Sejam Bem-Vindos!

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segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Liberdade da TV e as Ações 'Paternalistas' do Estado

Em entrevista ao IG, o todo poderoso da Rede Globo de televisão, Luis Erlanger, afirma que o Estado não deve intervir, isto é, regular as programações que são transmitidas pela sua emissora, principalmente as novelas, e segundo o poderoso diretor, cabe à família brasileira, em pleno exercício de sua liberdade, atribuído pelo estado democrático de direito, decidir aquilo que poderá ser visto por crianças e por toda a família.
Erlanger ainda salienta que “o Brasil vai ter um problema muito grande do ponto de vista cultural, se os cidadãos seguirem padrões de acordo com o pensamento dominante”, como se seu veículo de comunicação fosse algo que não fizesse parte de um sistema ideológico que tem por único fim a moldura de comportamentos previsíveis e passivos.
Ainda sobre o assunto, se o Estado deve ou não tecer dispositivos de controle na programação dos canais de TV, principalmente nas novelas brasileiras, a questão não é fácil. Se de um lado as emissoras reclamam da intervenção do Estado, afirmando que existe hoje em dia uma espécie de censura mais terrível do que nos tempos militares; por outro lado, o Estado e uma minoria parcela da sociedade reclamam por um freio na tão discutida liberdade total dos meios de comunicação, quanto ao teor de suas programações.
E quando a seara recai nas novelas brasileiras, aí sim que o assunto ganha mais discussões acaloradas, pois ninguém é bobo de igualar a importância ideológica das novelas brasileiras, principalmente as globais, com outra programação qualquer, como, por exemplo, um filme.
As novelas fazem parte da cultura brasileira. Nelas, comportamentos são moldados, pensamentos são distorcidos, uma gama muito grande de influência de toda ordem é despejada na sala do lar brasileiro, e isso tudo sem pedir licença. Portanto, a novela é um programa assistido por todos os membros da família, sejam eles crianças, jovens, adultos e velhos. É uma espécie de espetáculo que deve sim ter uma atenção especial quando o assunto diz respeito à liberdade incondicional dos meios de comunicação em relação à programação e aos seus horários. Nessa ótica, o Estado tenta promover ‘ações paternalistas’ com o único objetivo frear os excessos das programações, salvaguardando a célula máter da sociedade, a família. Pelo menos é assim que tem que ser.
Afirmar que a responsabilidade do que é visto na TV recai exclusivamente ao chefe de família, é antes de tudo fechar os olhos para a realidade brasileira, principalmente no que diz respeito à educação.
Num país como o Brasil, onde o nível de analfabetismo ainda é um dos maiores do mundo e que a educação é tratada com indiferença, como se fosse uma coisa inútil, para não dizer um peso; atribuir pesadas responsabilidades, passíveis de traumas incorrigíveis no futuro, a pessoas despreparadas não me parece uma idéia das mais honestas, mas sim de um pensamento egoísta que visa apenas o próprio umbigo.
Seja como for, a discussão não é simples. Se de um lado somos assombrados pelo fantasma da censura e da falta de liberdade de expressão, por outro, temos o perigo de tornar uma sociedade despreparada num verdadeiro pandemônio.

Confira a entrevista.

Luis Erlanger: “Classificação de idade com faixa horária é ataque à liberdade de expressão”

Em entrevista exclusiva ao iG, diretor da Central Globo de Comunicação diz que não cabe ao Estado decidir o que seus filhos vão assistir.

Uma caneca azul que serve como porta-lápis, uma lupa, dicionário da língua portuguesa, computador, troféus. Na mesa de Luis Erlanger ainda há espaço para um leitor de e-books Kindle, dois tablets (iPad e Galaxy Tab), Blackberry, iPhone e celular. “Carrego tudo numa maleta. Além disso, tenho o Slingbox, aparelho que me permite ver TV no iPhone e no iPad”, destaca. Na parede de sua sala, no prédio da TV Globo no Leblon, Rio, há uma televisão de plasma – que ele pede para um funcionário ligar (“Coloca na Globo”) – e uma camisa emoldurada do projeto Criança Esperança (autografada por Fernanda Montenegro).

Erlanger, 56 anos, é, há quase 12, diretor da CGCOM (Central Globo de Comunicação), responsável pela imagem da maior emissora de TV aberta do País e também pela assessoria de imprensa. É pelo seu estratégico departamento que passa todo e qualquer pedido de entrevista com atores e jornalistas do canal, alem da divulgação de novos projetos. Antes, ele foi editor-chefe do jornal O Globo e também diretor editorial da CGJ (Central Globo de Jornalismo). “Acho engraçado quando falam esse negócio de poder. O exercício que tenho aqui é de uma baita de uma humildade procurando ajudar as pessoas e a empresa a divulgar seus produtos. Se tenho inimizades, devo ter por meu estilo espalhafatoso, veemente, voltado à defesa de teses”, diz.

Erlanger aceitou esta entrevista a partir de um pedido informal em uma rede social. Mesma rede que ele utiliza para estar adequado às novas diretrizes propostas pela internet. “Tenho uma filha de 28 anos, uma de 25, de 21 e trigêmeos de 8. Não tem ninguém mais wireless em casa do que eu. Minha mulher até reclama que sou muito multimídia. Faço cursos de psicanálise de vez em quando. Mas fique tranquilo que nunca vou querer cuidar de ninguém. É que acho interessante esta ligação de Freud com a comunicação”, explica.

