Sejam Bem-Vindos!

O Botequim é um espaço democrático e opinativo sobre os mais diversos assuntos, envolvendo a sociedade brasileira e o mundo.

Sejam Bem-vindos!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Van Halen anuncia novo álbum e turnê com Dave Lee Roth

A banda norte-americana de hard rock Van Halen anunciou nesta segunda-feira em seu site que fará uma turnê em 2012. Os ingressos começam a ser vendidos a partir do dia 10 de janeiro, mas não foram divulgadas as informações sobre locais e datas da excursão.
Além da turnê, o Van Halen irá lançar um álbum de inéditas. O disco, que foi produzido por John Shanks, marcará o retorno do vocalista Dave Lee Roth, depois de 28 anos sem gravar com a banda.
O novo álbum vai ser o primeiro disco em estúdio desde de 1998, quando foi lançado "Van Halen III", com Gary Cherone como vocalista.
O último disco com a participação de Roth foi "1984", lançado em 1983 e que trazia o hit "Jump" como carro-chefe.
A última turnê da banda --já com Roth de volta ao grupo-- arrecadou US$ 93 milhões (cerca de R$ 162 milhões) em 2008.

(Por Folha.com - 26/12/2011)

Após os festejos do Natal, aguardamos o fim de 2011 na perspectiva de um 2012 cheio de paz e saúde. Mas, enquanto o ano-novo não chega, surge a boa notícia para os amantes do Rock, o lançamento do novo disco do VAN HALEN e o anúncio de sua turnê para 2012.
Além da turnê e do novo álbum de estúdio, o mais bacana é o retorno do vocalista Dave Lee Roth que ficou bem conhecido por todo mundo ao entoar o simgle "JUMP" de 1984, que talvez seja o grande sucesso da banda até hoje.
Vamos, então, torcer para que o Brasil esteja na rota da turnê do VAN HALEN.

(Por Franco Aldo - 26/12/2011 - 17:05hs)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

CONTO: Coisas da Vida




Os sinos da pequena igrejinha batiam missa das sete. O Senhor Carlos Ramos de Souza se prepara junto com sua família de sete filhos para a hora da oração. Seguem como em procissão o caminho de casa rumo à pequena igrejinha recém construída. Dona Emília Ramos de Souza junto com os filhos menores seguem seu Carlos e os filhos mais velhos, Mateus e Joaquim.

A rotina da família, aos domingos, sempre seguia o mesmo ritual. Depois do almoço especial de domingo, seguia a preparação para o período da tarde. Seu Carlos, além de Mateus e Joaquim, tinha também Flavinha de seis, Patrícia de cinco, Ricardo de quatro, José Lourenço de três e o menor Paulo Vítor de dois. Família sempre unida pelos dogmas católicos.

Os anos passaram e aumentaram ainda mais a convivência e os laços com os ideais do catolicismo. Flávia, a Flavinha, já moça feita, linda, de olhos verdes, corpo jeitoso e sensual, arrancava suspiros de todos os mancebos da comunidade. Menina de respeito, devotada, era filha do Senhor Carlos, e isso já dizia tudo. Muitos tentaram conquistar o jovem coração da bela moça. Mas todos falharam.

Flávia, mesmo que quisesse se aventurar num amor sem futuro, sofria as restrições de sua mãe, Dona Emília. Os pais sabiam do tesouro que possuíam, e por isso, adotavam a então fiscalização cabresta. O Marquinho, filho de Nhonhoca, se aventurou por estas bandas, e logo desistiu. Na esperança de alguns minutos com a donzela, viu a árdua tarefa que lhe esperava. Abandonou a idéia de se aproximar da Flavinha. Mas, e a Flavinha? O que sentia diante de tudo isso? Seu coraçãozinho não batia por alguém? Não sentia ímpetos de se libertar de todo aquele controle besta de pais ciumentos? Coisas da criação.

Flavinha moça pulsante, bela, sensual e fogosa. Possuía desejos ardentes, iguais aos das donzelas da novela das oito. Tinha fantasias das mais loucas e incríveis. Sentia um desejo errante de se entregar ao seu priminho Vitor, de quatorze anos; moleque bonito, forte e bobo. Não sabia o que fazer caso possuísse todo aquele símbolo de desejo. Mas tudo não passava de apenas desejos, insinuações, esfrega-esfrega. Coisas de adolescentes; mas a libido de Flávia, até então, presa, contida como um animal enjaulado estava prestes a se libertar.

A vida dos Ramos e Souza seguia seu rumo pacato e religioso.

Antonio Correia, chefe de um grupo de evangelização dentro da comunidade, recém chegado do Amazonas, logo se enturmou com as tradicionais famílias da comunidade. Pai de família, casado com dona Celestina, tinha três filhos.

Antonio Correia era o exemplo de devoção e amor ao próximo. Largou todas as suas aspirações no Amazonas para se dedicar à vida religiosa, à evangelização do mais necessitado. A busca de uma transformação social.

A intimidade com os Ramos e Souza foi inevitável. A amizade, a confiança e os vínculos de fraternidade uniram as famílias como se fossem apenas uma. Almoçavam juntos, rezavam juntos, se divertiam juntos. Juntos, passavam a maior parte das horas.

Dona Celestina, mulher prendada, ensinava receitas caseiras de comidas variadas à Dona Emília. Os filhos de Antonio Correia logo fizeram amizade com os de Carlos Ramos. Não demorou muito a surgir suspeitas de namoro entre os mais sisudos. E assim a vida seguia, seguia...

Muitos apertos as famílias passaram juntas. Certa vez, Flavinha ficou doente. Doente de cama. Sem condições nem de levantar. Antonio Correia, enfermeiro de tempos antigos, tomou conta da situação. Resolveu cuidar especialmente da moça. Com muito carinho, aplicava a injeção indesejada no bumbum redondo de Flavinha. Função que só um membro da família, com espírito puro e respeito, poderia desempenhar sem esperança de gozo, muito menos de proveito.

Outra vez, o mesmo Antonio Correia decidiu esperar o termino das orações, que já se iam pelas onze da noite, para dar carona, em sua charrete, para Dona Emília e sua filha Flavinha.

Os anos se passaram.

Seu Carlos Ramos e Dona Emília envelheciam. Envelheciam felizes em suas convicções de vida, naquilo que acreditavam. Em tudo aquilo que tinham feito e construído. Seus filhos bem criados estavam a caminho de um futuro próspero. Estavam bem adiantados em questões de amor. Mateus, considerado o mais feio dos irmãos, tinha uma cabrinha de estimação que não largava nunca. Dizia Maurício Sapão que o ingênuo animal servia aos anseios libidinosos de Mateus, ato nunca comprovado por ninguém. Cada irmão tinha uma história pra contar. Flavinha, a filha mais velha, devota das confianças de Dona Emília, até então, moça acima de qualquer suspeita. Mesmo quando Noca flagrou-a com um cabo de guarda-chuva dentro de suas vergonhas, não mereceu o descrédito de ninguém, até porque ninguém ficou sabendo. A moiçola, de dezenove anos, estava a ponto de receber marido pra casar. Os pais já matutavam pretendentes para encaminhar de vez a filha fértil.

Dona Emília sofria de pressão alta, senhora já de cinqüenta e um anos. Mulher forte e simples. Tomava chá em sua cadeirinha de balanço, quando recebeu a visita do Senhor Antonio Correia.

Expressão grave e pesada. O irmão evangelizador não trazia boas novas...

Após o desabafo de Antonio Correia, Dona Emília deixou a xícara de chá quente cair sob seu colo. O choque da notícia foi mais forte que a quentura do chá feito na hora.

Antonio Correia deixou a velha senhora estática, olhos fixos, sem palavra. A vida tinha se esvaído de seu corpo. Dona Emília tinha sido assassinada...

Dias depois, Flavinha arrumava sua mala com seus pertences. Na mala iam as lembranças de seus dias felizes na casa de seus pais. No bucho a lembrança infeliz do impulso incontrolado com o homem de outra mulher.

Todos ficaram chocados com a traição de Antonio Correia e de Flávia.

Dona Celestina, envergonhada, pegou os filhos e se mandou para o Amazonas.

Seu Carlos Ramos ainda não compreendeu bem o que se passou, e sempre pergunta a Patrícia o destino da filha mais velha.

Dona Emília, porém, faleceu ontem de manhã por desgosto pela perda da filha.

domingo, 18 de dezembro de 2011

BARCELONA X SANTOS

Assisti ao jogo Santos X Barcelona. E o inveitável aconteceu: mais um passeio do timaço Catalão, 4 X 0 Barça.
Mas pude concluir aquilo que todo mundo já sabia, o Barcelona tem um toque de bola assustador. A posse de bola ficou acima dos 75%. Dessa feita, fica quase impossível o time adversário se impor. O resultado de tudo isso foi o sumiço do Neymar que nada pode fazer, aliás, o Messi é o melhor ...do mundo não é à toa. Sem a companhia de Iniesta, Xavi e Fábregas, acredito que Messi seja apenas um bom jogador, e isso tudo é comprovado nas suas modestas atuações na Seleção Argentina.
Seja como for, é lindo ver o Barcelona jogar. Dá gosto! É como se fosse uma engrenagem, uma máquina perfeita, onde cada jogador é uma peça fundamental, perfeitamente polida para o encaixe minimamente calculado. É raro surgir um time como esse!

