua barba.
E chegou o grande dia! Das eleições? Claro que não. Do jogo! O jogo estava previsto para as dezessete horas, já as treze Seu Julinho se preparava pra sair de casa. Fez uma conferência em todos os detalhes antes de sair: A calça meticulosamente passada, já com a oração de São Benedito no bolso, estava perfeita; a camisa, símbolo maior de paixão pelo time do coração, estava maravilhosa, as cores, preta e branca, estavam bem vivas. A bandeira, pronta para ser desfraldada. O ingresso de arquibancada dentro da carteira recebia mais atenção. O velho rádio de pilha, com pilhas novas, já sintonizado na rádio Tupi. Era a espera pela voz poderosa de Jorge Curi. Tudo pronto, e lá partiu Seu Julinho para a estação de trem de Senador Camará.
Já na estação, após passagem pelo buraco do muro, seu Julinho aguardava ansioso o trem parador que viria de Santa Cruz. Após a demora de alguns minutos angustiantes, o trem surgiu no horizonte. Estava muito cheio. Os vários torcedores de agremiações diferentes se misturavam em busca de um lugar mais cômodo dentro da composição, numa confusão de cores, estaturas e comportamentos. E lá embarcou o Seu Julinho, com destino final à estação de Derby Club.
Ao subir a rampa do maior estádio de futebol do mundo, a emoção tomou conta do coração do velho botafoguense. Não era a primeira, nem seria a última vez que pisava no Maracanã, mas estava ali, como se as outras vezes fossem a complementação daquele dia, eternas emoções que só o futebol é capaz de proporcionar ao espírito do brasileiro.
Maracanã lotado, mais de oitenta mil pagantes prestigiavam o clássico vovô. A guerra de bandeiras das torcidas fantasiava ainda mais o espetáculo. O jogo começa e termina. O coração acelera e desacelera. O sol nasce e se põe. O espetáculo acaba e o gosto de vitória dos vencedores dura eternamente no inconsciente. Já para os perdedores, mais alguns minutos de gozações e lamentações. A vida prossegue com o sabor das vitórias guardadas sabe lá onde, e o gosto amargo da perda que dura pouco, até o próximo desafio.
Seu Julinho, como milhares de torcedores do botafogo, sente a sensação da derrota. Não foi o campeão da Taça Guanabara. A tristeza durante a semana será característica do experiente e tão inexperiente torcedor. O trem lotado da volta o angustiou ainda mais. Pensou no precário sistema de transportes do Rio, mas logo voltou pensamento pro jogo. Como ficaria o Botafogo?
No outro dia, Seu Julinho acordou tarde. Desanimado. Cansado. Não lembrou que era dia de eleições. Depois de lembrado, não tinha ânimo de sair de casa; era gozação certa. Como podia optar em votar ou não, resolveu não fazê-lo.
Os jornais de segunda-feira anunciavam que o candidato Antero Carlos vencera as eleições com ampla vantagem. O número de votos brancos e nulos excedia por mil o número de pagantes no clássico no Maracanã.



(Silfra Doval, Taubaté, 17 de julho de 2005).

sábado, 9 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: O Poder Corrompe

O historiador inglês Lord John Acton ficou muito conhecido, no século XIX, por uma frase a respeito do poder. Assim disse, “o poder tende a corromper; o poder absoluto corrompe de maneira absoluta. Os grandes homens quase sempre são homens maus”. Mas, devido a uma deturpação do verdadeiro sentido de sua famosa frase, já ouvimos algo assim, “o poder corrompe, portanto, o poder absoluto corrompe de maneira absoluta”.
Buscando melhor entender as duas construções, percebemos que o poder não corrompe, mas apenas o poder absoluto, ou melhor, o poder ilimitado.
Hitler tinha em suas mãos um poder absoluto e fez o que fez. Saddam Hussein também tinha o poder absoluto no Iraque e foi protagonista de vários massacres em seu país. Nos países da América, durante a ditadura, muita gente morreu lutando pela liberdade de expressão, e hoje, vemos a Venezuela à mercê de um ditador, Hugo Chaves e seu odiado ‘chavinismo’, portanto são mais exemplos do uso do poder ilimitado e absoluto.
Mas quando o poder não é absoluto, ou melhor, limitado, nas palavras de Acton, “tende a corromper”, assim o que fará a diferença será o caráter do líder, pois a todo o momento, seus valores e sua ambição serão postos em check. Mas a limitação que é imposta ao poder do rei não é apenas a do seu caráter ou a de seus valores, mas limitações factíveis que vem do modelo inspirado pelo filósofo grego, Charles de Montesquieu.
Hoje, nas principais repúblicas democráticas, o modelo de Montesquieu baseado no equilíbrio dos poderes é o principal ‘freio’ às ambições e caprichos do líder, portanto os três poderes que existem hoje no Brasil – Executivo, Legislativo e Judiciário – têm como atividade míster fiscalizar uns aos outros. É dessa forma que o líder maior da nação não pode agir por sua conta e livre vontade, assim o poder do rei fica limitado.
Aproveitando o assunto, o presidente Lula se envolveu em casos polêmicos antes do pleito eleitoral. Ao ser criticado por sua conduta de cabo eleitoral da candidata Dilma Rousseff, por diversos órgãos da imprensa, o presidente chegou ao ponto de pedir ao TSE que retirasse do site da CBN um artigo de Arnaldo Jabour, contrário à candidata Dilma. Independente se o artigo de Jabour falasse bem ou mal de Dilma Rousseff, em virtude da lei eleitoral, o que ficou marcado em tudo isso foi a limitação a um direto maior, cláusula pétrea de nossa constituição, o direito de imprensa.
Se o presidente Lula foi corrompido pelo poder, isso é outra história, até porque, se já estiver corrompido, dirá que ‘não sabe de nada’, portanto pouco importa, pois vindo de quem vem é compreensível, mas a grande dúvida é, será que os poderes constituídos usam de sua prerrogativa de fiscalização para outros fins, como o político-eleitoral? Taí outro assunto de difícil explicação, mas prefiro ficar com minhas dúvidas, pois qualquer desconfiança poderá tornar as coisas ainda mais sem sentido.
A única coisa que sei é que um governo, composto, em sua maioria, de políticos oriundos de um mesmo partido, que sempre lutou pela democracia e pela liberdade não pode, quando se vê perdendo terreno eleitoral, apelar para o mesmo autoritarismo que antes repudiava. Isso é que eu chamo de falsidade, maucaratismo e de um totalitarismo ainda pior do que antes existia.