Em mais de duas horas de bate-papo em sua sala, Erlanger fala da concorrência, das pressões que recebe da sociedade e da obrigatoriedade da classificação indicativa dos programas, o que chama de “ataque à liberdade de expressão”. “No Estado de direito, cabe aos pais decidirem o que seus filhos vão assistir, não meia dúzia de funcionários bem intencionados do Ministério da Justiça”, diz. Na conversa procura demonstrar precisão técnica, mostra tranquilidade ao colocar as ideias e, sem cerimônia, volta a um raciocínio que, por ventura, tenha achado que não expôs com a devida clareza.

A seguir, o que pensa o diretor da Central Globo de Comunicação.

Classificação de idade com faixa horária
“É uma grande ameaça à liberdade de expressão. O que foi feito é que deram um golpe ao se vincular classificação de idade com faixa horária. Reclassificar minha novela das nove para um outro horário inviabiliza minha produção. Porque não tenho outro horário para pô-la no ar. Quando mandamos (para o Ministério da Justiça) a sinopse (de um programa), mandamos com uma proposta de classificação. E eles veem se cabe isso ou não. A TV Globo acha que é um caminho legal avisar aos pais antes da programação o que vai acontecer ali, se vai ter cenas de violência, se vai ter cenas de sexo... Mas cabe aos pais decidirem o que fazer.”

Pensamento dominante
“O Brasil vai ter um problema muito grande do ponto de vista cultural, se os cidadãos seguirem padrões de acordo com o pensamento dominante. A ideia de classificação indicativa começou no governo PSDB e foi implantado pelo PT. Mas nada impede, por estarmos numa democracia, que venha amanhã um partido fundamentalista. Quem decide as seis pessoas responsáveis por esta classificação é o governo. Digamos que tenha um partido que se posicione contra o homossexualismo, o aborto, favorável ao ensino religioso... Se sou presidente eleito por este partido, vou colocar no Ministério da Justiça funcionários que sigam esta cartilha. Olha o perigo.”

Arma branca
“A gente tem mais problemas hoje no Ministério da Justiça do que na época da ditadura. Você pega uma novela das seis, uma cena de uma mulher na cozinha passando manteiga no pão. Aí tem uma algazarra na rua, ela chega na janela, sacudindo a faca e perguntando ‘o que está acontecendo?’. O cara em Brasília diz que a faca é arma branca e se continuar aparecendo vai reclassificar a novela.”

Poder do controle remoto
“A novela ‘A Favorita’, do João Emmanuel Carneiro, tinha a personagem da Patrícia Pillar que era uma serial killer. Vazou que ela ia matar alguém a facadas. Recebemos recados: ‘ó, se aparecer facada, vamos reclassificar’. Aí João ficou quieto e matou a personagem com furador de gelo! Furador de gelo não é arma branca. Lembro da minha juventude, vendo Chico Buarque arrumar artifício para burlar censura, arrumando pseudônimo, fazendo metáforas. Estamos numa democracia. Se você está insatisfeito com algo, use o controle remoto. Quando eu voto, a cada dois anos, não estou transferindo para o Estado o poder sobre minhas decisões.”

Humilhado no cinema
“Você sabe que perdeu seu direito de autoridade como pai quando leva o filho ao cinema. Fui uma vez assistir a ‘Traffic’, com minha filha que tinha 17 anos. É um filme que, na minha cabeça, deveria passar em escolas. Tem traficante morrendo para lá, outro para cá, mas a história central é de uma jovem de 17 anos, de classe média alta, o pai é procurador, ela tem um namoradinho, consome maconha, vai para a cocaína, passa para a heroína... Mostra a tragédia que é o consumo de drogas. Um camarada lá em Brasília achou que a classificação era de 18 anos. Ele pode até colocar isso como recomendação. Mas eu achava importante minha filha de 17 anos ver o filme. Cheguei na porta do cinema e o porteiro esticou a mão falando ‘não entra’. É uma desmoralização. Se não sou um bom pai, que me casse o pátrio poder. É o Estado desqualificando a capacidade dos pais de escolher o que é bom para seus filhos.”

Luta pela liderança
“A gente é uma emissora líder que nunca está confortável com a posição. Queremos melhorar a qualidade e a concorrência, embora estejamos sempre em patamares históricos. Não somos uma TV segmentada, temos 50% de share (totalidade das pessoas com o televisor ligado num determinado período) porque não somos uma TV do homem, da criança ou da dona de casa. Mas da família brasileira. Agora como há dez anos a Globo tem mais do que a soma de todos os demais canais.”

De olho na Classe C
“O que precisamos é manter todos os segmentos da sociedade brasileira representados na nossa programação. Temos que ter 50% da classe A, 50% da classe B, 50% da classe C... Assim, quando percebemos a queda de audiência de uma das classes, reforçamos para voltar com aquele público. Não tem essa de que agora é a classe C. Para ter 50% da audiência total, tenho que ter 50% de todas as classes sociais.”

Manipuladora
“A gente ouve as teses mais malucas do mundo. Quando alguém chega e diz que a Globo manipula a população, está sendo agressivo com a população, por achá-la idiota. Se fosse assim, não precisaríamos brigar dia a dia por esta liderança.”