sábado, 17 de dezembro de 2011

CARNAVAL DE LUTO

Morre o carnavalesco Joãosinho Trinta, aos 78 anos

O carnavalesco Joãosinho Trinta, 78, morreu neste sábado. Ele estava internado desde o último dia 3 na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do UDI Hospital, em São Luís (MA), cidade onde nasceu. Fiel à máxima de que "Pobre não gosta de pobreza, gosta de luxo", o maranhense foi um dos responsáveis por modernizar o Carnaval do Rio.
Segundo boletim divulgado pelo hospital, a causa da morte foi choque séptico secundário a pneumonia e infecção urinária.
O corpo do carnavalesco será velado nesta tarde no Museu Histórico e Artístico do Maranhão e no domingo à noite, deverá ser levado para o teatro Arthur Azevedo, seguido de cortejo. O enterro está previsto para segunda, no Cemitério do Gavião, às 10h30.
Nascido João Clemente Jorge Trinta, em 1933, o carnavalesco, artista plástico, cenógrafo e bailarino chegou a capital carioca em 1951, aos 18 anos --antes disso trabalhava como escriturário. Cinco anos depois, passou a integrar o Balé do Teatro Municipal do Rio. Amigo do poeta Ferreira Gullar, chegou a dividir um apartamento no Catete com o conterrâneo.
Em 1963 ingressou na Acadêmicos do Salgueiro e ajudou o carnavalesco Arlindo Rodrigues com o enredo "Xica da Silva" (samba-enredo de Anescarzinho do Salgueiro e Noel Rosa de Oliveira). A escola foi campeã.
Criador dos grandes carros alegóricos, só foi "assinar" um desfile como carnavalesco em 1974, também para o Salgueiro.
Membro da equipe de Fernando Pamplona, Trinta ajudou a transformar os desfiles no que são hoje. Perderam espaço os passistas que desfilavam livres no chão, sem carros alegóricos ou fantasias mirabolantes, ao som de sambas sincopados, para dar espaço a espécie de "ópera popular", em que as alas desfilam em blocos seguindo coreografias moldadas à risca para contar o enredo da escola.
Repleta de sucessos, a carreira de Trinta como carnavalesco foi polêmica.
Em 1989, a Beija Flor de Nilópolis, então sob o comando do carnavalesco, foi impedida de levar para o Sambódromo a imagem de um Cristo mendigo dentro do enredo "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia".
Para burlar a proibição e ao mesmo tempo criticar a Igreja, que havia recorrido à Justiça para vetar o uso da imagem, Joãosinho envolveu a estátua em plástico preto, com uma faixa onde se lia "Mesmo proibido, olhai por nós". A escola ficou em segundo lugar --a campeã foi a Imperatriz Leopoldinense-- mas o carnavalesco fez um desfile histórico, lembrado até hoje como um dos mais emocionantes da passarela do samba.
Foram 17 anos na Beija-Flor de Nilópolis e sete na Viradouro, mas no início dos anos 2000 Joãosinho transferiu-se para a Grande Rio.
Em 2004, a escola de samba o demitiu horas antes da apuração oficial, alegando insatisfação com a concepção do enredo "Vamos Vestir a Camisinha, Meu Amor...". Segundo a Grande Rio, a ideia da escola era realizar um desfile para a conscientização do uso da camisinha e do perigo das doenças sexualmente transmissíveis.
No entanto, a concepção do carnavalesco era mais sexualizada, com carros alegóricos que reproduziam imagens do "Kama Sutra" (manual indiano de posições sexuais). Dois carros com cenas de sexo foram encobertos, por recomendação da Promotoria de Infância e Juventude de Duque de Caxias (região metropolitana do Rio). A escola classificou-se em 10º lugar.
Joãosinho se afastou do Carnaval em 2006, depois de ter sofrido dois AVCs (acidente vascular cerebral) e continuado a trabalhar --o primeiro foi em 1997 e o segundo, em 2004.
De tão associado à festa virou tema de documentário, livro e, claro, samba enredo. No filme "A raça síntese de Joãosinho Trinta", lançado em 2009, os autores investigam o processo de criação de um enredo para uma das muitas escolas de samba em que ele trabalhou.
No Rio, atuou na Beija Flor, Viradouro, Rocinha, Grande Rio e Vila Isabel, onde coordenou seu último Carnaval.
Atualmente, Trinta estava no Maranhão trabalhando em projetos da Secretaria da Cultura para a comemoração dos 400 anos de São Luís, em 2012.
Ele planejava um cortejo de 5 mil pessoas, repleto do luxo que o tornou famoso, para contar a trajetória da cidade.

(Por Folha. com – 17/12/2011)

O mundo do carnaval ficou mais triste. A morte de um dos seus grandes mestres, Joãosinho Trinta, foi um duro golpe. Responsável por uma reviravolta fantástica na arte carnavalesca, em 1989, na Beija-Flor de Nilópolis, com o enredo "Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia", Trinta se consagrou no rol da fama dos grandes nomes do carnaval brasileiro. Deve ser lembrado como um dos grandes carnavalescos da arte genuinamente brasileira, o samba. O Brasil está de luto com a perda de seu grande artista.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

REFLEXÃO: Ética e Poder = Papéis e Atores

Recebi de uma grande atriz, Arlete Salles, uma mensagem lembrando que ao classificar como ator um ministro mentiroso, eu ofendia a classe artística. Ela teria razão caso não tivéssemos em mente que as artes foram engendradas pela vida e não o contrário. Como diz Ferreira Gullar: a vida não é suficiente (e por isso precisamos das artes).
A "vida real", com seus papéis (e funções) bem marcados, como o de rei, rainha, bispo, plebeu, pai, mãe, trabalhador, ministro, marido, político, professor, etc..., existe como o "aqui e agora" do qual não podemos escapar. Esse foi o "princípio de realidade" que simultaneamente desenvolveu a dança, a música e toda a dramaturgia que permite ver a vida como ficção: como alguma coisa que permite renascimento, compaixão, redenção e plenitude. No teatro, mente-se quando se representa um papel; mas um ministro mentir, um presidente abusar do seu cargo ou um delegado mandar matar não ocorre num palco onde a peça se repete todo o dia e na qual os mortos (que fingem morrer) voltam a viver porque aquilo não é coisa de verdade, mas de novela. No drama, há um início, um meio e um fim; mas a vida só termina para os mortos: os que deixam o palco definitivamente.
Insisto em falar de atores e papéis para focalizar um tema fundamental da democracia. A velha oposição entre esquerda e direita acabou; a segmentação petista clássica entre nós, os do bem; e eles, os do mal, liquidou-se o mensalão e toda essa mentirada ministerial envolvendo as ONGs como indústria. Hoje, o desafio é superar o muro entre transparência e obscuridade; entre o legal e o moral; entre a ética que enobrece e o poder que brutaliza. Entre o Estado e a sociedade para fazer com que ambos tenham como referência exclusiva o Brasil como um todo, transcendendo vaidades pessoais e escusos interesses partidários.
Estamos fartos de testemunhar picuinhas do poder, motivos do poder, desculpas e blindagens partidárias do poder que secam oceanos de dinheiro e tornam inimputáveis certas pessoas e cargos. O que dizer quando a presidente decide bater de frente com a sua Comissão de Ética?
Queremos uma coletividade integrada e íntegra. Nela, o Estado fala com a sociedade por meio de uma máquina administrativa, guiando-a nos seus projetos e conflitos; mas ele também ouve a sociedade quando ela quer legislações (Ficha Limpa, por exemplo), deseja apurar custos e, acima de tudo, quando ele demanda bom senso.
Queremos que sociedade e Estado estejam submetidos a um mesmo código de ética. Não é mais possível conviver com uma máquina estatal cujas engrenagens e atores estão acima do bem e do mal. Não precisamos de pais e mães, exigimos um governo de presidentes, senadores, deputados, governadores, magistrados, prefeitos, procuradores, policiais, ministros e corregedores responsáveis - conscientes dos seus papéis e enredos.
O Brasil precisa mais de um projeto que integre pessoas e papéis do que de planos mirabolantes e óbvios porque são inexequíveis. Um país rico é, sem dúvida, um país sem pobres e famintos, mas é sobretudo um país no qual as instituições destinadas a liquidar a indigência e a fome trabalhem com afinco e sejam dirigidas por gente honesta.
Estou falando no deserto? De modo nenhum. Numa importante entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo (em 28 de novembro), José Eduardo Martins Cardozo, nosso ministro da Justiça, toca em alguns desses pontos com claridade e veemência, quando se refere - entre outras coisas - a um alegado conluio das corregedorias. O corporativismo que "blinda" e eventualmente produz corrupção nada mais é do que a apropriação pelos atores de papéis que pertencem ao Estado e à sociedade à qual ele deveria servir.
O segredo do bom desempenho de um papel está na consciência dos seus limites. Não se pode "fazer" Júlio César usando um relógio de pulso. O papel não pertence ao ator, mas ao autor e ao drama. Por isso a observação feita pelo ministro Cardozo segundo a qual "é mais fácil modificar um governo do que uma cultura" é não somente correta, mas importante como um tema a ser profundamente debatido.
Do mesmo modo, o papel de ministro não é de X, Y ou Z, mas do governo e do Brasil. Todo mundo distingue teatro de política, embora haja teatro na política e vice-versa. Mas quando Hitler manda exterminar judeus ou um governo autoritário persegue opositores, isso não é teatro. No teatro, salvo acidente, ninguém morre de verdade.
Papéis sociais permitem muitas inovações. Mas aqueles que são corporativos e outorgados através de uma investidura (ou investimento - aquilo que "veste" seus ocupantes que não são atores), sobretudo os que são obtidos por nomeação ou eleição competitiva e liberal, esses fazem com que seus ocupantes sejam seus "cavalos" e não os seus cavaleiros. Numa sociedade de massa, globalizada, na qual a informação circula em tempo real, numa democracia cuja bandeira é a liberdade e a igualdade, exige-se um mínimo de coerência institucional e essa coerência é regulada pelo ajustamento entre as demandas dos papéis e as capacidades das pessoas que os ocupam. A abolição da hereditariedade de papéis públicos é o fato mais básico das democracias modernas. O outro é a sujeição à regra da lei de todos os seus membros. Não são as pessoas que mandam nos papéis, mas justamente o oposto.
Sem distinguir papéis e atores ficamos prisioneiros de maquinações. A pior, foi mencionada pelo ministro da Justiça. É, de fato, impossível acabar com a corrupção, desde que não se abandone a luta contra ela. No centro desse combate está a obrigação de não confundir pessoas com papéis.


(Por Roberto DaMatta - O Estado de S.Paulo - 07 de dezembro de 2011 | 3h 07)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

CONTO: "Caso de Chá", por Carlos Drummond de Andrade

A casa da velha senhora fica na encosta do morro, tão bem situada que ali se aprecia o bairro inteiro, e o mar é uma de suas riquezas visuais. Mas o terreno em volta da casa vive ao abandono. O jardineiro despediu-se há tempos; hortelão, não se encontra nem por milagre. A velha moradora resigna-se a ver crescer a tiririca na propriedade que antes era um brinco. Até cobra começou a passear entre a folhagem, com indolência; é uma cobrinha de nada, mas sempre assusta.
O verdureiro que faz ponto na rua lá embaixo ofereceu-se para matá-la. A boa senhora reluta, mas não pode viver com uma cobra tomando banho de sol junto ao portão, e a bicha é liquidada a pau. Bom rapaz, o verdureiro, cheio de atenções para com os fregueses. Na ocasião, um problema o preocupa: não tem onde guardar à noite a carrocinha de verduras.

 – Ora, o senhor pode guardar aqui em casa. Lugar não falta. – Muito agradecido, mas vai incomodar a madame.
 – Incomoda não, meu filho.

A carrocinha passa a ser recolhida nos fundos do terreno. Todas as manhãs o dono vem retirá-la, trazendo legumes frescos para a gentil senhora. Cobra-lhe menos e até não cobra nada. Bons amigos.

– Madame gosta de chá?
– Nâo posso tomar, me dá dispepsia, me põe nervosa.
– Pois eu sou doido por chá. Mas está tão caro que nem tenho coragem de comprar. Posso fazer um pedido? Quem sabe se a madame, com esse terreno todo sem aproveitar, não me deixa plantar uns pés, pouquinha coisa, só para o meu consumo?

Claro que deixa. Em poucas horas o quintal é capinado, tudo ganha outro aspecto. Mão boa é a desse moço: o que ele planta é viço imediato. A pequenina cultura de chá torna alegre outra vez a terra abandonada. Não faz mal que a plantação se vá estendendo por toda a área. A velha senhora sente prazer em ajudar o bom lavrador. Alegando que precisa fazer exercício, caminhando com cautela pois enxerga mal, ela rega as plantinhas, que lhe agradecem a atenção prosperando rapidamente.

– Madame sabe: minha intenção era colher só uma pequena quantidade. Mas o chá saiu tão bom que os parentes vivem me pedindo um pouco e eu não vou negar a eles. É pena madame não experimentar. Mas não aconselho: se faz mal, não deve mesmo tocar neste chá. O filho da velha senhora chegou da Europa esta noite. Lá ficou anos estudando. Achou a mãe lépida, bem disposta.
– E eu trabalho, sabe, meu querido? Todos os dias rego a plantação de chá que um moço me pediu licença para fazer no quintal. Amanhã de manhã você vai ver a beleza que está.

O verdureiro já havia saído com a carrocinha. A senhora estende o braço, mostra com orgulho a lavoura que, pelo esforço em comum, é também um pouco sua. O filho quase caiu duro:

– A senhora está maluca? Isso nunca foi chá, nem aqui nem na Índia. Isso é maconha, mamãe!