(Por Franco Aldo, 09/10/2010, às 14:30Hs)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: A Falta de Praticidade de Nossa Educação

Na revista Veja desta semana, li a coluna do economista Claudio de Moura Castro que trata do assunto educação. O foco de sua coluna diz respeito à falta de praticidade e consistência com a realidade dos conteúdos que são ministrados em sala de aula, principalmente no ensino médio. Segundo ele, são as ‘idéias inertes’ que distorcem o verdadeiro conceito de educação.
O problema da educação no Brasil é assunto bem complexo e fruto de séculos e séculos de descaso, mas um desses problemas que é bem visível hoje em dia e que é perceptível por todos, principalmente pelos alunos, é o porquê de se aprender determinados assuntos que não terão nenhuma praticidade na vida do sujeito. Já escrevi alguma coisa a esse respeito, mas não me lembro de ter postado aqui no Botequim, pois o problema da teoria sem o engajamento prático é uma distorção que faz muito sentido, principalmente para os alunos, que chegam à conclusão que não faz sentido algum se aprofundar em complicadas equações matemáticas ou nas terríveis fórmulas químicas, e para não citar, os abstratos poemas e obras literárias, se tudo isso não tiver um sentido prático em suas vidas. É um dos problemas de nossa educação, a meu ver, que pode ser solucionado em curto prazo, mas, como tudo que envolve educação, terá seus reflexos no futuro.
A coluna trata de um assunto que não é novidade pra ninguém, principalmente para os dirigentes de nossa educação. Se for tão importante assim para um garoto do ensino médio saber profundamente equações matemáticas, que faça um curso em especialização no assunto, mas obrigar a todos a engolir teorias que serão, um dia depois da última aula, esquecidas para sempre, é muita covardia.
Além de tudo isso, temos o problema da abordagem incompleta desses assuntos, isto é, além de ter que aprender coisas sem sentido para o dia-a-dia, o assunto é mal ministrado e muitas vezes incompleto. Segundo Claudio Castro, solto, ‘perdido no espaço sideral’.
Portanto, teoria sem praticidade é quase igual ao sentido da fé. Você estuda e acredita, mas não vê nada de consistente no seu mundo real. Você pode saber de tudo do passado de uma civilização, mas se seus estudos não forem contextualizados com o presente, com a vida, qual o sentido de se estudar coisas que há muito tempo foram esquecidas?
Para finalizar, nas palavras de Claudio Moura, ‘A educação só tem um assunto: a vida. Só devemos voltar ao passado se for para iluminar questões presentes. Estudamos teorias porque nos ajudam a entender o mundo. Mas, se o aprendido não permite lidar melhor com o aqui e agora, por que perder tempo, se há tantos assuntos palpitantes? Só para poucos adianta estudar equações quadráticas, no abstrato, apenas para desenvolver a capacidade analítica. Educação é estudar a vida, e não se pode adiar a vida até que os talentos analíticos estejam adestrados. Se não há problemas reais para acompanhar o seu aprendizado, que sejam tais equações banidas do currículo da maioria dos alunos – e o mesmo para quaisquer outros assuntos.’