Um trauma como exemplo
“Cometo vários erros, mas este que vou te contar é histórico e tenho orgulho dele, por servir de aprendizado. Há uns anos, tivemos um plebiscito de venda de armas. Propus à direção, assumo que foi ideia minha, de entrarmos no assunto. Pensei ‘não vai ter ninguém no Brasil contrário à proibição de venda de armas’. A ideia era fazer a maior campanha da história da TV brasileira, entrar de cabeça contra as armas, usar todo o nosso elenco para isso. Conversamos com o Manoel Carlos, que estava com uma novela no ar (“Páginas da Vida”, 2006), e também abraçou a ideia. Ele fez uma cena onde a personagem da Vanessa Gerbelli morria de bala perdida. Teve uma passeata, uma coisa tão esquizofrênica, que até políticos pediram para participar. Aparentemente era algo imbatível. E quanto foi o plebiscito? Favorável à comercialização de armas.”

Campanhas unânimes
“Ninguém tem a capacidade de forçar a população a tomar uma decisão contrária a seus princípios. O que decidimos a partir daí (do plebiscito das armas)? Do ponto de vista institucional, só abraçamos campanhas que correspondam à unanimidade. Campanha de doação de sangue, contra preconceito, a síndrome de down...”

Gays em horário nobre
“Não tem por que deixar de mostrar nas novelas a questão da homoafetividade, se uma parcela da população opta por isso. Temos sim que atacar diretamente a homofobia, mas não corresponde a nós abraçar causas incorporadas ao pensamento coletivo. Não abraçamos bandeiras, mas tratamos de temas que mereçam reflexão. Não tem uma só novela na Globo, a não ser de época, que não tenha alguma mensagem contra homofobia. Os grupos de militância defendem que a gente estique a corda e transforme isso em bandeira. E há um público muito conservador que acha que o simples fato da gente mostrar o homoafeto é um absurdo. Quando temos críticas das duas pontas, é porque estamos no caminho certo.”

Para-raios do bem e do mal
“Um ator ganha um prêmio em Cannes. A notícia é ‘ator tal ganha prêmio em Cannes’. Na semana seguinte, ele volta e é preso com cinco baseados de maconha. A notícia é ‘ator global é preso com maconha’. Quando é mérito pessoal é dele, quando pisa na bola é da TV Globo. Somos uma espécie de para-raios, para o bem e para o mal.”
Componente de arrogância
“Na última análise de pesquisa, sentimos que havia um componente de arrogância com o slogan ‘Globo e você, tudo a ver’. Não é possível que o telespectador goste de tudo da Globo. Não é tudo a ver, é quase tudo a ver. Temos a maioria da audiência do Brasil, porque o telespectador liga na gente. Só tem um motivo para que o telespectador se ligue na gente. É que a gente se liga no telespectador. Então chegamos a este último slogan, o ‘A gente se liga em você’, que tem um sentido afetivo.”

Popular ou popularesco
“É importante distinguir estes conceitos. Ser popular não é ser popularesco. Nós queremos ser populares. Um projeto como ‘O Astro’ é sofisticado. Isso ali na parede (ele aponta para um troféu) é um Leão de Ouro, de 2009. A primeira vez que Cannes criou um prêmio para novas mídias quem ganhou foi a tradicional mídia aberta chamada TV Globo. Olha que curioso. A gente quer fazer um produto popular de qualidade. Uma boa teledramaturgia, um bom jornalismo não têm distinção de classe.”

Freud explica
“A televisão tem uma característica que nenhum outro veículo consegue suprir. É a única que une todos numa só comunhão. Quando você assiste à novela das oito, todos os brasileiros, todos não, a maior parte dos brasileiros vive a mesma emoção que você. O pensador francês Dominique Wolton, no livro ‘Elogio do Grande Público’, foi o primeiro a falar que o rádio não acabou com o jornal, a TV não acabou com o rádio e a internet não vai acabar com a TV. Não existe esta pesquisa do Brasil, mas 30% das pessoas que estão na internet nos Estados Unidos deixam a TV ligada ao lado do computador. As pessoas ficam vendo o jogo da seleção brasileira na TV e comentando o topete do fulano nas redes sociais. Está em Freud. O ser humano quer a sensação de pertencimento.”

Artistas e jornalistas nas redes sociais
“Nas chamadas novas mídias, o jornalista deve seguir as mesmas regras das mídias tradicionais. Você pode, no seu blog ou Twitter, falar de assuntos que dizem respeito à empresa? Não pode. Um âncora da TV Globo pode subir na esquina da Avenida Paulista e fazer um discurso contra a Dilma? Não pode. A pessoa tem que ter o mesmo bom senso na mídia social que tem nas outras mídias. Isso é recomendado para qualquer jornalista da empresa, em qualquer plataforma.”

Dieta de jornalista
“É um sucesso este quadro “Medida Certa”. É da tradição do Fantástico buscar novas linguagens. Há vinte anos, era 95% entretenimento e 5% jornalismo. Era Glória Maria na beira do vulcão, pulando de paraquedas... Hoje é 95% jornalismo e 5% entretenimento. O repórter pode entrar num picadeiro, desde que mantenha os princípios éticos, morais e de credibilidade. Veja o caso do (Pedro) Bial. Ele tem condição de ancorar qualquer telejornal, tratar de assunto de maior seriedade, e passar parte do ano como âncora do Big Brother Brasil.”

Ratinhos de laboratório
“O que não entendo, e queria acompanhar do ponto de vista psicanalítico, é como tem quem entra numa plataforma e perde a noção de privacidade. Os caras se expõem de uma maneira inacreditável. Colocam coisas na internet como se ninguém fosse ver, fotos que não se colocaria na parede de casa. A menina posta ‘corri na praia, estou suada e vou tomar banho’. Isso é coisa que você grita da janela de casa? Preciso ainda fazer uma análise psicanalítica disso. Meu Twitter é um laboratório. As pessoas são ratinhos de laboratório, só entra lá quem quer. Cada vez que coloco ‘não me siga’, entram novos cinquenta para me seguir. Tenho 13 mil seguidores.”