VIVA AO BOTEQUIM!

Rio faz "tombamento informal" de 12 botecos tradicionais 

A Prefeitura do Rio publica nesta terça-feira decreto criando um "cadastro de bem cultural" com 12 botequins antigos. Espécie de tombamento informal, a proposta visa chamar a atenção para os botecos como patrimônio cultural carioca.
Selecionados pela antiguidade --o mais jovem é da década de 1930--, os bares não têm obrigações em manter a sua estética, como no tombamento, mas ganham plaquinha e diploma, além de estímulos como isenção do IPTU. Estão na lista botecos que fazem a alegria de cariocas e visitantes: Bar Lagoa, Nova Capela, Café Lamas, Bar Luiz, Armazém do Senado, Bar do Jóia, Bar do Gomes, Adega Flor de Coimbra, Restaurante 28, Casa Paladino, Bar Brasil e Cosmopolita.
Segundo o subsecretário de Patrimônio Cultural, Washington Fajardo, a ideia é estudar os parâmetros que definem um botequim e a própria história desses lugares e ampliar a lista, ajudando a incluí-los no roteiro cultural da cidade. Para ajudar na pesquisa, a prefeitura apoiou a realização do 1º Seminário Internacional do Bar Tradicional, em que representantes de países como Argentina, Inglaterra e Alemanha debatem o futuro de seus "bodegones", pubs e "bierhauses", respectivamente, com os brasileiros. O encontro começou ontem e acaba hoje.


ENDEREÇOS

Saiba onde ficam os botecos:
- Bar Luiz - rua da Carioca, 39 - centro
- Nova Capela - av. Mem de Sá, 96 - centro
- Armazém do Senado - av. Gomes Freire, 256 - centro
- Bar do Jóia - rua Lopes de Almeida, 26 (esquina com rua da Conceição) - centro
- Bar do Gomes - rua Áurea, 26 - Santa Teresa
- Bar Lagoa - av. Epitácio Pessoa, 1674 - Lagoa
- Adega Flor de Coimbra - av. Teotônio Regadas, 34 - centro
- Restaurante 28 - rua Barão de São Felix, 28 - centro
- Casa Paladino - rua Uruguaiana, 224 - centro
- Bar Brasil - av. Mem de Sá, 90 - centro
- Cosmopolita - travessa do Mosqueira, 4 - centro
- Café Lamas - rua Marquês de Abrantes, 18 - Flamengo.

(Por PAULA BIANCHI – COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO - 06/12/2011 - 03h30)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

BOTAFOGO acerta com Oswaldo de Oliveira

Treinador chegará em janeiro após o termino do seu vínculo com o Kashima Antlers


Oswaldo de Oliveira será o novo técnico do Botafogo para a temporada de 2012. Campeão Mundial e bicampeão Brasileiro, o treinador vem de uma vitoriosa passagem pelo Japão e chegará ao Botafogo no inicio de janeiro. Com Oswaldo incorporam-se ao clube o auxiliar Luiz Alberto e o preparador físico Ricardo Henriques.
"Eu e o Botafogo já acertamos uma situação futura para que o trabalho possa começar a partir de janeiro. Mesmo do Japão, já vou começar a desenvolver um planejamento com a direção do clube, principalmente em relação a contratações e detalhes importantes para a próxima temporada. Isso será fundamental para adiantar o trabalho. Temos que deixar o passado de lado e nos prepararmos para conquistar nossos objetivos no futuro", afirmou Oswaldo de Oliveira.
"O Departamento de Futebol buscou um treinador experiente e com currículo vencedor. Acreditamos que o Oswaldo se encaixa perfeitamente neste perfil. Percebemos que ele está muito motivado e com um pensamento semelhante ao nosso, de brigar por títulos expressivos. Esta é a primeira ação para uma temporada vitoriosa em 2012", disse o Vice-Presidente de Futebol, André Silva.

FICHA TÉCNICA NOME: Oswaldo de Oliveira Filho 
NASCIMENTO: 05/12/1950, no Rio de Janeiro (RJ) 
CLUBES: Corinthians, Vasco, Fluminense, São Paulo, Flamengo, Vitória, Santos, Al Ahli (QAT), Cruzeiro, Kashima Antlers (JAP) e Botafogo 
TÍTULOS: Campeonato Paulista (1999), Campeonato Brasileiro (1999) Campeonato Brasileiro (2000), Mundial Interclubes (2000), Copa Mercosul (2000), Supercampeonato Paulista (2002), Campeonato Japonês (2007, 2008 e 2009), Copa do Imperador (2008 e 2011), Supercopa (2009 e 2010) 

Botafogo de Futebol e Regatas

A MORTE DO DOUTOR

Tanto o nascimento quanto a morte são acontecimentos que julgo, num lampejar filosófico, fatos naturais da vida. Nós, seres humanos, sentimentais e violentos ao extremo, estabelecemos que o nascimento é vida, portanto uma coisa boa, maravilhosa; já a morte é algo que interrompe a vida, uma coisa ruim, triste.
Tanto o nascimento quanto a morte são etapas que fazem nosso mundo girar, aliás, se movimentar, num processo dinâmico em que cada ser vivo colabora um pouco para modificá-lo, para transformá-lo.
Portanto, num pensamento frio e racionalista, longe do sentimentalismo comum a todos nós e, também, longe dos dogmas cristãos que obscurecem cada vez mais a busca pelo perfeito entendimento da realidade, tanto a morte quanto a vida devem ser encarados como algo natural, nem bom, nem mau; apenas etapas da vida, nada mais.
Ontem, o Doutor Sócrates, uma figura importante do futebol brasileiro, faleceu, vítima de cirrose. Completou seu ciclo de vida que, aliás, foi muito curto, pois faleceu aos 56 anos de idade.
 Assim como outras personalidades, a morte de um ídolo choca a todos, até aqueles que se julgam entendidos, pois inconscientemente, muita gente acredita que as pessoas que se destacam em nosso meio, principalmente artistas, sejam dotadas de alguma magia, de algum dom especial, para não dizer algo predestinado; são pensamentos simples, ingênuos que contrapõe, de um lado, o povo em sua inferioridade, em seu pequeno mundo, e de outro, o artista, o ídolo, a estrela. Assim como Michael Jackson, estrela maior da música pop norteamericana e do mundo, o Doutor Sócrates, jogador de futebol, craque do Corinthians e da Seleção Brasileira deixou nosso mundo; completou a sua etapa de vida se destacando naquilo que sabia fazer de melhor, jogar bola. Vai deixar saudades.
Isso é a vida, num sentido amplo, onde nascimento e morte são apenas etapas, fatos naturais e comuns a todos nós; sejam pobres, ricos, desconhecidos ou famosos, todos nós vamos passar por isso. A diferença está na individualidade, no amor, no jeito de se lidar com as coisas,... na dedicação e na vontade de vencer.

 (Por Franco Aldo – 05/12/2011 – às 13:52hs)

sábado, 3 de dezembro de 2011

Conto: "JOB" - Por Ricardo Maurício P. Nunes


Havia um homem que era muito pobre. Morava à beira de um rio na periferia. Era profundamente infeliz. Talvez se chamasse Josué, ou Josafá, talvez Joel. Ou simplesmente Jó, como o da Bíblia, que era como o conheciam. Mas não tinha nem nunca tinha tido, como este, amigos nem pessoas próximas, nem nada o que perder. Salvo uma canoa, que aos sábados pegava, cheio de fel, para descer o leito do rio.
Por si mesma, a miséria não é um requisito para a tristeza, muito menos então para a alegria, mas Jó perversamente agarrava-se a essa condição para justificar todos os seus fracassos, a origem de todas as mazelas de sua alma. No entanto, simulava viver bem e julgava não ser desonesto. Supunha grandioso seu Destino e que suas penúrias eram obra de um Acaso transitório, mas no fundo nunca acreditou na esperança. Dava conselhos na paróquia que freqüentava aos pobres de espírito, imitava os hábitos arrogantes da gente de posses, e proclamava com falsa modéstia que a cornucópia era uma benção divina, mas que a simplicidade e a moderação convinham aos homens sábios. Vivia das intrigas que armava e comprazia-se nas desgraças alheias. Era, na verdade, um homem amargo. Consumiam-no a inveja e o orgulho. E no fundo era grande a vergonha que sentia de sua condição e de suas torpezas. Não sabia viver de outro modo. Oneravam seu Acaso as cheias do rio e as moléstias purulentas que trazia por debaixo da túnica.
Até que um dia o Acaso despersuadiu-se da certeza que tinha de que mal e bem eram frutos da mesma sorte, filhos da mesma mãe. E o Acaso foi ter com o Destino.
O Destino vinha de dar uma volta pelo mundo.
E soube de quem lhe queria falar o Acaso, que protestou contra as determinações que havia imposto àquele homem. Desaviram-se. Argüiu o Destino que então o Acaso cuidasse de Jó, e que depois veriam. O Acaso assentiu e retirou-se de sua presença.
A balança da ventura passou a pender para o lado de Jó. Em pouquíssimo tempo obteve sua fortuna, suas feridas secaram e viu-se cercado de coisas e de gente. E dizia vaidoso e cheio de pompa que estava apenas colhendo o produto do seu caminho. Em nenhum momento lembrou-se do Acaso, e continuou devoto do Destino e do fausto. Dizia bravatas e alimentava seu ego com a superficialidade das pessoas que o rodeavam e nutriam suas desídias. Teve mais recursos e ensejos para propalar seus rancores. Tramou politicagens e ordenou execuções. Estimou que nada nem ninguém podiam contra seu Destino de ser grande. Porém, perseveravam em seu íntimo a vilania e a amargura antigas. A vergonha foi substituída pela soberba; a dor das pústulas, por uma dor no fígado ou na consciência; e a velha cegueira da noite escura da alma o cegava agora com uma luz ofuscante. Fascinado, esqueceu-se de outrora. Repudiou o tempo em que aquela felicidade ainda não havia batido à sua porta, como se ela sempre houvesse estado com ele, servil como um cão. Mas era, em essência, a mesma pessoa.
Não tardou para que o Acaso reconhecesse sua ingratidão, para que soubesse que perdia a aposta com o Destino. Pagou o estipulado, fez as contas do tempo, viu que já estava mais do que na hora, e pela segunda e última vez retirou-se de sua presença. O Destino quis dizer alguma coisa, mas calou, eram loquazes os acontecimentos.
Jó reencontrou a miséria que havia perdido, se é que isso se possa perder. Restituiu-se-lhe a antiga solidão no barranco à beira do rio, o pus das úlceras recrudesceu. Revisitaram-no a vergonha e o opróbrio ordinários. Tornou-se muito mais insuportável do que antes sua vida. Tardou, anoiteceu e madrugou só, como em antanho. Sentiu que havia fracassado na boa aventurança. Mas clareava o dia quando pensou que os fatos anteriores tinham sido apenas um sonho ou um delírio que durou, e que talvez estivesse melhor assim, como quem era de fato. Do lado de fora amanhecia o dia a luz do Sol, que não pode iluminar nada além do que a superfície das coisas.
Era sábado. Jó tomou sua canoa, desceu o rio. Cheio de fel.