(Por Franco Aldo, 08/10/2010, às 10:30hs)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Espaço Literatura: Mario Vargas Llosa, Prêmio Nobel de Literatura 2010

Mario Vargas Llosa ganha prêmio Nobel de Literatura
Escritor peruano receberá R$ 2,7 milhões da Academia Sueca e virá ao Brasil na próxima semana, para um evento em Porto Alegre

O escritor peruano Mario Vargas Llosa, 74 anos, é o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2010, anunciou hoje a Academia Sueca. Llosa é autor de best-sellers como "Pantaleão e as Visitadoras", "A Festa do Bode" e "A Casa Verde", e foi o vencedor do Prêmio Cervantes, o mais importante da literatura em língua espanhola, em 1994. É o primeiro escritor latino-americano a ganhar o Nobel de Literatura desde o mexicano Octavio Paz, em 1990. Sua obra já foi traduzida em mais de 20 línguas. "Travessuras da Menina Má" é seu último trabalho, lançado em 2006, disponível no Brasil pela editora Alfaguara.
Segundo comunicado, Vargas Llosa recebeu o prêmio "por sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual". Peter Englund, presidente do comitê de literatura do Nobel, disse que o escritor ficou "muito comovido e entusiasmado" ao saber da escolha. "Ele é um autor excepcional, e um dos grandes escritores do mundo de língua espanhola", disse Englund. "É uma das pessoas que estavam por trás do boom literário na América Latina nos anos 60 e 70, e continua trabalhando e crescendo."
Em entrevista a uma rádio colombiana, Vargas Llosa afirmou que este é um reconhecimento da literatura da América Latina. "Não pensava que sequer estava entre os candidatos", disse o escritor em Nova York, na primeira reação após receber a notícia do prêmio. "Pensava que era uma brincadeira. Tenho vontade de ir caminhar porque estou meio perplexo." De fato, ele nem aparecia entre os possíveis ganhadores nas listas das tradicionais casas de apostas britânicas, que acreditavam na campanha do poeta sueco Tomas Transtomer. "Acredito que é um reconhecimento à literatura latinoa-mericana e à literatura em língua espanhola, e isto sim deve alegrar a todos", acrescentou ele.
A vitória do Nobel vem acompanhada de uma soma em dinheiro no valor de R$ 2,7 milhões. Em 2009, o prêmio foi dado à escritora alemã Herta Müller, 12ª mulher a vencer o Nobel de Literatura. Em 2008 foi a vez de Jean-Marie Gustave Le Clézio e em 2007, Doris Lessing.

Material autobiográfico

Em mais de 30 romances, peças e ensaios, Vargas Llosa desenvolveu sua técnica de contar histórias a partir de vários pontos de vista, às vezes separados no tempo e espaço. Seu trabalho permeia os gêneros e o consolidou como uma das figuras cruciais do "boom" literário latino-americano dos anos 60.
Muitas de suas obras têm componentes autobiográficos. Seu aclamado romance de estreia, "A Cidade e os Cachorros" (1962), era inspirado na sua adolescência em uma academia militar de Lima. Em "O Peixe na Água" (1993), relatou sua experiência como candidato a presidente. "O trabalho de um autor é alimentado por sua própria experiência e, com os anos, se torna mais rico", disse Vargas Llosa em entrevista à Reuters em Madri, em 2001.
De fato, a escrita de Vargas Llosa cresceu junto com sua experiência. Ele continuou experimentando com a forma, a perspectiva e os temas. Um dos seus romances mais recentes, "Travessuras da Menina Má" (2006), foi sua primeira incursão por uma história de amor, e foi muito elogiado.
Ao longo de sua carreira, Llosa recebeu inúmeros prêmios e condecorações como o Prêmio Rómulo Gallegos (1967), o Prêmio Nacional de Novela do Peru em 1967, por seu romance "A Casa Verde", o Prêmio Príncipe das Astúrias de Letras, da Espanha (1986) e o Prêmio da Paz de Autores da Alemanha, concedido na Feira do Livro de Frankfurt (1997). Em 1993, recebeu o Prêmio Planeta por seu romance "Lituma nos Andes". Foi condecorado pelo governo francês com uma medalha de honra en 1985.