(Por IG - 25/07/2011)

domingo, 24 de julho de 2011

Massacre na Noruega e a Morte de Amy Winehouse

Eu ainda não assimilei bem o massacre ocorrido na Noruega. Não me entra na cabeça que motivos políticos ou religiosos sejam a causa da morte de mais de 90 pessoas inocentes. É a barbárie. Muita gente acha que atentados como o 11 de setembro, o massacre de Realengo e, agora, o da Noruega são causados por intolerância religiosa e política, ou, mesmo puro reflexo de uma realidade perturbada, movida a relacionamentos cada vez mais secos e a indiferença daqueles que não se conhecem. Tenho a impressão que é um pouco de cada coisa, mas prefiro acreditar no reverso disso tudo. Não é por falta de religião ou, mesmo, devido a distorções no conceito da salvação e a imposição de um individualismo que beira a mesquinhez, mas sim uma espécie reveladora de quem realmente somos. Fruto do vazio moderno?
A barbárie sempre existiu no mundo, seja lá na antiga civilização romana, ou, mesmo já no aterrorizador período medieval, portanto ela existe e talvez sempre existirá. Os motivos porém eram outros ou mesmo bem vivos hoje em dia, isto é, com vínculos visíveis e palpáveis no que existe hoje.
A reflexão deve ser a saída para tudo isso, mas não um pensamento alienador, tendencioso ao extremo, com fins puramente interesseiros. Por isso ela deve existir.
Assim como o massacre na Noruega que pode revelar causas assustadoras e incompreensíveis no hoje, a morte de Amy Winehouse, uma espécie de suicídio previsto por todo o mundo, tem também bons motivos para que possamos pensar melhor o mundo em que vivemos. A cantora que provavelmente morreu de overdose pode ser o símbolo de uma mente que reclamava mudanças ou mesmo uma personalidade vítima de todo um mundo jogado a sua sorte. Seja como for, não será a última overdose, como também haverá outros ataques terroristas que levarão à morte mais inocentes.
Para alguns pode ser até fácil achar justificativas para os dois casos ou até mesmo dizer simplistamente que nada justifica o terrorismo e o suicídio, porém, o problema existe e é bem complexo, pois são poucos aqueles que conseguem enxergar a verdadeira enfermidade.
Que atentados como o da Noruega sejam lembrados pela humanidade moderna como mais uma vergonha a ser combatida, fruto de um vazio social, e que as drogas que vitimaram Amy sejam cada vez mais rechaçadas, não só pelas forças legais, como também por toda a sociedade.

(Por Franco Aldo – 24/07/2011 – às 10:04hs)