Ricardo M P Nunes, jul`10

Ano Novo, Esperança e Técnico Novo

Oswaldo de Oliveira confirma que está muito próximo do Botafogo


O técnico Oswaldo de Oliveira, que hoje está no Japão, no comando do Kashima Antlers, afirmou nesta sexta-feira que está muito próximo de acertar com o Botafogo.
"Não posso ainda confirmar o acordo, mas existe uma negociação. Existe uma grande possibilidade [de acerto]", disse Oswaldo de Oliveira em entrevista ao Sportv.
"Ainda temos algumas etapas a cumprir", disse o treinador, referindo-se ao Campeonato Japonês e a Copa do Imperador, que será realizada em 1º de janeiro de 2012.
Assim, Oswaldo de Oliveira deverá assumir o comando da equipe carioca somente em janeiro.
Ontem, a assessoria do treinador disse que a negociação está "bem encaminhada" e que depende de questões contratuais que serão definidas com o advogado do técnico, Antonio Simões. Ainda faltaria acertar também a composição da comissão técnica.
O Botafogo está sem técnico desde 17 de novembro, quando demitiu Caio Júnior. Atualmente, o time vem sendo comandado pelo interino Flavio Tenius.
O Botafogo ocupa a nona colocação do Nacional, com 55 pontos. O time precisa vencer o Fluminense e torcer por tropeços do São Paulo, Figueirense, Internacional e Coritiba para conquistar uma vaga na próxima Taça Libertadores da América.

(Por Folha.com - 02/12/2011 - 11h15)

Ser técnico do Botafogo não é uma missão fácil. O novo técnico tem que ser, no mínimo, um vencedor, para assim poder contar com um voto de confiança da torcida.
E vencedor, entenda como ganhador de títulos, coisa escassa em General Severiano. Se não, a pressão já começa antes mesmo do jogo começar, seja numa escalação mal compreendida, seja pela própria fragilidade do elenco.
Ser treinador vitorioso no Botafogo é uma missão muito difícil.
Zagallo, Valdir Espinosa e Paulo Autuori são exemplos de técnicos vencedores que fizeram história no Botafogo e se tornaram lenda, foram beatificados pela torcida. Pertencem a um seleto grupo de vencedores que, além de serem campeões por outros clubes do Brasil, foram campeões pelo Botafogo, e isso tem que ser levado em consideração, pois os poucos títulos fazem do Botafogo um clube-desafio, como se um título brasileiro, por exemplo, valesse por dois.
A contratação de Oswaldo de Oliveira está próxima de ser concretizada e vem encher de esperança os sonhos de todo o torcedor botafoguense. É mais um ano, mais uma fé, mais uma esperança.
Oswaldo é um técnico vencedor, fez história no Corinthians (Campeonato Paulista de 1999, Campeonato Brasileiro de 1999, Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2000), Vasco da Gama (Campeonato Brasileiro de 2000 e Copa Mercosul de 2000) e São Paulo (Supercampeonato Paulista de 2002). Atualmente trabalha no futebol japonês onde já colecionou três Campeonatos Japonês (2007, 2008 e 2009), uma Copa do Imperador (2008), duas Supercopa Japonesa (2009 e 2010) e, neste ano, uma Copa da Liga Japonesa.
Portanto é um nome forte para um clube difícil. Pode ser o cara que Glorioso espera para que em 2012 seja repleto de conquistas.
O Presidente reeleito Maurício Assumpção e sua equipe prometem mudanças na mentalidade das contratações. Em 2011, o Botafogo montou um bom time, mas que, mesmo assim, ficou abaixo dos outros três grandes do Rio (Vasco, Flamengo e Fluminense) e acabou perdendo força na reta final do brasileirão.
Portanto, como nos sinceros votos de Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, a torcida do Botafogo espera também um ano novo inesquecível, daqueles que consagram jogadores e técnicos. É pagar pra ver.
A dúvida é saber se a diretoria terá ambição suficiente para levantar o nome do Botafogo no cenário nacional, pois faz quinze anos que o Glorioso não vence um campeonato brasileiro; sofre, todo ano, por um mirrado campeonato carioca e, por três vezes consecutivas, fez vexame na Copa do Brasil.
Ano Novo, vida nova, dinheiro no bolso e Botafogo Campeão!

(Por Franco Aldo – 03/12/2011 – às 00:51hs)

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Primeiro Campeonato de Porrinha no Rio

Jogo da purrinha tem primeiro campeonato interbares no Rio
Jogo tradicional nos botecos da periferia reuniu 18 competidores de seis bares cariocas diferentes
RIO - O olhar fixo no rosto do adversário é mais do que um exercício de adivinhação. Imaginar ou calcular quantos palitinhos ou moedas se escondem nas mãos estendidas sobre a mesa é uma tarefa que mistura sorte, um pouco de lógica e muita observação. Vale blefar e intimidar.
Jogo tradicional de botecos do subúrbio do Rio e da periferia de outras grandes cidades, a porrinha, ou purrinha, celebrou na noite de sexta-feira a primeira edição do Campeonato Interbares do Rio. O local escolhido, o Bar da Portuguesa, em Ramos, é um reduto da boemia da zona norte carioca e lotou para acompanhar 18 competidores.
Eles representavam seis bares do Rio e iniciaram o torneio divididos em três grupos. Quase todos estavam uniformizados. Não havia regulamento nem juiz. As etapas seguintes eram definidas após algumas rodadas de cachaça, brindes e palavras de exaltação à cerveja gelada oferecida pelos donos da casa. Bastava uma opinião mais razoável sobre a forma de disputa e a composição da tabela saía com naturalidade.
"Eu sou veterano nisso. Na adolescência, praticava a purrinha de raiz, nas viagens de trem que me levavam do centro para a zona oeste do Rio", contou Sergio Rabello, de 59 anos, do Galero Sat's, em Copacabana. Mesmo eliminado logo no começo, o mais velho do grupo se manteve fiel na torcida pelos outros dois competidores de seu bar. Um deles, seu filho, Raoni Rabello, 'reclamava' da falta de clareza nas regras do torneio. "Treinei com palitinhos de fósforo e só agora soube que vamos utilizar moedas. Isso nos prejudicou."
A ideia de tornar a porrinha mais popular surgiu de um bate papo entre os sócios do Bracarense, Cadu Tomé, e do Bar da Portuguesa, Paulo Gomes, o Paulinho, orgulhoso por trabalhar no lugar em que Pixinguinha se encontrou pela primeira vez com o violinista e ex-parceiro de Vinicius de Moraes, Baden Powell.
Curiosamente, num dos quadros afixados no alto do bar, o compositor de 'Carinhoso' descansava a flauta ao lado de um copo e parecia esconder uma das mãos atrás da cadeira - gesto característico de quem joga porrinha.
Por telefone, as inscrições para o campeonato ganharam ainda a adesão dos bares Mussarela, Cachambeer e Aconchego Carioca. Depois de quatro horas de confraternização e alguma polêmica - por um erro na contagem das moedas - Leandro Botelho, o Samito, do Bracarense, conquistou o título. Recebeu troféu, posou para fotos e fez uma revelação: "Sinceramente, nunca joguei isso."
Regras do jogo. Na porrinha, os 'atletas' ocultam na palma da mão certo número (entre 0 e 3) de moedas ou palitos de fósforo, para depois, um a um, tentarem adivinhar o total. A atividade pode ser praticada por no mínimo duas pessoas e é também conhecida como jogo de palitinhos ou basquete-de-bolso.
Sua origem é imprecisa. Há quem atribua uma menção de Santo Agostinho, no século IV depois de Cristo, ao que seria uma variação do jogo. "Estamos pensando em criar a federação carioca de porrinha. O receio é que, assim, muito organizado, o jogo perca o charme", disse Cadu Tomé, depois de carregar nos ombros o campeão e colega de bar, Samito.

(Por Sílvio Barsetti - O Estado de S.Paulo - 28 de novembro de 2011 | 17h 52)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A ÚLTIMA RODADA DO BRASILEIRÃO

O Campeonato Brasileiro de Futebol de 2011 não poderia ter guardado um fim melhor para os torcedores de todo o Brasil. Somente na última rodada sairá o grande campeão.
Corinthians e Vasco estão travando uma disputa espetacular pela busca do título. O Timão está com 70 pontos e só precisa de um empate na última rodada contra o Palmeiras. Já o Vasco, precisa vencer seu grande rival, o Flamengo, e torcer pelo tropeço do Corinthians, pois em caso de vitória e empate, nesse caso, dá o título ao time do Parque São Jorge. Eletrizante!
A minha preocupação será, portanto, o desenrolar desses dois jogos, pois além de estar valendo o título brasileiro de 2011, a rivalidade tanto de Vasco X Flamengo, quanto de Corinthians X Palmeiras extrapola os limites da racionalidade e da sadia paixão de torcer pelo time do coração, adentrando em comportamentos hostis que, quase sempre, acabam em pancadaria e, muitas vezes, até em morte.
Tanto o Flamengo, quanto Palmeiras tem motivos de sobra para estragar a festa de Corinthians e Vasco. Em comum, ambos têm a mesma cicatriz, o mesmo rancor, a mesma rivalidade.
Portanto, a última rodada do brasileirão 2011 reserva grandes emoções e vamos torcer para que fique apenas nas emoções das quatro linhas e não com problemas extracampo, como a violência entre torcidas.
Já na parte debaixo, a disputa pela vaga na Libertadores também está acirradíssima. Flamengo, Coritiba, Internacional, Figueirense e São Paulo estão disputando três vagas.
Na última rodada, o Flamengo decide sua vaga na Libertadores contra o Vasco, aliás, além da vaga o que está em jogo é a rivalidade de ambos.
O Coritiba joga com o Atlético Paranaense, na Arena da Baixada.
O Inter faz também um clássico perigoso contra o rival, o Grêmio. Seria delicioso para o Grêmio tirar a vaga do Inter.
O Figueirense vai a Floripa pegar o rebaixado Avaí e o São Paulo faz outro clássico paulista contra o Santos.
Sem dúvida, a última rodada do brasileirão vai ser emocionante, sensacional. Espero apenas que as emoções fiquem apenas no âmbito das emoções do esporte. Sem violência.

(Por Franco Aldo – 28/11/2011 – às 18:01hs)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A SELEÇÃO DOS PIORES

Tirem do governo os malandros e haverá menos interesse em criar ONGs para sugar dinheiro público. Limitem os convênios ministeriais e proíbam as emendinhas ao Orçamento. Com isso, uma porção de brechas será fechada. Mas o governo tem outras prioridades, politicamente mais simples, e resolveu criar - adivinhem - um grupo de trabalho para estudar um marco regulatório para organizações não governamentais. É isso aí: um grupo de trabalho com 90 dias para apresentar uma proposta, segundo informou na segunda-feira o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
Regular o funcionamento de ONGs pode ser importante, mas um projeto com essa finalidade tramita no Congresso Nacional desde 2004. O último registro, de setembro de 2009, é de uma ordem da Mesa Diretora para se apensar ao texto o Projeto de Lei 5.950. Depois disso a tramitação parou, O governo petista nunca se empenhou pela aprovação desse projeto, mas agora decide formar um comitê para estudar o assunto.

Ao incluir em sua agenda a regulação das ONGs, o Executivo deixa em segundo plano, mais uma vez, as safadezas ministeriais. Esse tem sido o comportamento padrão, só abandonado quando a imprensa deixa as bandalheiras muito expostas. Malandros em ministérios só são problemas para o Palácio do Planalto quando se acumulam denúncias de patifarias. Isso mesmo: não quando surgem denúncias, mas quando as informações sobre os escândalos se amontoam. O incômodo não vem da irregularidade, do assalto continuado ao Tesouro Nacional, mas da insistência dos meios de comunicação em divulgar a cada dia uma nova indecência. Se não fosse assim, nenhum dos envolvidos em denúncias teria durado tanto, nem o ministro Carlos Lupi teria sobrevivido ao espetáculo grotesco de seu primeiro depoimento no Congresso.