Carreira política

Nascido numa família de classe média em Arequipa, em 28 de março de 1936, Vargas Llosa viveu na Bolívia e em Lima antes de ir estudar literatura na Espanha. Sua obra já foi traduzida em mais de 20 línguas. De origem esquerdista, na década de 1970 rompeu com o regime comunista cubano, para desgosto de muitos de seus companheiros do mundo literário, e se tornou um conservador. Alguns nunca o perdoaram por sua guinada à direita, que fez o escritor defender apaixonadamente uma mistura de livre-mercado com liberalismo social, com profissão de fé na democracia e ódio por regimes autoritários.
Um dos escritores mais respeitados no continente sul-americano, concorreu à presidência do Peru em 1990, sem sucesso. Também é famosa a vez no México, em 1976, em que deu um soco no rosto do colombiano Gabriel García Márquez, agora seu colega entre os premiados do Nobel, justamente o último sul-americano a ganhar o prêmio. Logo depois do anúncio da Academia Sueca, García Márquez escreveu no Twitter: "estamos quites".
Depois da derrota na eleição de 1990, o escritor se mudou para a Espanha, onde adquiriu cidadania. "Na verdade, nunca tive uma carreira política", disse ele. "Participei da política sob circunstâncias muito especiais (...) e sempre disse que, ganhando ou perdendo as eleições, eu voltaria ao meu trabalho literário e intelectual, e não para a política."
Vargas Llosa leciona na Universidade de Princeton, em Nova York, e virá ao Brasil na próxima quinta-feira (14) para participar do evento Fronteiras do Pensamento, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Sobre suas aulas, afirma: "Sou basicamente um escritor, não professor, mas gosto de lecionar por causa dos alunos e pela chance de falar a eles sobre boa literatura. Boa literatura não é apenas entretenimento – e é um entretenimento fantástico –, mas também algo que possibilita um entendimento melhor do mundo em que vivemos."
Em nota oficial, o presidente peruano, Alan García, parabenizou o escritor. "Vargas Llosa é um extraordinário criador da linguagem, um grande romancista, um grande dramaturgo que tem incursionado em todos os cantos da criação", afirmou.
Vargas Llosa irá à cerimônia de entrega do Nobel em 10 de dezembro – aniversário da morte de seu fundador, Alfred Nobel –, em Estocolmo, e, de acordo com a tradição, será o encarregado de fazer o discurso em nome de todos os premiados, com exceção do Nobel da Paz, realizado em um ato paralelo, em Oslo.
Nos últimos dias foram divulgados os vencedores nas categorias científicas, começando pelo de Medicina, na segunda-feira, para o britânico Robert G. Edwards; o de Física, dividido pelos russos Andre Geim e Konstantin Novoselov, e o de Química, para o americano Richard Heck e os japoneses Ei-ichi Negishi e Akira Suzuki. A rodada de anúncios se encerra na próxima segunda-feira, quando será comunicado o vencedor de Economia.
Conheça as principais obras de Mario Vargas Llosa:

Ficção

"Os Chefes" (1959)
"A Cidade e os Cachorros" (1963)
"A Casa Verde" (1966)
"Conversa na Catedral" (1969)
"Pantaleão e as Visitadoras" (1973)
"Tia Júlia e o Escrevinhador" (1977)
"A Guerra do Fim do Mundo" (1981)
"Historia de Mayta" (1984)
"Quem Matou Palomino Molero?" (1986)
"O Falador" (1987)
"Elogio da Madrasta" (1988)
"Lituma nos Andes" (1993)
"Os Cadernos de Dom Rigoberto" (1997)
"A Festa do Bode" (2000)
"O Paraíso na Outra Esquina" (2003)
"Travessuras da Menina Má" (2006)

Teatro

"A Menina de Tacna" (1981)
"Kathie e o Hipopótamo" (1983)
"La Chunga" (1986)
"El Loco de los Balcones" (1993)
"Olhos Bonitos, Quadros Feios" (1996)

Ensaios

"García Márquez: historia de un deicidio" (1971)
"Historia secreta de una novela" (1971)
"La orgía perpetua: Flaubert y Madame Bovary" (1975)
"Contra viento y marea. Volúmen I" (1962-1982) (1983)
"Contra viento y marea. Volumen II" (1972-1983) (1986)
"La verdad de las mentiras: Ensayos sobre la novela moderna" (1990)
"Contra viento y marea. Volumen III" (1964-1988) (1990)
"Carta de batalla por Tirant lo Blanc" (1991)
"Desafíos a la libertad" (1994)
"La utopía arcaica. José María Arguedas y las ficciones del indigenismo" (1996)
"Cartas a un novelista" (1997)
"El lenguaje de la pasión" (2001)
"La tentación de lo imposible" (2004)


(Por iG São Paulo com agências | 07/10/2010 08:22)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: A Saída de Zico e a Crise Política no Flamengo

Hoje eu quero falar do Flamengo, aliás, da confusa saída de Zico. Ontem, a atração do programa Bate-Bola, da ESPN-Brasil, foi a presença do ex-diretor de futebol do Flamengo, Zico. O galinho foi entrevistado pelos comentaristas esportivos do programa, Mauro Cézar Pereira, Paulo Vinícius Coelho e Lúcio de Castro. Foram 2 horas dedicadas às explicações dos motivos que levaram Zico a deixar prematuramente o comando de futebol do clube. Além de se explicar do porquê de sua saída, Zico também falou da política agressiva que arrasa o clube. Segundo ele, a presidenta, Patrícia Amorim, limitou o seu trabalho e quando sua empresa (CFZ), comandada pelos seus filhos, foi acusada de lesar as finanças do Flamengo, não pode se defender, muito menos se explicar. Segundo Zico, isso foi o motivo maior de sua saída. Já quanto às acusações, o galinho está processando criminalmente o capitão Léo e outros dirigentes. Disse que ‘quem acusa tem que provar’.
O galinho também falou de seu possível interesse em concorrer à presidência do Flamengo, cargo, aliás, bem mais compatível com a importância e o caráter do craque.
Zico é um ídolo nato. Não e apenas ídolo do Flamengo, mas de muitos torcedores de todo o Brasil, sejam eles vascaínos, tricolores, botafoguenses, corinthianos, são paulinos. Quem não gostaria de ter tido um jogador como Zico defendendo as cores de seu clube? Pois é, como jogador e, até hoje, como pessoa, Zico já mostrou que seus valores e seu caráter estão acima de tudo. Durante o programa, foi perceptível uma ponta de mágoa no craque quanto à confusão de sua saída, pois deixar o clube amado pelas portas dos fundos, para um ídolo como ele, deve ser frustrante, mas mesmo assim, segundo ele, ‘o Flamengo está acima de tudo’. Quem não ficaria chateado?
Perguntaram, inocentemente, não me lembro bem quem foi, se não era cedo para ‘abandonar o barco’?. Zico, na ponta da língua, disse:

- Eu não abandonei o barco, fui chutado do barco. Eu não me sentia o comandante. Queria ir me defender das acusações, mas ela insistiu “não vai lá, não vai lá, deixa que eu resolvo”. Depois fiquei sabendo que ela fez uma reunião (terça-feira, com Leonardo Ribeiro) e levou o diretor da base (Carlos Noval). Quem tinha que ir era eu. As acusações eram contra mim e os meus filhos. Como ia continuar assim? Perde-se a confiança. Eu não tinha mais condição, me jogaram do barco, me alijaram.

O fato é que problemas como o de Zico (políticos) são as causas do mau desempenho do Flamengo no campeonato brasileiro. A presidenta Patrícia Amorim, nesse episódio, já demonstrou que não tem tanto comando assim no clube, portanto uma queda para a segunda divisão, talvez, não seja tão ruim, pois poderá ser o estopim de uma profunda reformulação da política do clube. Uma reformulação para melhor.
Agora, a diretoria aposta na competência de Vanderlei Luxemburgo para salvar a pátria. O mais curioso é que o Luxa fez um pífio trabalho no Atlético Mineiro e terá, na Gávea, a mesma autonomia que tinha no clube mineiro, será uma espécie de gerente-técnico. Portanto, contratação bem curiosa.
Espero que Vanderlei consiga salvar o clube do rebaixamento neste ano, pois se não conseguir, ficará feio para ele (treinador), pois o clube, enquanto não se imunizar contra a sua política maléfica, continuará correndo risco de ter a sua imagem jogada na lama, isto é, se não for desta vez, será na próxima. Se não for dado um basta, não tardará.

(Por Franco Aldo, 06/10/2010, às 13:30Hs)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: A Obrigatoriedade do Ato de Votar

Aproveitando, ainda, o clima das eleições, já postei aqui no blog o meu pensamento a respeito da obrigatoriedade do voto. Fui bem enfático, sou contra a obrigatoriedade do ato de votar.
Nesses últimos dias que antecederam as eleições, discuti o assunto com um amigo que insinuou que eu sou contra a democracia. Ele disse que a sociedade lutou muito para conseguir o sagrado direito de votar, muita gente foi presa e faleceu por essa causa. Foi aí que percebi que meu amigo não estava entendendo mesmo a minha posição.
Existem duas coisas em jogo que parecem ser a mesma coisa, mas não são. O primeiro é o direito de votar, historicamente conquistado. O outro lado é não ser obrigado a votar, um direito individual e consciente. O fato de termos conquistado o direito do voto não significa que seremos obrigados a votar. E isso é a verdadeira democracia. Votar consciente e com vontade.
Na época das ‘diretas já’, um discurso como o meu suscitaria pancadaria e até coisas mais graves. É claro que todo movimento não parte do povo, mas de um segmento da sociedade interessado seja no poder, seja em uma fatia do poder. Foi o caso do movimento das diretas. Talvez, uma pequena parcela do povão estivesse realmente interessada em tudo isso, mas a maioria estava mais preocupada com seu trabalho ou lazer do que a ficar discutindo e brigando por algo muitas vezes desconhecido, pra não dizer desinteressante. Portanto, muita gente foi movida inconscientemente pela propaganda da democracia, sem saber ao menos o seu real significado e a importância do poder que estavam conferindo em suas mãos.
Sou plenamente a favor da democracia, mas da democracia plena e verdadeira. Se a sociedade conseguiu o direito de votar, devemos também ter o direito de não votar quando quisermos, pois a obrigatoriedade do voto, muitas vezes, tem como escopo iludir aqueles que vivem à margem da realidade, longe dos verdadeiros problemas sociais e políticos. São os eleitores que votam sem saber por que e para quê. São aqueles que conscientemente – dentro de sua inconsciente realidade – jogam no lixo o seu poder maior. Mas mesmo assim, tudo isso faz parte da democracia.
O meu argumento principal contra a obrigatoriedade do voto é que muita gente – peças de manipulação – deixaria de votar, estabelecendo uma espécie de filtro. É claro que os problemas do mau uso do voto não acabariam, mas pelo menos, poderia ser um fator de motivação política e social, isto é, separar os interessados pelos desígnios do país daqueles que são indiferentes. Isso é democracia!
Até hoje o meu amigo não me entendeu, talvez, porque a propaganda da antiga democracia estabelecida seja ainda muito forte, pra não dizer a única.
Tenho certeza de que muita gente aprovaria a idéia da não obrigatoriedade do voto, como também, tenho certeza que muita gente não aceitaria. Tenho também a certeza de que se o voto não fosse obrigatório, muita gente deixaria de votar em Tiririca, pois trocar um dia de domingo em casa, sem enfrentar fila, regado a churrasco e cerveja, seria muito mais prazeroso do que eleger um palhaço, suspeito de ser analfabeto, para tratar das coisas sérias deste país.