sábado, 23 de julho de 2011

O Momento Certo de Indignar-se com a Corrupção

EM TORNO DA INDIGNAÇÃO

Muitas pessoas afirmam que a corrupção chegou a níveis intoleráveis. E algumas, como Juan Arias, editor do El País, perguntam por que os brasileiros não se indignam. Em vez de buscar as causas sociológicas e econômicas, tão debatidas nos artigos sobre o tema, procuro utilizar também a memória.
Os governos Juscelino Kubitschek e João Goulart eram acusados de corrupção. É possível até dizer que os oficiais da Aeronáutica que promoveram a Revolta de Aragarças achavam a corrupção intolerável e não entendiam por que os brasileiros não se indignavam. No período Goulart havia uma forte ligação entre sindicatos e governos. Movimentos independentes no setor só surgiram no fim da década de 1960, com as greves de Osasco e Contagem. Na época anterior à ditadura, como agora, as denúncias de corrupção parecem ser apenas um contraponto oposicionista e figuram como um episódio lateral ao impulso desenvolvimentista de JK ou ao projeto de reformas de base de Goulart.
O pensamento da esquerda no poder é semelhante. Para ela, a floresta é o desenvolvimento com distribuição de renda. A corrupção é apenas uma árvore torta que insistimos em denunciar. Nesse quadro, a História do Brasil contemporâneo seria circular, com as realizações se desdobrando e algumas forças, à margem, gritando contra a corrupção.
Muita coisa mudou. O projeto de desenvolvimento recheado de corrupção não é sustentável. Novos e poderosos instrumentos estão à disposição de brasileiros muito mais bem informados que no passado. Nem sempre é preciso ir às ruas: 50 pessoas em Nova Friburgo conseguiram se organizar para pressionar a Câmara por uma CPI independente. O governo tinha maioria, mas elas venceram. Minúscula exceção, numa cidade atingida pela tragédia.
Mas a verdade é que em outros campos há também resistência. É o caso da resistência contra o mais importante ator econômico do momento: a associação do governo com alguns empresários, fundos de pensão e o BNDES. Esse grande ator é percebido de forma fragmentária. Ora se esforçando para tornar viável a usina de Belo Monte, ora no varejo tentando fundir Pão de Açúcar e Carrefour, ora sendo rejeitado no seu progressismo ingênuo, como no projeto do trem-bala. Sua ação articulada nem sempre é percebida como a de um novo ator. Exceto pelos vizinhos latino-americanos, que o consideram - a julgar pelo seminário internacional realizado no iFHC - um elemento singular do capitalismo brasileiro. Apoiadas no BNDES, as empresas brasileiras tornam-se mais competitivas no exterior. Mas trazem a desconfiança como um efeito colateral.
Cheguei, num certo momento, a comparar Lula-Dilma com Putin-Medvedev. E o capitalismo dirigido pelo Estado como fator que aproximava as experiências de Brasil e Rússia. Mas o desenrolar da crise de 2008 foi diferente para os dois. A Rússia sofreu mais que o Brasil e a interpretou como sinal para modernizar algumas áreas, privatizando-as. O Brasil, como uma oportunidade para ampliar o papel do Estado.
Pode-se compreender a demanda de indignação. Mas o sistema político está dominado, há um ator econômico poderoso e o governo emergiu vitorioso das eleições. Não há desemprego de 40% entre os jovens, como na Espanha. Ainda assim, houve indignação em Teresópolis, revelada em inúmeras manifestações. O movimento esbarrou no próprio processo político, pois conseguiu uma CPI e ela foi controlada pelo governo. O que as pessoas decidiram? Continuar manifestando indignação ou voltar à carga no momento eleitoral, quando o sistema fica mais vulnerável? Optaram pela última alternativa. Na Espanha foi a proximidade das eleições que permitiu o avanço dos indignados, mesmo sem a pretensão de disputar cargos.
Parte dos brasileiros acha que a corrupção é um preço que se paga ao desenvolvimento. Um setor da esquerda não somente acha isso, como confere uma qualidade especial ao desvio de dinheiro para causas políticas: os fins justificando os meios. Não se pode esquecer que 45 milhões votaram na oposição depois de oito anos do mesmo governo. Não eram da UNE nem da CUT.
A corrupção no Ministério dos Transportes é bastante antiga. Às vezes ele muda de mãos, passa de um partido a outro. Para os que conhecem o processo político brasileiro, a notícia não foi surpresa. As denúncias de corrupção sucedem-se diariamente e não se resolvem dentro dos canais parlamentares. Se os eleitores se indignarem, ostensivamente, podem se transformar numa indignação ambulante. As próprias pessoas que pedem hoje que se indignem vão achá-las monótonas e repetitivas. Para que os que têm o potencial de se indignar, coloca-se a questão da oportunidade exata, do preciso emprego da energia. Navega-se num sistema político cada vez mais distante, tripulado por um gigantesco ator econômico e um crescimento com viés inclusivo. Quando o adversário é ao mesmo tempo indiferente, opaco e poderoso, a indignação social tem hora.
É um problema deixar de se indignar com uma corrupção que mata, como na saúde e nos transportes, e aniquila sonhos, como na educação. Mas também é um problema indignar-se e voltar para casa de mãos vazias.
A indignação na Espanha ocorreu num momento em que poderia crescer. Ainda assim, como não se voltou para a ocupação de espaço institucional na política, seus resultados estão em aberto. O caso de Teresópolis mostrou que sem uma contrapartida institucional as melhores aspirações se afogam no pântano do próprio sistema político. O que torna a questão mais complicada do que pura e simplesmente se indignar às vésperas das eleições. É necessário vencê-las ou, no mínimo, eleger uma oposição de verdade.
A pergunta de Juan Arias é legítima. Mas seria ilusório pensar numa resposta simples, como se houvesse no enigma uma espécie de bala de prata, uma descoberta que pusesse a indignação em movimento. Em processos complicados, uma das respostas mais sábias é a do comercial de televisão: Keep walking.

(Por Fernando Gabeira - O Estado de S.Paulo - 22 de julho de 2011 | 0h 00)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Diversão do Brasileiro

O que o brasileiro mais faz para se divertir, na métrica do Google

Domingo é dia de futebol, e de shopping. Sábado é dia de cinema, e de bar. Os lugares comuns sobre os hábitos dos brasileiros são comuns mesmo. É o que mostra o Google Trends, uma ferramenta que mede o quanto uma palavra ou expressão foi procurada no Google a cada dia.
O gráfico abaixo mostra que os brasileiros têm hábitos regulares no seu divertimento. Os picos da curva verde (que representa as buscas pela palavra “futebol“) são sempre aos domingos (26 de junho, 10 de julho e 17 de julho). Já os da curva amarela (“shopping“) são sempre aos sábados (2, 9 e 16 de julho), com exceção do primeiro. É que nessa semana houve um feriado nacional (Corpus Christi) e a procura pelas compras foi antecipada.
A curva azul clara marca a busca pela palavra “cinema” e tem seus picos aos sábados (ou no feriado). Seu desenho é muito semelhante ao da curva amarela, com os mesmos vales e picos, uma prova de como o hábito de ir ao cinema está cada vez mais associado ao de frequentar o shopping center.
A curva vermelha, com seus cumes aos sábados, ilustra a busca pela palavra “bar“. E a azul escura, com picos aos domingos, mostra a pesquisa por “pizza“.
Essas curvas se referem aos últimos 30 dias, mas se repetem com as mesmas frequências semanais em quaisquer outros meses passados. Pode conferir clicando no gráfico. Uma curiosidade: se você substituir qualquer uma das palavras por “hospital”, verá que essa busca se concentra habitualmente às segundas-feiras.
(Por Jose Roberto de Toledo 19.julho.2011 21:41:55)

Não sei como a informação, ou melhor, a pesquisa acima pode ajudar no dia a dia, mas não deixa de ser interessante.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

As Belas Paisagens do Forte de Copacabana

(Vista do portão de entrada do Forte, o "Portão das Armas")

Quem vai ao Rio de Janeiro curtir as belezas naturais da cidade, a praia de Copacabana é parada obrigatória. Se não, vejamos, é como visitar Roma sem conhecer o Coliseu ou o Vaticano, pode? Mas, fora a famosa praia, Copacabana esconde surpresas que vale apena conhecer, como o Forte de Copacabana.