Todas essas figuras ilustres foram demitidas somente quando a sua manutenção impôs à Presidência um custo insuportável. Mas é difícil, para a imprensa, interromper a sequência das histórias comprometedoras.

Escândalo no governo, como escreveu José Simão, parece lenço de papel em caixinha: puxa-se um e saem três, quatro ou mais. Isso não é acidente nem é um dado inevitável da vida política. É resultado de uma escolha consciente, de uma estratégia de poder implantada em Brasília em 2003.

"Houve incidência de problemas", disse na segunda-feira o ministro Gilberto Carvalho, mas esses problemas, segundo ele, são provavelmente exceções. Houve falhas, admitiu, na capacidade de fiscalizar "lá na ponta". Ele retomou o assunto no dia seguinte, para denunciar um "processo de criminalização das entidades da sociedade civil" - uma tentativa, acrescentou, rejeitada pelo governo. Em dois dias o ministro formulou duas teses claramente insustentáveis. Em primeiro lugar, nenhum analista sério tenta criminalizar todas as ONGs. Ao contrário: o bom serviço prestado por algumas organizações civis de interesse público (Oscips) tem sido amplamente reconhecido. Em segundo, os problemas não estão "lá nas pontas". Os escândalos nos Ministérios do Esporte, do Turismo, dos Transportes, da Agricultura e do Trabalho não surgiram por iniciativa das ONGs, mas porque a administração havia sido loteada e, além disso, entregue a gente selecionada por suas piores qualidades. Ou seria o presidente um ingênuo?

Os detalhes mais patéticos, como o repasse de dinheiro a organizações dirigidas por parentes de ministros ou de altos funcionários, são especialmente esclarecedores. Também não pode haver dúvida sobre a natureza da bandalheira quando se contam os benefícios concedidos com base em vínculos partidários.

Insistir no assunto não é moralismo. A interminável onda de bandalheiras é um fato político importante. Uns poucos casos de corrupção e de irregularidades podem ser coincidências. Mas os escândalos são indícios de algo mais sério, quando cinco ministros nomeados pelo mesmo presidente e por ele impostos à sua sucessora são envolvidos numa longa sucessão de safadezas. Mas por que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu tanta gente desse nível para a administração? A semelhança entre tantas escolhas não pode ser casual.

Que um político tenha de aceitar certas alianças malcheirosas não é novidade. Qualquer pessoa alfabetizada em política conhece a discussão sobre ética de princípios e ética de responsabilidade e sobre a distância entre pureza de intenções e resultados. A questão é outra. Há uma enorme distância entre o realismo político e a preferência constante pelo pior, traduzida, por exemplo, na insistente defesa dos mensaleiros e na generalização do peleguismo sindical e estudantil. Seria impossível, para Lula, governar de outra forma? Esta é uma pergunta política fundamental e não tem nenhuma relação com moralismo.

(Por Rolf Kuntz, jornalista - O Estado de S.Paulo)

sábado, 19 de novembro de 2011

LOBÃO LIDERA BOICOTE AO FESTIVAL DE LOLLAPALOOZA

Lobão propõe boicote de bandas nacionais ao Lollapalooza

O cantor Lobão gravou um vídeo no qual fala sobre sua recusa em participar do festival Lollapalooza, que ocorre em 7 e 8 de abril em São Paulo.
Segundo o cantor, que postou o vídeo no Twitter, é um absurdo colocar atrações nacionais para tocar somente das 10h às 15h, independente de você ter 30 anos de estrada ou ser iniciante.
"Assim como eu estou aqui falando pra vocês que eu estou fora, eu faço uma convocação de interesse público aos meus colegas artistas brasileiros que não façam essa participação."
Lobão também diz que há uma lei que obriga que haja atrações nacionais nestes festivais. "Se não não tiver atrações brasileiras, não pode rolar o festival. Seria legal, hein?". Para o cantor, o ideal seria que houvesse um festival "misturado", com as bandas, gringas e nacionais, mas que isso nunca acontece --e também cita o Rock in Rio e o SWU.

Confira o vídeo:


(Por Folha. Com - 19/11/2011 - 19h40)

LUPI ainda não saiu!

Um terço da bancada do PDT apoia saída de Carlos Lupi

O ministro Carlos Lupi (Trabalho) conta com apoio de metade da bancada do PDT na Câmara e no Senado para permanecer no governo, informa reportagem de Márcio Falcão e Maria Clara Cabral, publicada na Folha deste sábado (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Ele está envolvido em suspeitas de irregularidades em convênios da pasta com entidades ligadas ao partido.
A Folha perguntou a deputados e senadores do PDT se eles eram favoráveis à saída do ministro do cargo. Dos 31 parlamentares, 15 (48,4%) defendem que Lupi permaneça no governo.
Outros 9 avaliam que o ministro não tem sustentação política para permanecer no cargo e que o desgaste pode atingir o partido. Três dizem que é a presidente Dilma Rousseff tem que decidir. Quatro não responderam.

(Por Folha. Com - 19/11/2011 - 08h20)

Sem noção, cara-de-pau e um péssimo ator. E assim, Carlos Lupi vai postergando o inevitável.
Quem perde com tudo isso é a presidenta Dilma que quer aguardar a reforma ministerial em fevereiro, mas pelo andar das coisas, talvez, Carlos Lupi não aguente o fim da próxima semana. Aliás, já deveria ter saído.
Enquanto isso, em Rondônia, a Polícia Federal prendeu mais da metade da Assembléia Legislativa. O presidente da casa, Valter Araújo (PTB), é acusado de crimes de corrupção e desvio de verbas públicas da saúde, do DETRAN e de outros órgãos. O Tribunal de Justiça de Rondônia autorizou 57 mandados de busca e apreensão além de sequestros de bens, suspensões de exercício de função pública e acesso a repartições governamentais.
Parabéns à Polícia Federal e ao Tribunal de Justiça de Rondônia. É assim que se tem que combater a corrupção: usar a inteligência e fazer acontecer. Xilindró neles.
Já em Brasília, o sigilo bancário do Governador Agnelo Queiroz, e do ex-ministro do Esporte Orlando Silva foram quebrados por determinação do ministro Cesar Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O acesso aos dados foi requerido pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que conduz no Ministério Público Federal as investigações sobre suspeitas de um esquema de corrupção no Ministério do Esporte.
Além de Agnelo e Orlando, o policial militar João Dias Ferreira e mais oito empresas e entidades tiveram o sigilo quebrado por determinação do STJ. O objetivo de Gurgel é saber se eles se envolveram num esquema de desvio de recursos públicos do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. Há um inquérito aberto no STJ para apurar as supostas irregularidades.
Sinceramente, desde o último episódio com o todo poderoso Antônio Palocci, pensei que o nosso procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fosse um tremendo banana, um alto funcionário nomeado pelo PT e sua corja.
Com as investigações de Agnelo e sua gangue, dou um voto de confiança ao procurador-geral da República. Só espero que isso não seja apenas atitude de um inerte que visa apenas sacolejar um ambiente sorumbático para poder depois dizer que fez seu papel.
Tanto Agnelo, quanto Orlando são suspeitíssimos em esquemas de corrupção e formação de quadrilha. Portanto, muita coisa tem que ser investigada.

(Por Franco Aldo – 19/11/2011 – 12:38hs)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O Velho Black Sabbath está de Volta

Black Sabbath anuncia mais 14 shows pela Europa

Uma semana depois de anunciar que está voltando à ativa, o Black Sabbath revelou hoje mais 14 datas de sua turnê de reunião. O grupo reestreia nos palcos em Moscou em 18 de maio.
O Black Sabbath volta com sua formação original: Ozzy Osbourne (vocal), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria).
Após a estreia, a turnê segue por países como Finlândia, Suécia, Noruega e chega à Inglaterra apenas em junho, quando a banda vai encabeçar a escalação do festival Download.
No anúncio feito na semana passada, a banda prometeu um álbum de músicas inéditas, produzido por Rick Rubin, e uma "turnê mundial pesada".
A banda foi formada em 1968, em Birmingham (Reino Unido), mas o grupo se desfez em 1979, quando Osbourne foi expulso por problemas com drogas e álcool.
Em 1997, os quatro membros originais resolveram se reunir e lançaram um álbum ao vivo no ano seguinte, além de saírem em turnê, até o derradeiro OzzFest de 2005.

(Por Folha.com - 18/11/2011 - 14h23)

Para o delírio dos fãs do Black Sabbath, Ozzy Osbourne e Cia estão de volta e prometem muitos shows e o lançamento de um disco de estúdio inédito.
Assim como o Kiss, Guns N’ Roses, The Doors e muitas outras bandas de rock, que fizeram sucesso no passado, o Black Sabbath promete mundos e fundos para os seus fãs.
O objetivo do retorno não é reviver a pura nostalgia de seus grandes álbuns da década de 70, como: Paranoid, de 1970, Master of Reality, de 1971, ou então, Sabotage, de 1975, mas sim dar continuidade ao que foi interrompido – garantem os integrantes da formação original.
Seja como for, no mundo de hoje, talvez isso não faça muito sentido, muito menos seja algo que prenuncie grande sucesso, o certo é que o Black Sabbath tem seu público por todo o mundo, mesmo que hoje a aceitação do roquenrol seja apenas um saudoso reflexo.
Não será nenhuma surpresa se o álbum prometido for um fracasso, até porque, o que importa é o retorno, mesmo que os seus integrantes não concordem, ou pensam que enganam pensando assim.
Enfim, é o retorno do bom e velho roquenrol.

(Por Franco Aldo – 18/11/2011 – às 17:56Hs)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

LUPI está praticamente fora do Ministério do Trabalho

Presidente do PDT defende 'como amigo' que Lupi deixe cargo

O presidente em exercício do PDT, André Figueiredo, defendeu nesta quarta-feira (16), "como amigo", que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, deixe o cargo.
"Como amigo do Lupi, preferia que ele saísse. Mas isso é uma decisão que o PDT vai tomar de forma institucional."
Ele disse que o partido e o próprio Lupi passam por desgastes com a crise.
Figueiredo afirmou, no entanto, que o PDT reitera confiança no ministro e vai tirar uma posição sobre a permanência dele amanhã na Executiva.
O pedetista disse que o partido não pagou o voo de Lupi e que ainda aguarda explicações do deputado Weverton Rocha (MA), que estava na viagem com o ministro.

(Por ANDRÉIA SADI e CATIA SEABRA – Folha. Com - 16/11/2011 - 17h10)


Apesar de pertencer à turma da oba-oba, o Ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT-RJ) está sem moral até com o seu partido. Sua renúncia é questão de horas.
Lupi tem quase todas as manhas que um aliado petista tem que ter: cara de pau, mentiroso, arrogante, corrupto. O problema é que se comporta como um mau aluno. Ainda não leva jeito para a desfaçatez, para a maliciosa sutileza. É um bronco. Portanto, não está totalmente pronto para gerenciar uma gigantesca rede de corrupção, como líder de um rendoso ministério. A prova foram as suas chulas palavras quando indagado de uma possível demissão por parte da presidenta Dilma.
Aliás, parece que os chefes de cada ministério, escolhidos por Dilma e Lula – enfim pelo PT –, ultimamente, não tiveram a competência suficiente para poder desviar dinheiro público sem dar bandeira. Foi assim com os ministros do Turismo, da Agricultura, dos Transportes, e, recentemente, do Esporte.
Lupi não leva jeito para ser ministro. No máximo um cargozinho de deputado, pois mentir para o povo é muito mais fácil do que mentir para a oposição e para o seu partido.
Está com a corda no pescoço.