(Por Franco Aldo, 05/10/2010, às 11:40hs)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Espaço Curtas: Romário, Maluf e Paul McCartney

Curtas 1: Romário será um dos representantes do povo do Rio de Janeiro na Câmara dos Deputados, em Brasília. O baixinho foi eleito Deputado Federal, pelo PSB. ‘Malandro e precisando de uma grana extra’, o craque aliou a sua fama com a ignorância eleitoral e política do brasileiro e assim conseguiu a sua vaga. Aliás, aqui no Brasil, os oportunistas não precisam ir muito longe para se dar bem, basta ser famoso ou miliciano que no fim tudo dá certo.
Agora, cá pra nós, só é difícil imaginar o que Romário defenderá por lá, e se for da mesma forma que era durante os ‘treinos’ em seus clubes, acho que o baixinho será visto poucas vezes no Congresso.
Romário é o cara, mas apenas com a bola no pé. Para a função de deputado federal tem que existir algo a mais, como história política e principalmente valores morais.

Curtas 2: A corrida pelas mamatas ainda não terminou, em São Paulo, Paulo Maluf, do PP, obteve 497 mil votos, mas a justiça ainda julgará os recursos do candidato, pois a candidatura de Maluf foi barrada pelo TRE-SP em virtude da Lei da Ficha Limpa. Vocês acreditam que Maluf ficará de fora? Nem eu.
Acho injusto Maluf, Garotinho e Barbalho ficarem de fora da mamata legislativa, eles fazem história. São presos em escândalos e encenam inocência como atores de Hollywood. Mas, o mais interessante é que tem gente que acredita! Agora com o reforço de Tiririca as coisas vão ficar bem. Deus tenha piedade de nossa ignorância.

Curtas 3: Paul MacCartney fará apresentações no Brasil, no dia 7 de novembro, em Porto Alegre, e no dia 21, em São Paulo. A última vez que o ex-beatle esteve no Brasil foi em 1993, com apresentações em São Paulo e em Curitiba.
Portanto será mais uma oportunidade de se conferir de perto essa lenda da música mundial. Um ótimo programa. Agora é só aguardar a venda dos ingressos, mas não adianta reclamar do preço, a entrada será salgada.

(Por Franco Aldo, 04/10/2010, às 20:00Hs)

Espaço Ponto de Vista: O Resultado de Nossa Democracia

Após a festa da democracia brasileira, neste último domingo, Rio de Janeiro e São Paulo se destacaram ao elegerem ao cargo de Deputado Federal, respectivamente, Antony Garotinho, do PR, e o Palhaço Tiririca, também do PR. Garotinho foi eleito Deputado Federal com 8,7% dos votos, enquanto Tiririca foi eleito com 6,4%.
O povo mais uma vez mostrou que entende de política ao elegerem essas duas figuras para a Câmara dos Deputados. Um, já é macaco velho em questões de vitimização de sua imagem, isto é, é melhor ser santo do que ladrão... Já fez até greve de fome quando foi acusado de desvios de dinheiro público, junto com sua mulher. Mas Garotinho tem apoio dos Evangélicos e, talvez, isso tudo seja perseguição dos homens-maus ao novo redentor...
Já Tiririca vem consagrar a imagem do Legislativo brasileiro. É o símbolo maior de nosso analfabetismo político, portanto é a cara do Brasil e da democracia brasileira. Depois é melhor acreditar que os escândalos no Congresso são pura invenção da oposição.
No fundo acho que o que existe para a massa e para os seus imorais representantes é a oportunidade inconsciente de se dar bem. O pensamento é mais ou menos assim, ‘se eu não posso estar lá para me apossar do que é público, o meu candidato fará isso muito bem’. É claro que eu não estou afirmando que Garotinho e Tiririca agirão dessa forma, mas os dois farão de tudo no Congresso, menos o que importa, as coisas sérias e comunitárias.
Além de Garotinho, Romário também representará o povo do Rio no Congresso Nacional, por sinal acho que foi também uma boa escolha, pois a sua personalidade tem tudo a ver com a atmosfera do descaso e da malandragem exarcebada, uma espécie exagerada de estereótipo carioca. Romário já mostrou que foi um craque de bola, mas talvez o seu caráter e seus valores não sejam lá essas coisas, e só dar uma olhadinha nos principais jornais do país nos últimos anos, principalmente nas páginas policiais.
De qualquer forma, levando-se em conta esses pequenos exemplos, acho que o Brasil está bem entregue. Não adianta espernearmos com essas coisas, pois é o resultado da democracia. Isso é democracia. Por isso temos que aprender, com nossos erros, a não jogar no lixo gestos tão simples como apertar o botão da urna eletrônica, mas que tem gravidades e reflexos incalculáveis por várias décadas, talvez séculos.