(Vista da praia de Copacabana e do Leme com céu encoberto)

O Forte situa-se na ponta de Copacabana, quase próximo ao Arpoador, e a vista é simplesmente de tirar o fôlego, o visitante tem uma das mais belas visões do mundo; toda a orla de Copacabana e do Leme, e ao fundo o morro do Pão de Açúcar. Espetacular. Além de belas paisagens, o Forte conta com uma boa programação cultural como museu, teatro, danças e apresentações diversas, além disso, o turista pode aproveitar a bela paisagem ao som de boa música ao vivo, sem falar no chopinho gelado da Confeitaria Colombo ou, para os mais exigentes, a apreciação de um bom vinho. Um passeio jóia e que não custa caro.

(Vista aérea do Forte com seu canhão protetor)


Oficialmente denominado como Museu Histórico do Exército / Forte de Copacabana (MHEx/FC), o Forte foi palco de acontecimentos importantes da História do Brasil, como o levante dos "Dezoito do Forte" (de 2 a 6 de julho de 1922), tendo os revoltosos disparado sobre o Forte do Leme e outras fortalezas, e sofrido o bombardeio da Fortaleza de Santa Cruz.

(Os 18 do Forte)

Sobre a sua construção, suas origens vêm do século XVIII, O projeto para construção de uma fortificação na ponta da igrejinha de Nossa Senhora de Copacabana, ao final da então praia de Sacopenapã, remonta à época da transferência da capital do Brasil, do Salvador para o Rio de Janeiro (1763). Sob o governo do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779), foram iniciadas obras para esse fim, em 1776, na iminência de invasão espanhola que se materializou, no ano seguinte, contra a Colônia do Sacramento e a ilha de Santa Catarina, no sul da Colônia. Talvez por essa razão, as obras desse pequeno forte jamais foram concluídas. A obra foi inaugurada como Forte de Copacabana em 28 de setembro de 1914, ao custo de 2.946:951$408 réis (GARRIDO, 1940:124). Classificado como de 1ª Classe pelo Aviso nº 1.761 de 29 de setembro de 1914, foi considerado, à época, a mais moderna praça de guerra da América do Sul e um marco para a engenharia militar de seu tempo. O seu primeiro comandante, nomeado em 1912, ainda durante a construção, foi o Major Antônio Carlos Brasil.
Hoje, o Forte de Copacabana atrai muitos turistas e assim como a praia é uma parada obrigatória quando o assunto são os encantos naturais do Rio. Vale a pena conferir.

(Por Franco Aldo – 18/07/2011 – às 12:27hs)

domingo, 17 de julho de 2011

Depois do Vexame Argentino, agora o Brasileiro

A Copa América de 2011 está trazendo grandes surpresas, pois das três seleções candidatas ao título (Brasil, Argentina e Uruguai), somente o Uruguai ainda está disputando o título. Mesmo com a classificação para as semifinais, nos pênaltis sobre a Argentina, a celeste olímpica ainda não convenceu na competição, entretanto está viva, muito viva.
Já Brasil e Argentina, muita coisa existe em comum no fiasco das duas seleções. Se do lado Argentino, Sergio Batista é uma unanimidade negativa, agora com a eliminação brasileira, Mano Menezes sofrerá muita pressão e já está recebendo muitas críticas por parte da imprensa. Mas o fato é que as duas seleções têm que evoluir muito, e o gozado é que o problema não é por falta de bons jogadores, mas por falta de entrosamento e por um bom esquema tático. O problema será a comissão técnica? Não sei, mas existe algo errado nos dois lados, tanto no Brasil, como na Argentina.
Com a pífia participação das duas maiores potências da América do Sul, sinceramente, não sei qual foi o vexame maior, se da Argentina, por ter perdido a Copa América em casa e com uma atuação sonolenta do melhor jogador do mundo, ou o Brasil, por ter sido eliminado pelo Paraguai nos pênaltis, sem ter convertido nenhuma penalidade. Fica minha dúvida.
Mas, não podemos nos esquecer que a eliminação da Argentina para o Uruguai foi absolutamente normal. O problema foram os jogos anteriores. A Argentina jogou mal toda a Copa América e sua péssima participação resultou no confronto logo nas quartas-de-final com o Uruguai. Uma pena, de qualquer modo foi bem feito.
Já o Brasil, sua atuação na competição foi parecidíssima com a da Argentina. Não convenceu e quando jogou bem, perdeu vexatoriamente; conseguiu a proesa de perder quatro pênaltis seguidos. Já vai tarde. Pior que os péssimos resultados são as fantasiosas e evasivas entrevistas, principalmente as de Mano Menezes.
As surpresas são o Peru que eliminou a Colômbia (por 2 X 0) e, principalmente, a Venezuela que eliminou o Chile (por 2 X 1). Zebra? Historicamente pode até ser, mas circunstancialmente não, pois além de ter demonstrado um bom futebol, Venezuela e Peru contaram com a sorte de atuações apagadas dos grandes favoritos. Agora, as semifinais ficaram assim:
Uruguai X Peru e Paraguai X Venezuela.