(Por Franco Aldo – 16/11/2011 – 17:25hs)

LOBÃO: 50 ANOS A MIL

Ano passado, o cantor Lobão lançou seu livro, “50 anos a mil”, em parceria com Claudio Tognolli, pela editora Nova Fronteira.
A obra, com mais de 590 páginas, conta a vida de João Luiz Woerdenbag Filho, o Lobão, e mistura a história de sua trajetória artística e de sua polêmica personalidade.
A linguagem empregada é a mais simples possível, aliás, é perceptível, a cada gíria, identificar a preocupação de Lobão em fazer do livro não um simples relato de sua conturbada vida, mas, sim, cadenciar cada experiência vivida, cada alegria, desilusão, cada conquista, ao ritmo de suas canções, como bem postula o próprio título, que por sinal impõe um ritmo frenético.
É como se lêssemos cada página ao som de “Vida Bandida”, “Vida Louca”, “Canos Silenciosos”, “Revanche”. Ou porque não, no triste e pensativo “Abalado” do álbum LOBÃO E OS RONALDOS?
Talvez o livro não agrade a muita gente, também pudera, pois Lobão não faz questão de agradar quem não é agradável, aliás, sempre foi o seu forte ter a língua bem afiada.
O livro transpira anos 80 a cada letra, a cada palavra. Quem acompanha, ou acompanhou, a vida artística de Lobão vai se deliciar com suas histórias, com suas idéias, com a sua forte personalidade.
De uma forma geral, a obra é simples, mas que traz em seu bojo muitas histórias, muitas curiosidades, até porque ‘XURUPITO’ era um playboy que estudou em bons colégios e que sempre morou na zona nobre do Rio.
Envolto numa atmosfera vagabunda, logo conheceu as drogas e seu dom para a música, portanto o seu envolvimento com o roquenrol era apenas questão de tempo e das amizades certas.
E foi assim que, ainda menor, foi tocar bateria com Lulu Santos e Ritche, na banda Vímana. Era o início de uma carreira polêmica, envolta de drogas e música. Assim formava-se a persona de Lobão, que nos anos 80 era uma espécie de ‘Jim Morrison’ brasileiro, guardadas as suas proporções, é claro.
O interessante na obra, além da trajetória de sua carreira, foi o relacionamento com seus pais, mulheres e, principalmente, seus amigos. Lobão era da turma do Baixo Leblon, reduto da playbozada da Zona Sul. Lá a rodinha de bar ficava completa com Cazuza, Marina, Ritche, Lulu, Júlio Barroso e muitos outros.
E quem lembra do período em que o cantor estava sendo perseguido por ser usuário de drogas? E acabou sendo preso mais pelo seu estilo tresloucado do que por portar uma quantidade ínfima de cocaína?
Mas a sua prisão fez com que o artista crescesse ainda mais em popularidade, ao ponto do seu álbum “Vida Bandida” ter conseguido alcançar mais de 350.000 cópias vendidas.
“50 anos a mil” está longe de ser uma biografia de sucesso de vendagem e de agradar quem é especialista no assunto.
O livro foi feito para os fãs do cantor e nada mais.
Lobão ainda está longe de ser o sujeito bonzinho que traz no seu semblante a máscara do politicamente correto. Nada disso. Já foi até pior, é claro. E mesmo hoje, assumindo uma postura mais madura, longe do estereótipo do roqueiro tresloucado e cheirador que o constituiu como persona da música, traz ainda a acidez em suas palavras e a sinceridade em suas críticas. Doa a quem doer.
É uma personalidade das mais fortes do mundo artístico, mas que tem o respaldo de ser um grande artista.

(Por Franco Aldo – 16/11/2011 – 10:42hs)

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CONTO: EM BUSCA DA FELICIDADE

A vida de Paulo Santos era uma vidinha comum. Casado com Maria das Dores há 25 anos, conhecera-a quando tinha seus 19 aninhos, na flor da idade; ele, com 20 anos, estudante secundário, estava prestes a terminar o curso de edificações; ela, atrasada nos estudos, mal completara o ensino fundamental. Dessa união, que fora feitas às pressas, pois Paulo havia bolinado na moça e bolinou antes de estar autorizado a bolinar, resultando na preenhice da menina, que de tão magrinha, a barriga de um mês parecia já estar com três.
Casaram de papel passado. Depois do primeiro filho, vieram mais quatro; todos homens, para orgulho da macheza e virilidade de Paulo Santos.
O início foi barra. Paulo ganhava pouco, muito pouco. Viveu por algum tempo na casa da sogra (As sogras... O que seria do mundo se não fossem elas!), mas depois, muito depois, há exatos quinzes anos, conseguiu financiar uma casa popular nos cantos de Caxias.
Das Dores, que vivia para os filhos, engordou. Engordou muito. Ficou feia, sem assunto. Além da feiúra proveniente da gordura e da ignorância, Das Dores tinha um péssimo hábito, já há muito tempo não sabia o que era sexo, nem tinha interesse no assunto; na linguagem popular, usada para homens impotentes, estava brocha.
Depois dos quatro filhos, a união carnal dos dois findou. Às vezes, Paulo Santos chegava em casa bêbado e arriscava carícias na mulher esparramada. Além de receber um carão bem grande, Paulo Santos voltava a si, a sua realidade. Logo percebia que se durante o dia Das Dores era a mãe de seus filhos, à noite, era um ser assexuado. Era apenas um amontoado de banha disforme, cujo sexo cabeludo e mal tratado só servia para fazer xixi, nada mais.
Apesar da ausência fundamental do sexo, Paulo Santos relutava. Afinal, tinha quatro filhos. Gabriel, o mais velho, já estava com seus vinte e cinco anos, mesmo ainda não sendo independente, já era homem feito. Se precisasse deixar o lar, não teria problema quanto a isso. Mas Henrique, o mais novo, tinha seis anos. Tão novinho, coitado. Seria um crime largá-lo a sua própria sorte. Não o faria, mesmo que para isso fosse necessário viver mais dez anos com Das Dores... dez anos sem sexo, uma eternidade.
Paulo Santos trabalhava o dia todo no escritório de uma empresa de engenharia. Ganhava pouco. No dia seguinte após a tentativa frustrada de se ter com a mulher, cismou o dia todo sobre o assunto. Pensou tanto que, às vezes, era surpreendido pelos amigos falando sozinho:

– Eu tô lascado com aquela mulher. Faz tempo que não sei o que é foder e, além disso, a bicha nem me faz carinho.

A angústia de Paulo Santos era legítima, para não dizer compreensível. Se pudesse voltar ao passado não casaria, não teria filhos. Viveria sozinho. Poderia namorar quem quisesse. Comeria uma aqui, outra ali, sem dar satisfação. Mas ele era casado e também tinha os filhos, seus amados filhos. O que fazer?
Viver por viver e esconder suas aflições não era o melhor caminho. Uma vez, quase socou a mulher que o surpreendeu na maior saliência com seu pinto na frente do computador. Das Dores falou tanta besteira, tanta besteira que Paulo Santos a empurrou para bem longe. Sua ira parecia que iria estourar os limites da loucura. Imaginou-a morta de tanto apanhar; os olhos inchados, o sangue pelo canto da boca, o vestido rasgado, o sexo feio e cabeludo a amostra. Mas recuou. Baixou a cabeça e se trancou no quarto. Não queria que a mulher o visse chorar...

– Mulher que não chega junto, pelo menos, tem que ser boa em outra coisa – Disse Alonso, o melhor amigo de Paulo Santos.

Paulo Santos não teve coragem de dizer que era a sua mulher que não dava mais no couro, apenas inventou uma história qualquer para saber o que Alonso achava.

– Caso não tenha nada de bom, não presta pra ter homem – findou o amigo seu pensamento.

Quanto mais Paulo pensava na melhor maneira de resolver seu problema, mais dúvidas surgiam. Mais angustiado ficava.
Não era só falta de sexo que atormentava nossa personagem, mas falta de tudo de bom que uma mulher pudesse dar; carinho, sexo, conforto, motivação. Aliás, pensou nas únicas coisas que Das Dores havia lhe dado: os filhos e aborrecimentos.
Foi tomar um cafezinho na copa do escritório. Colocou o café na xícara, adoçou com muito açúcar e parou pra observar as funcionárias que trabalhavam na repartição. Eram quatro. Todas bonitas. As mesas das meninas davam pra frente da copa e descuidadamente observou que uma das mesas, aliás, a mesa de dona Cristina, tinha uma abertura frontal que dava pra ver as suas belas coxas, bem como uma calcinha branca de renda, denotando um enorme capô de fusca. Paulo ficou vermelho, angustiado, mas antes de tudo, muito excitado. Pensou no trambolho de mulher que tinha em casa. Pensou no sexo engiado e cabeludo de Das Dores. Lembrou da cara amassada e gorda ao acordar, lembrou do seu mau hálito. Nada lembrava a miragem celestial de dona Cristina e sua calcinha branca de renda... Ah! E as coxas! Delícia!
A cena foi das mais picantes para Paulo Santos, nunca pensara que pudesse voltar aos seus dias de menino... Lembrou um dia, quando estava na escola, na sala de aula: uma coleguinha sua, que se chamava Cristiane, abriu sem querer suas longas pernas (sim... Cristiane era alta, magra, branca...), mas a visão de Paulo não foi a esperada. Cristiane estava de saia e ao abrir as pernas deu mostras a um short amarelo, grande, mas que denunciava as curvas de sua racha. Só isso bastou ao pequeno Paulo Santos para que seguisse, no intervalo da aula, ao banheiro, descarregar a energia do amor contida dentro de si.
Disfarçou o olhar. Completou a xícara com mais café, mas esqueceu de adoçar. O doce da visão da calcinha branca já bastava pra deixar seu dia mais gostoso, inesquecível.
D. Cristina não era inocente, nem pensar santa. Já há muito sabia da abertura da mesa e, quase sempre, vinha de saia curta, de propósito, só para excitar o Joaquim, o boy do escritório, freqüentador antigo da copa e, talvez, detentor dos olhos mais mal intencionados do escritório.
Ela percebeu o interesse de Paulo, mas como sempre fingiu-se de distraída. Estava atarefada...
Mas, de repente, ela resolveu brincar. Olhou de chofre para os olhos de Paulo que foram pegos distraídos, encantados com a calcinha branca de renda. Ela abriu um sorrisinho malvado, cruzou as pernas e virou-se de lado. Começou a datilografar uma carta. Era o fim do show.
Paulo voltou a si. Pôs a xícara na copa e voltou para a sua mesa de trabalho. Ficou o dia todo a pensar na mulher e na calcinha branca de D. Cristina.
Depois do trabalho, antes de pegar o ônibus para Caxias, resolveu tomar uma no bar do Feijão. Pediu cerveja, um pacote de amendoim (ele adora amendoim sem casca, salgadinho) e passou a observar o movimento do bar: as mesas estavam todas ocupadas; numa, se via um casal bem aparentado, o homem vestia blazer preto com uma camisa de malha por baixo, a mulher estava de jeans, tinha um corpo maravilhoso e conversavam animadoramente, bem juntinhos; em outra, um sujeito feio e magro bebia uma cachaça e falava sozinho, pelo jeito estava bêbado; noutra um grupo de amigos discutia a rodada do futebol, viam-se ao lado três engradados de cerveja, já haviam bebido dois e estavam na maior algazarra. Pegou um cigarro do bolso, riscou o fósforo e o acendeu. Balançou o palito de fósforo para que as chamas se apagassem e voltou a pensar em sua desgraçada vida. O que fazer? Um vazio bem grande consumia seu corpo. Não era só de sexo que vivia um homem. Esperava muita coisa de Das Dores, mas pelo jeito, a Das Dores dos seus sonhos nunca existirá, muito menos existiu. Bebeu uma, duas..., seis..., quinze garrafas de cerveja! Já partia pra a décima sexta, até que lembrou do ônibus, já era tarde, se não fosse logo, não teria como voltar pra Caxias. Pagou a conta e se mandou cambaleando pelas ruas do Centro do Rio.
Chegou em casa tarde e bêbado. Das Dores estava acordada, preparava-lhe o sermão:

– Cê não tem vergonha, não! Um ôme casado chegar nessas horas e nesse estado.