(Por Franco Aldo, 04/10/2010, às 11:38hs)

sábado, 2 de outubro de 2010

Espaço Conto: Dia de Soldado

Desde menino, Severino da Silva sonhava em ser um grandão no exército, como dizia sua simples e amada mãe. Nos tempos de roça, quando trabalhava com seu pai, de enxada na mão, nas plantações de aipim, batata e feijão, admirava aqueles que conseguiam usar farda. Não sabia ao certo a hierarquia do exército. Raramente quando ia ao centro da pequena cidadezinha de Mocó do Sul, bastava uma farda qualquer pra imaginar qual o posto sustentava aquela garbosa autoridade. Pensava, às vezes,... “Aquele lá deve ser um sargento”... ou “Aquele outro um danado dum Cabo”, quando aparentava ser de mais idade, arriscava um posto de coronel ou então de um capitão dos mais bravos.
Severino sonhava em ser soldado. Imaginava o que diria Rosinha ao vê-lo todo de verde, de peito estufado, de farda limpa e passada, de rosto barbeado, os cabelos cortados e penteados. Nada lembraria o capiau maltrapilho, de calças remendadas, o chapéu de palha velho e sujo, os cabelos grandes e sebosos. Seria outro homem, íntegro, educado, forte, limpo, defensor da bandeira de seu país, sabedor de tudo o que era arma. Seria um danado, um exemplo para a sua família. Seu pai concordava com o sonho do filho. Achava que todo homem moço deveria ser soldado, aprender a matar e a se defender. Achava, também, que a vida na roça não traria futuro pro filho, queria vê-lo progredir na vida. E foi assim mesmo que aconteceu...
Severino saiu de casa, muito jovem, antes mesmo de completar seus dezoito anos, foi pra cidade estudar. Em Mocotó do Sul, passou a viver em um pobre cortiço, junto com outros colegas de quarto. Alguns de seus amigos tinham o mesmo sonho de Severino, seguir carreira nas Forças Armadas.
Foi assim que o humilde Severino terminou seus estudos – diga-se de passagem, com muito boas notas – e aos dezoitos anos, se alistou num quartel de Infantaria do Exército. Depois de duas semanas na caserna, Severino recebeu a sua primeira muda de farda. Estava orgulhoso e resolveu que na primeira folga dos recrutas iria pra sua casa fardado. Foi uma festa na fazenda de seu Sebastião. O pai orgulhoso e contente mandou matar um porco dos mais roliços pra festejar a chegada do filho importante. Dizia ingenuamente aos seus amigos de roça: “Zefinho é um danado, mal entrou pro quartel, já é recruta!”. A chegada não poderia ter sido mais triunfal, Severino todo penteado, limpo, barba feita e com aquela farda de respeito foi cercado por todos e foi recebido com muitos abraços e beijos. A festa foi longa e rolou pela noite adentro...
Naquela mesma noite, Severino desejava se encontrar com Rosinha, seu grande amor, mas qual foi seu desapontamento ao saber que a cabrocha estava prenha de um matuto sem futuro, chamado Florêncio. A dor foi grande, mas logo deixou de lado a rapariga desafortunada.
Depois de um ano na caserna, Severino já tinha se especializado nos melhores cursos técnicos de Mocó do Sul. Era datilógrafo, sabia muita coisa de eletricidade, e também, entendia de manutenção de automóveis. Aguardava ansioso a promoção de cabo, mas começou a perceber que as coisas não eram tão simples assim. O Mesquita, um soldado relaxado e sem futuro, tinha sido promovido a cabo na sua frente. O Ramos, soldado brabo e brigão, também tinha sido promovido– alguns diziam que sua irmã era o prato predileto de um tenente raquítico que comandava o 2º Pelotão. Pra piorar a história toda, o sargento Freitas – braço direito de seu comandante – não gostava de Severino. Severino desconhecia os motivos, mas suspeitava que fosse algo pessoal. Ele, então, foi percebendo que dentro de um quartel você só vale as divisas que sustenta. Nada mais...
Passaram-se três anos e Severino já era um dos soldados mais antigos de seu Pelotão. O desgosto e a desilusão já tinham tomado todo o seu espírito. E a promoção? Sabia que enquanto não tivesse nada pra oferecer a algum xibungo, não conseguiria a divisa de cabo. Já não era aquele soldado exemplar, já não cumpria com esmero suas atribuições. Mas nunca deixara falta, sua educação moral não permitia esse tipo de comportamento.
Com a desilusão da caserna, Severino começou a sentir saudades de sua terra, de sua pequena fazenda. Percebeu que seu mundo nunca fora aquele, mundo hostil, injusto. Seu mundo era o mundo da roça, dos bois, da luz da lamparina, das necessidades no mato, da mula jurema, da pinga pro batismo de homem, dos banhos nos rios, da palavra falada. Isso não existia no exército e muito menos na cidade de Mocó do Sul, que apesar de pequena, já possuía ritmo de cidade grande. O que existia ali era a falsidade e a falta de valores morais; valores imprescindíveis na construção de um país forte e soberano. Mesmo até em momentos como o hasteamento da bandeira – evento dos mais nobres de uma corporação –, flagrou momentos de estado de espírito sem nenhum sentido: Os soldados na posição de sentido e apresentando armas (posição sublime, garbosa, respeitadora ao símbolo maior de uma nação, a bandeira) mantinham-se nessa posição sem nenhuma convicção nos seus olhos, um fingimento dos mais descarados, um gesto sem sentido e sem valor. Percebeu essa prática até em oficiais. Encenações de atores medíocres diante de uma platéia, e como mercenários no fundo de si mesmos. Antes mesmo que Severino também caísse naquela atmosfera inconsciente, sem sentido algum, antes mesmo que se acostumasse a trair a Pátria amada, resolveu pedir baixa. Nunca mais usar farda. Seus valores estavam se corrompendo naquela atmosfera mesquinha e oportunista.
Apesar de tudo, alguma coisa a vida na caserna tinha ensinado a Severino. Aprendeu que usar farda não significava patriotismo, muito menos amor à Pátria. Aprendeu que os seus valores de família eram muito mais superiores que qualquer outro. Aprendeu que poderia contribuir para o engrandecimento do seu país de outra maneira; cultuando os seus valores, transmitindo para os seus filhos as lições aprendidas. Convenceu-se ainda mais a respeitar a opinião dos outros sem julgar pelas aparências, muito menos pelo posto ou graduação.
Severino agora estava livre e feliz. Voltou pra casa realizado, pois o exército tinha lhe ensinado muitas coisas.
Depois de abraçar o pai, pegou uma velha enxada num canto da parede e seguiu em direção à roça de feijão. Não queria perder mais tempo algum.