(Por Franco Aldo – 17/07/2011 – às 20:23hs)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Os Atletas 'Militares' dos Jogos Mundiais Militares

A respeito dos Jogos Mundiais Militares, estava na dúvida quanto ao plantel de atletas que defenderá as cores verde-amarela, pois quem já foi do meio militar, como eu, sabe que, em se tratando de competição, excluindo-se as provas de tiro e maratona, as forças armadas não dão muita atenção, muito menos apoio aos atletas, diga-se militares, que se dispõem à prática esportiva.
Como exemplo, o futebol, apesar de ser o esporte nacional, é tratado no meio militar como brincadeira de criança, até compreensível, pois não se trata da atividade fim dos militares, mas como uma prática voltada exclusivamente ao laser. São raríssimos os campeonatos que acolhem a participação de times militares como forma de descobrir bons jogadores para disputar uma competição de grande nível, como os JMM.
Daí era minha dúvida, mas que foi esclarecida com a reportagem da Folha de São Paulo (abaixo). Portanto são poucos, muito poucos os atletas que são, antes de tudo, militares. Infelizmente, acho que deveria ser o contrário.

Brasil joga com refugos de clubes nos Jogos Militares

Com o reforço de veteranos que não chegaram a ter uma carreira de destaque, a seleção de futebol dá início hoje aos Jogos Mundiais Militares, no Rio de Janeiro, em partida contra a Argélia.
O time incorporou Fábio Augusto (ex-Corinthians e Flamengo), o goleiro Brás (que jogou no Americano), Luiz Fernando (ex-Bahia) e Francis (ex-Portuguesa).
Todos se alistaram no Exército ou na Marinha, a partir de edital para convocar interessados em defender o Brasil no gramado militar.
O técnico brasileiro, tenente-coronel Davi Silva Teixeira de Souza, afirmou que o Brasil não é o único a lançar mão de atletas profissionais.
Disse que o time de Camarões é o mesmo de uma seleção formada para jogar um torneio na África Central e que o mesmo ocorre nas seleções do Egito e da Argélia.
Mas o técnico acredita na união do Brasil e no tricampeonato na Copa Militar obtido em 2007, 2009, e 2010.
"Futebol é botar os 11 em campo e ir para a guerra", declarou o tenente-coronel.

(Por GUSTAVO ALVES - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO - 15/07/2011 - 08h12)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Argentina Goleia e Messi dá Show

Ontem a Argentina desencantou. Goleou a fraca Costa Rica por 3 X 0, com direito a show de Messi. Em todo o jogo, o melhor do mundo serviu seus companheiros mais de 10 vezes, porém, numa noite ruim para Hinguain que perdeu, pelo menos, três chances cara-a-cara com o gol costarriquenho, no entanto, Agüero (2) e Di Maria (1) foram mais competentes e deixaram suas marcas.
Agüero também estava numa noite de gala; fez dois gols, deu dribles sensacionais e poderia ter feito outros gols. Foi um monstro e não é à toa que é artilheiro do time com três gols.
Do começo ao fim, a Costa Rica limitou-se apenas a se defender e se defendia mal, pois quase em todas as jogadas a Argentina chegava com perigo, mas falhava no arremate final, principalmente quando nos pés de Hinguain.
A apresentação da Argentina ganhava tons dramáticos, pois até aos 44 do primeiro tempo não havia ainda marcado, mas foi numa bola chutada por Gago, após uma espirrada da zaga, que Agüero empurrou pro fundo das redes, aos 46’, após defesa com os pés do goleiro Moreira. Era o que a Argentina precisava para fazer mais gols e selar de vez a sua classificação.
Se o adversário não foi lá essas coisas, todos nós sabemos, mas o fato é que a vitória deu mais tranqüilidade para o elenco argentino, principalmente para Messi que vinha sofrendo forte pressão da imprensa local e de torcedores ofuscados pelo brilho longínquo de Diego Armando Maradona.
A Argentina segue na competição e seu próximo adversário será o segundo colocado do Grupo C, que pode ser o Uruguai, que entrou na competição como favorito e também empatou duas vezes nas primeiras rodadas. Peru, México e Chile também podem entrar no caminho dos argentinos.

(Por Franco Aldo – 12/07/2011 – às 11:30hs)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Brasil e Argentina: Times em Construção

TIMES EM CONSTRUÇÃO – AS DUAS ARGENTINAS

A noite de segunda-feira tem um jogaço marcado e não há hipótese de ser diferente o Argentina x Costa Rica. Ou a Argentina deslancha e o jogo será espetacular, por Messi e Cia., ou a Costa Rica dificulta o jogo e a partida valerá pela emoção.
Nesse caso, vai ser um tango!
O Brasil tem mais justificativas para jogar mal do que a Argentina, na Copa América, porque é mais jovem. Mas, como o time de Mano Menezes, os argentinos têm uma equipe em formação.
É duro, muito duro começar um trabalho que rompe com o anterior e não deixa nenhum ponto em comum. Se Kaká estivesse na seleção de Mano, haveria um fio condutor com o que restou de Dunga.
A Argentina tem Messi, Tevez, Agüero, Higuaín e um enorme complexo de inferioridade. Nas ruas, percebe-se o que o país perdeu nas últimas décadas. A cabeça erguida, às vezes confundida com prepotência, diminui à medida em que aumentam os problemas sociais. No futebol, isso se reflete.
A Argentina só pensa em copiar o Barcelona. Em 2010, Maradona imitou o 4-2-3-1 com que Guardiola escalava o Barça. Messi era o armador, enganche, como se diz por aqui.
Em 2011, Batista tentou o 4-3-3 com Messi escalado como atacante centralizado, como no Barcelona. Como Banega e Cambiasso não são Xavi e Iniesta, não podia dar certo.
Hoje, o time volta ao modelo do ano passado com Messi armando e Higuaín como centroavante. O armador, Pastore, parece mais necessário do que o centroavante. Batista pensa diferente.
Impossível piorar. Ao lado da escalação, deveria vir a placa: time em construção. Na Copa América, a Argentina não é eliminada na primeira fase desde 1983. Pode ser hoje. Não precisa torcer contra. Vitória do time de Messi por 2 x 0 permite ao Brasil passar com empate contra o Equador, na quarta.