Respondeu com muito ódio:

– Vai-te a puta que pariu. Me deixa em paz!

– Além disso, qué tê razão, veja só!

Paulo Santos tomou um banho rápido. Não jantou. Foi dormir no sofá da sala. Dormiu bem, como uma pedra (pedra dorme? As pessoas têm a mania de comparar um sono forte com o da pedra, por que será?). Não sentiu as banhas de sua mulher. Ao acordar, não presenciou seu hálito de dentes estragados. Apenas levantou cedo. Tomou banho. Fez café e bebeu um gole num copo americano. Foi pro trabalho.
Paulo chegou ao escritório com novos ares. Depois da visão celestial da calcinha branca de renda, não se agüentava, queria ver novamente. D. Cristina estava no mesmo lugar, com outra saia, tão curta quanto a que vestia da última vez. Paulo pôs o café na xícara, adoçou e bem lentamente apreciou por debaixo da mesa: e lá estava; outra calcinha pequenininha de renda, só que desta vez vermelha.
Paulo percebeu o olhar malicioso de D. Cristina, mas não quis seguir em frente. Em seguida foi pro banheiro. Fez o que tinha que fazer e voltou a trabalhar. No fim do expediente, saiu e foi novamente ao bar do Feijão. Bebeu muito. Perdeu o ônibus pra Caxias, também perdeu a cabeça. Não foi pra casa. A mulher ficou desesperada, afinal o que tinha acontecido com o marido?
Noutro dia, após cumprir o expediente, chegou em casa cedo. Arrumou as malas e partiu sem dizer nada.
Paulo Santos conseguiu vaga numa pensão barata no Santo Cristo. O lugar era detestável; seus vizinhos eram putas, malandros do ganho eventual e funcionários medíocres do comércio. Não tinha escolha. Aliás, achou o lugar perfeito para reconstruir sua vida.
Os primeiros dias foram terríveis. Se agora Paulo Santos estava livre para ser feliz e encontrar a mulher que lhe pudesse dar tudo aquilo que Das Dores não lhe dava, por outro lado, tinha saudades da comida de Das Dores, da sua rotina do lar sadio, até porque, a única infelicidade que existia em seu lar, dizia respeito somente a ele. Talvez Das Dores fosse feliz, Mas ele, Paulo Santos, não era. O problema residia em seus pensamentos, no seu ego. Por que, então, ficar arrependido? Se voltasse, seria uma derrota das mais humilhantes. Não podia, já tinha feito, já tinha saído de casa. E a pensão dos filhos e de Das Dores? Isso Paulo Santos não queria pensar no momento. Deixaria para outro dia, outra ocasião.
Na sua nova rotina, conheceu Joana, menina de 16 anos, puta desde os doze; Morena, magra, cabelos lisos como Iracema, tinha uma bunda de deixar queixos caídos e um par de seios pequenos e duros. Paulo Santos a conheceu na pensão. Foi num dia de retorno do trabalho. Passou no bar do Catarino, trouxe meia dúzia de cervejas numa sacola de mercado e quando estava por abrir a porta do quarto, mirou a morena que acabava de cumprir um programa com o vizinho de Paulo.

– Boa noite, princesa.

– Boa noite, gatinho. Quer fazer um programinha?

– Deixa pra outro dia. Tô sem dinheiro, mas deixa seu telefone.

– Toma meu cartão. Aí tem meu número e meu e-mail. Faço tudo, tá. Cobro baratinho, neném.

A voz, a ousadia, o olhar malicioso, a roupa que a deixava mais gostosa maltratavam os instintos de Paulo Santos; tão necessitado, tão mal amado... tão ingênuo.
Bebeu as cervejas e pensou na morena. Foi a primeira vez, desde que deixou o lar familiar, que Paulo Santos não pensou nos filhos, muito menos em Das Dores...
Meses depois de abandonar o lar, Paulo recebia na pensão uma intimação da Vara de Família para comparecer em juízo. Como descobriram seu paradeiro, foi um grande mistério. Tudo aquilo era o início do preço da liberdade... E saiu tão caro...
Na vida amorosa, nada tinha mudado. Vivia só e podia fazer programa com quem quisesse, mas tudo aquilo estava cansando Paulo Santos. Ele queria um novo lar, uma nova mulher, uma nova vida.
Joana vinha sempre as sextas à noite satisfazer seu cliente amoroso. Mas, numa sexta de muito calor e tumultos por toda a cidade, Joana encontrou Paulo Santos completamente bêbado, insuportável. Paulo queria fazer tudo aquilo que não tinha feito até hoje com o corpo de Joana, mas a moça fez-se de durona e os dois acabaram se pegando.
Depois dos visinhos apartarem a refrega, Joana foi embora com um olho roxo e com vários hematomas por todo o corpo. Jurou que ia à delegacia dar queixa, mas deixou de lado e resolveu se queixar com Julim Perneta, marginal da área e cliente dos sábados da morena.
Passaram-se algumas semanas do episódio. Paulo voltou a sua vida de trabalho. Atormentado com a pensão de Das Dores, pois quase todo o seu salário estava com a ex-mulher e os seus filhos pequenos, nada mais que justo, mas, agora, vinha o medo da represália de Julim Perneta. Foi Catarino, dono da birosca da esquina, quem mandou a letra. Julim Perneta gostava de avisar antes aos seus perseguidos.
Três semanas se passaram desde o aviso de Catarino. Paulo resolveu se mudar dali. Estava com muito medo. Mas quando se preparava para deixar a pensão, dois bandidos armados de fuzis invadem seu quarto enchem-no de coronhadas. Paulo Santos é levado até a boca-de-fumo de Julim. Lá, foi torturado, espancado e teve sua genitália cortada! Antes de tudo acontecer, Paulo lembrou dos filhos, do nascimento de cada um, dos momentos felizes com Das Dores, da sua vida, da sua separação. Bateu um arrependimento de tudo. Queria pagar por suas faltas. Queria morrer. Se fosse ali mesmo, que se foda. Tinha chegado a sua hora. Antes de morrer disse a Julim:

– Meus cinco filhos vão sentir minha falta. Das Dores também vai sentir, mas eu mereço o castigo.

Noutro dia, um corpo de um homem desconhecido jazia no meio da favela. Muita gente a observar. Estava nu, todo ensangüentado, com o pênis decepado. Uns diziam que era um bandido de outra favela, outros afirmavam que era polícia, porém, Catarino, ao chegar ao local, disse que era Paulo Santos, um trabalhador recém-separado da família... Pobre diabo. Que Deus o tenha.

FIM

(Silfra Doval – novembro de 2011)

O 'Nem' da Rocinha é Capturado pela PM do Rio

Chefe do tráfico na Rocinha é preso escondido em porta-malas

O chefe do tráfico da favela da Rocinha (zona Sul do Rio), Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso no fim da noite de quarta-feira (9) pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar.
Nem estava no porta-malas de um Toyota Corolla, que foi parado pela polícia na altura do clube Piraquê, na Lagoa, a poucos quilômetros da favela, após informações de inteligência terem apontado que o traficante, um dos mais procurados do Rio, estava no carro.
O motorista do veículo, primeiramente, se identificou, segundo a polícia, como cônsul do Congo e alegou imunidade diplomática para não permitir que o carro fosse revistado. Diante dessa afirmação, os policiais do Batalhão de Choque decidiram escoltá-lo até a Polícia Federal. O motorista, então, teria oferecido suborno aos PMs, que lhe deram voz de prisão. A verdadeira identidade do motorista ainda não foi divulgada.

POLICIAIS PRESOS

Nem foi preso poucas horas depois de a Polícia Federal ter detido o seu braço-direito, conhecido como Coelho, e outros quatro traficantes, juntamente com três policiais civis e dois ex-policiais militares que faziam a sua escolta.
A PF diz que intensificou operações de inteligência ao saber que a Rocinha seria ocupada, e que recebeu informação de que haveria fugas.
Os policiais detidos entraram na favela em quatro veículos e deixaram o morro pela saída da rua Marquês de São Vicente, na Gávea.
Os policiais e os traficantes estavam armados, mas não houve troca de tiros. Alguns dos bandidos viajavam nos porta-malas dos carros.
Além das prisões, a PF apreendeu cinco granadas, 11 pistolas, três fuzis, carregadores, munição e uma quantidade não especificada de dinheiro em reais e euros.
As fugas foram motivadas pelo plano do governo do Estado de ocupar a favela no próximo domingo, no primeiro passo para a instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). A Rocinha é uma das maiores favelas do Rio e sua pacificação é considerada como um passo-chave para a política de segurança do governo Sérgio Cabral.

CHEFE DO TRÁFICO

Segundo a polícia, por causa da iminente ocupação policial, o traficante Nem havia decretado desde a semana passada um toque de recolher para comerciantes e moradores, segundo investigação da Polícia Civil. O traficante também teria limitado a circulação de motociclistas.
Apontado como um dos líderes da facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos), o traficante Nem controla a Rocinha desde novembro de 2005 e possui nove mandados de prisão contra ele.
Uma investigação da Polícia Civil confirmou que Nem recebeu atendimento médico na manhã de segunda-feira (7) na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) da Rocinha.
Na ocasião, o traficante teria ido à UPA acompanhado de seguranças armados com fuzis. A Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela unidade, não confirma o atendimento ao criminoso, mas também não nega o fato.
Uma das informações recebidas pela Polícia Civil é de que Nem teria procurado atendimento porque teria tido uma convulsão após misturar álcool com ecstasy durante uma festa realizada na Rocinha entre a noite de domingo (6) e a madrugada de segunda-feira.