(Por Silfra Doval)

Espaço Curtas: Turbulência, Bota X Fla e Último Debate

Curtas 1: Foram raras as vezes em que pousei no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. Mas ontem, ao chegar de Mato Grosso, passei por maus momentos antes do pouso na cidade maravilhosa. O mau tempo fez com que o avião enfrentasse turbulências assustadoras. Foram minutos de muito mal-estar e expectativa, pois o avião sacolejou tanto que o sobe-e-desce deixaria a pior montanha russa do país no chinelo. Foi um terror. Muita gente passou mal e quando a aeronave pousou, ouviram-se aplausos e suspiros de alívio. É claro que a situação seria a mesma caso o avião fosse pousar no Aeroporto do Galeão, pois toda a cidade está envolta de uma frente fria que já dura alguns dias, mas o certo é que dessa eu me livrei!

Curtas 2: Hoje teremos um grande jogo no Stadium Rio (Engenhão). De um lado o Botafogo, que precisa vencer para continuar no sonho da Libertadores, e de outro o Flamengo, que está em crise tanto dentro de campo, como fora dele, pois, ontem, foi anunciado a saída do diretor-executivo e ídolo do clube, Zico. Portanto, caso o Botafogo vença a partida, a queda do técnico Silas será inevitável. Já para o Flamengo, só a vitória interessa.

Curtas 3: Assisti, na última quinta-feira, ao último debate dos presidenciáveis e pude, mais uma vez, constatar a desenvoltura da candidata Marina Silva, por sinal muito segura.
Já a candidata do PT, Dilma Rousseff, mostrou-se, como nos outros debates, insegura e evasiva. Será essa candidata, como nos mostram as pesquisas, a Presidente (a) do Brasil??
O desempenho do candidato do PSDB, José Serra, foi o mesmo das outras vezes; muita promessa para o futuro e muita propaganda do que já fez. Pena que muita coisa que foi dita por José Serra foi desmentida por seus adversários, principalmente por Marina Silva.
O Doutor Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, com pouco mais de 1 (um) % das intenções de voto, foi a atração do debate. O candidato à Presidência da República bombardeou todos os seus adversários, principalmente Dilma Rousseff. Sem ter muita coisa a perder, Plínio refutou todas as promessas de seus adversários e enfocou a falta de fiscalização e controle dos gastos públicos. Segundo o candidato, ‘melhorar não significa resolver o problema..’