(Por Folha.com – 10/11/2011)


A conclusão a que chegamos sobre essa megaoperação da Polícia Federal com as demais polícias do Rio de Janeiro para capturar o bandido ‘Nem’ e seu bando é muito simples: o poder legal constituído, quando quer, faz acontecer, isto é, através de um serviço de inteligência eficiente – e é assim que se tem que combater o crime organizado – conseguiu prender um dos bandidos mais procurados do Rio.
A Rocinha é a maior favela do Brasil e o seu processo da pacificação é muito complexo, pois o próprio terreno dificulta o acesso da polícia ao topo do morro. Desde a ocupação do Complexo do Alemão, a Secretaria de Segurança do Rio já havia declarado que a Rocinha seria a próxima comunidade a receber a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), desde então, as polícias, Civil e Militar, traçavam planos de como seria essa ocupação.
A Polícia Federal também contribui para o sucesso da operação, o serviço de inteligência foi decisivo para captura de ‘Coelho’, espécie de 02 da Rocinha, e mais quatro traficantes, além, para surpresa de todos, da prisão de três policiais que faziam a escolta do bando.
Parabéns à Polícia Federal do Rio de Janeiro. Parabéns à Polícia Civil e à Polícia Militar.
Polícia não precisa subir morro e trocar tiros com traficantes para resolver o problema do crime organizado no Rio, até porque, quem sofre com tudo isso são os moradores, trabalhadores que não são bandidos.
O exemplo do eficiente serviço de inteligência da Polícia Federal e das demais polícias do Rio mostra que é assim que o Estado tem que coibir o tráfico, agindo primeiro com os informes e informações, para depois agir com firmeza. Foi assim que foi feito em Medellin, na Colômbia.
Mais uma vez, parabéns às polícias envolvidas.

(Por Franco Aldo – 10/11/2011 – às 08:41hs)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Mais uma Morte por Erro Grosseiro da Enfermagem

(Stephanie Teixeira, de 12 anos, morta após receber aplicação de vaselina na corrente sanguínea, ao invés de soro)


Recém-nascido morre após receber leite na veia em hospital de SP

Um bebê de 12 dias morreu nesta segunda-feira (7) após receber 10 ml de leite materno na veia no hospital municipal Professor Mario Degni, na zona oeste de São Paulo.
De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública, Kauê Abreu dos Santos nasceu prematuro e estava internado na UTI do hospital.
Segundo depoimento do pai da criança, sua mulher deixava leite materno em um frasco todos os dias no hospital, para que bebê fosse alimentado por sonda nasal. Além do leite, o menino recebia medicamento pela veia.
Ainda segundo o relato do pai à polícia, por volta da 0h da segunda-feira o bebê recebeu 10 ml de leite pela veia, em vez do medicamento. No momento, a equipe do hospital contava com dois médicos, uma enfermeira e cinco auxiliares, segundo a secretaria.
De acordo com a secretaria, depois de 30 minutos a equipe médica percebeu que o recém-nascido teve queda no nível de oxigênio. Seu estado de saúde piorou, e ele morreu às 7h25.
O caso foi registrado no 51º DP (Rio Pequeno) como homicídio culposo e é investigado pela polícia.
A Secretaria Municipal de Saúde afirmou em nota que "considera inaceitável este tipo de ocorrência" e disse que instaurou inquérito administrativo para apurar o caso. Segundo a secretaria, a auxiliar de enfermagem envolvida foi demitida.
A secretaria afirmou ainda que lamenta a morte do bebê e disse que a direção do hospital está à disposição da família para esclarecimentos.

(Por Folha.com – 08/11/2011)

Mais um caso de erro grosseiro na saúde e, pelo que tudo indica, mais um profissional de enfermagem pode estar envolvido.
Como se não bastasse o caso das trocas dos frascos de soro por vaselina líquida, ocorrido em 2010 com a menina Stephanie Teixeira, de 12 anos, agora mais um erro que choca e que põe em alerta e desconfiança a qualidade do nível de milhares cursos de enfermagem espalhados pelo Brasil.
A procura pelo curso de técnico em enfermagem é grande, pois o mercado oferece muitas chances de emprego, seja na iniciativa privada, seja na pública. Daí, para atender essa demanda, surgem, cada vez mais, os cursinhos de técnico em enfermagem e, muitos deles, tem o aval do MEC para funcionarem. Mas infelizmente muitos não oferecem uma preparação adequada, muitos nem laboratório têm. Portanto falta fiscalização no setor. E talvez, esses erros freqüentes sejam um reflexo da má qualidade na formação dos profissionais em enfermagem.
É claro que, talvez, o problema não seja somente isso, mas não podemos aceitar como casos isolados os diversos fatos de erros grosseiros quem vêm acontecendo em várias cidades do país.
Talvez, o problema seja por outros motivos, como por pura falta de vocação do profissional, pois sem muitas opções no mercado, resolve seguir na área de saúde com promessas de conseguir mais facilmente um emprego, ou também, pelos baixos salários da categoria. É claro que falta de vocação e baixos salários não se confundem com falta de responsabilidade. Qualquer um em sã consciência sabe que o momento da aplicação de um medicamento em outra pessoa é um momento crítico, portanto, deve-se redobrar a atenção e, principalmente, ter a certeza de que aquele medicamento é o receitado pelo médico.
O MEC tem que fazer o seu papel, isto é, fiscalizar as instituições de ensino profissionalizante de enfermagem espalhados pelo país.
Os conselhos regionais de enfermagem também têm sua parcela de culpa, pois são através de suas licenças (anuidade do COREN) que os técnicos em enfermagem podem exercer a sua profissão.
As instituições de saúde, sejam públicas ou privadas, devem realizar uma seleção rigorosa na escolha de seus profissionais para que casos como o bebê de 12 dias e de Stephanie Teixeira sejam considerados fatos isolados.

(Por Franco Aldo – 09/11/2011 – às 11:24hs)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Cinegrafista Morre em Favela do Rio - Estado e PM são responsáveis?

Após morte de cinegrafista, favela continua ocupada pela PM

Ao menos um fuzil AR-15 foi apreendido após a morte do repórter cinematográfico da TV Bandeirantes Gelson Domingos da Silva, 46, na favela de Antares, em Campo Grande, zona oeste do Rio. Domingos foi assassinado na manhã de domingo (6) com um tiro de fuzil supostamente disparado por um traficante durante confronto com a Polícia Militar.
A operação policial terminou na noite de domingo, com quatros suspeitos mortos e nove presos. Além do fuzil, a polícia apreendeu três pistolas, quatro carregadores de fuzil, três carregadores de pistola, cinco rádios transmissores, 2.000 papelotes de cocaína, 100 pedras de crack, 13 frascos de lança-perfume (loló), 1.500 porções de maconha, 10 motos, um celular e R$ 3.154.
O objetivo da ação era checar informações da área de Inteligência do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do Batalhão de Choque de que líderes do tráfico fortemente armados se reuniam no local. No entanto, apenas o suspeito Renato José Soares, conhecido como "BBC", apontado como gerente do tráfico, estava entre os presos.
Não foi registrado tiroteio na região na madrugada desta segunda-feira. No início da manhã, homens do Bope, do Batalhão de Choque e do 2º CPA (Comando de Policiamento de Área) reforçaram o policiamento na favela.
O corpo do cinegrafista Gelson Domingos será enterrado nesta segunda-feira no cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio. A cerimônia está marcada para as 15h.
De acordo com o Grupo Bandeirantes, que lamentou a morte do funcionário, Silva deixa três filhos, dois netos e esposa.
Antes de trabalhar para a Band, ele tinha passado por outras emissoras, como SBT e Record. Integrava a equipe da TV Brasil havia dez anos, e na emissora estatal conquistou um Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, com o trabalho "Pistolagem", sobre assassinatos na região Nordeste. Nos últimos dois meses, conciliava a estatal com a TV Band, no programa "Brasil Urgente Rio".
Segundo a empresa, "sempre foi reconhecido pela experiência e cautela no trabalho que exercia". "O Grupo Bandeirantes se solidariza com a família e está prestando toda a assistência", diz a nota.

(Por DIANA BRITO – Folha. Com - 07/11/2011 - 10h21)

A favela de Antares, em Santa Cruz, é considerada uma das mais violentas do Rio de Janeiro. A história de descaso e abandono pelo poder legal nessa região ultrapassa décadas, e a violência sempre foi sua marca maior.
Antares fica localizada em Santa Cruz, um longíquo bairro do Rio de Janeiro. Longe dos prazeres que o Rio oferece, Santa Cruz é um bairro rural, mas que possui, hoje, muitas indústrias, além de um forte comércio.
O conjunto habitacional de Antares foi construído na periferia de Santa Cruz entre os anos 70 e 80, junto com outros conjuntos como o Otacílio Camará (Cezarão), Olímpio dos Santos (Urucânia) e João XXIII.
Nesses conjuntos, a violência sempre foi fator preponderante. Ainda me lembro dum episódio ocorrido há uns 15 anos, talvez menos, não me recordo, num confronto entre bandidos que tentavam tomar o ponto de vendas das drogas em Antares. Foi numa praça do bairro que uma verdadeira cena de filme de terror deu bom dia aos moradores, ao raiar do sol. A praça estava repleta de cadáveres, uns decepados, outros totalmente massacrados por tiros. Os corpos foram dispostos nos bancos, nos brinquedos do playground em todo lugar. Uma cena chocante que fez de Antares ser um lugar temido por todos, até pela polícia.
A morte do cinegrafista da Band, Gelson Domingos da Silva, 46 anos, põe em check algumas questões. A primeira diz respeito à responsabilidade da polícia militar na admissão da cobertura jornalística em confrontos com trocas de tiros, pois, hoje me dia, é comum equipes de reportagens acompanharem as operações policiais, seja no confronto com risco de tiroteio, seja na perseguição e captura de bandidos.
Até que ponto é viável a participação de jornalistas em operações policiais sem por em risco as suas próprias vidas?
É claro que quem entra com a polícia numa favela tem que estar preparado para o pior, mas de quem é a responsabilidade num caso fatal como o de Gelson? Da polícia? Da Band? É difícil apontarmos culpados, mas, talvez, a PM poderia ter sido um pouco mais prudente, quando permitiu a participação da equipe da Band tão próximo ao fogo cruzado. É um caso que tem que ser investigado.
A outra questão diz respeito à própria pocilga que se tornou o conjunto habitacional de Antares.
Os anos e anos de descaso do poder público transformaram o bairro num dos locais mais temidos do Rio de Janeiro. As respostas dos porquês de tudo isso podem ser encontrados na própria localização do bairro. Longe das grandes atrações turísticas do Rio, aliás, longe de tudo e de todos, o sentimento de pertencimento ao Rio de Janeiro passa longe para aqueles que vivem em Santa Cruz, principalmente em Antares.
‘Naturalmente’ o poder público tem muito mais preocupações em manter a ordem em locais mais próximos aos grandes pontos turísticos da cidade, geralmente locais muito mais valorizados, como a Zona Sul, parte da Zona Norte, Barra da Tijuca e outros pouquíssimos bairros do Rio de Janeiro. Os demais bairros, principalmente os localizados na Zona Oeste e Baixada Fluminense, ficam à deriva quando o assunto é segurança pública. Isso também é um fator que explica o surgimento das milícias, principalmente na Zona Oeste.
Antares é violento porque o estado permitiu ser violento. Lá, não mora artista da Globo. Turista que vem ao Rio nem sonha (ousa) pôr os pés por lá. Quem mora em Antares ganha mal, se veste mal, come mal, enfim... vive mal. Num grito de socorro, de lá, que interrompe o silêncio da noite, quem escutará? É claro que ninguém.
Teoricamente, Antares e Santa Cruz fazem parte do Rio de Janeiro... Mas apenas teoricamente.
A morte do cinegrafista da Band tem que ser investigada. Antares tem que ser tomado pelo poder legal constituído, e verdadeiros projetos de socialização devem ser implementados. É um lugar carente. Carece de tudo: de segurança, de saúde, de cultura... De amor.

(Por Franco Aldo – 07/11/2011 – às 12:18hs)