(Por Paulo Vinícius Coelho – Estadão – 11/07/2011)

Não há dúvidas que a Argentina tem muito mais responsabilidade em mostrar um futebol decente que o próprio Brasil, até porque é a anfitriã, possui o melhor jogador do mundo e tem muito bons jogadores no seu elenco, já acostumados ao peso da camisa azul e branca.
Enquanto isso, o Brasil possui um time jovem e desentrosado, e a Copa América está servindo de grande teste, principalmente para os meninos do Santos, Neymar e Ganso. É o preço que se tem de pagar pela falta de experiência e entrosamento. Mesmo assim, contra o Paraguai, o Brasil deu lampejos de melhoria, principalmente com a escalação de Jádson, autor do primeiro gol brasileiro.
Mano Menezes tem muito trabalho pela frente e várias dúvidas, mas com a boa atuação de Jádson e do gol salvador de Fred, acho que esses dois dificilmente deixarão de ser titulares no próximo e decisivo jogo contra o Equador.
Já a Argentina tem que mudar se quiser melhorar. A cada jogo, fica claro que Lavezzi é banco e que Agüero tem vaga no time. Outros nomes como Di Maria, Pastore e Gago deveriam, na minha opinião, ser titulares, mas Sergio Batista apostou em seus fiéis escudeiros, Banega, Cambiasso e o velocista Lavezzi.
Hoje tem mudanças. Entra Gago no lugar de Banega que vinha jogando absolutamente nada. Agüero no lugar de Lavezzi e Di Maria no lugar de Tevez. Enquanto isso, o melhor jogador do mundo segue sorumbático e intocável. Os argentinos e o mundo têm que aceitar que Messi não é o Barcelona, é apenas mais um jogador que se encaixou muito bem na engrenagem do time catalão e que com isso, angariou o título de melhor jogador do mundo.
Messi até agora não jogou, pois não tem ninguém pra jogar com ele. Cabe a Batista encontrar os jogadores certos para que a magia do camisa 10 comece a funcionar. Enquanto isso não ocorre, observaremos um jogador sonolento e perdido nos jogos, mas que, a qualquer momento, pode surpreender com uma jogada genial.
O jogo de hoje contra a Costa Rica é decisivo para a Argentina e para a permanência de Sergio Batista no comando do time. Acho muito difícil a sua permanência em caso de uma eliminação precoce, mesmo que os dirigentes da AFA admitam outro discurso.

FICHA TÉCNICA
ARGENTINA X COSTA RICA

Local: Estádio Mario Alberto Kempes, em Córdoba (Argentina)
Data: 11 de julho de 2011, segunda-feira
Horário: 21h45 (de Brasília)
Árbitro: Francisco Chacón (México)
Assistentes: Marvin Torrentera (México) e Luis Sanchez (Venezuela)

ARGENTINA: Romero; Zabaleta, Burdisso, Gabriel Milito e Zanetti; Mascherano, Gago e Messi; Aguero, Higuaín e Di Maria
Técnico: Sergio Batista

COSTA RICA: Moreira; Acosta, Duarte e Calvo; Salvatierra, Leal, Cubero, Mora e Madrigal; Campbell e Martínez
Técnico: Ricardo Lavolpe

(Por Franco Aldo – 11/07/2011 – 13:12hs)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

CURTAS: Copa América, FLIP, Cielo e Bueiros

Curtas 1: Hoje, pela Copa América, a anfitriã tentará ‘estrear’ na competição contra a Colômbia, líder do grupo ‘A’. Para os Argentinos só a vitória interessa, qualquer outro resultado pode significar profundas mudanças no time, além de reforçar as fortes pressões quanto à queda do técnico Sergio Batista. Do outro lado, os colombianos sonham com uma vitória para selar de vez sua classificação na competição, mas um empate já será de bom tamanho e bastante catastrófico para os argentinos.
Um jogo bem interessante e que vale a pena assistir.

FICHA TÉCNICA:
ARGENTINA X COLÔMBIA

Local: Estádio Brigadier General Estanislao López, em Santa Fé (Argentina)
Data: 6 de julho de 2011, quarta-feira
Horário: 21h45 (de Brasília)
Árbitro: Sálvio Spínola Fagundes (Brasil)
Assistentes: Marcio Santiago (Brasil) e Luis Abade (Peru)

ARGENTINA: Romero; Zanetti, Burdisso, Gabriel Milito e Zabaleta; Mascherano, Cambiasso e Banega; Messi, Tevez e Lavezzi
Técnico: Sergio Batista

COLÔMBIA: Luis Martínez; Zuñiga, Perea, Yepes e Armero; Carlos Sánchez, Abel Aguilar, Guarín e Adrián Ramos; Rodallega e Falcao García
Técnico: Hernán Darío Gómez.


Curtas 2: A 9ª edição da FLIP (Feira Literária Internacional de Paraty) começa hoje, às 19hs. O grande homenageado do evento será Oswald de Andrade, grande nome da Semana de Arte Moderna de 1922, em "Oswald de Andrade: Devoração e Mobilidade".
Até o momento, as grandes sensações, que esgotaram os ingressos, são a mesa de João Ubaldo Ribeiro e a conferência de abertura de Antonio Candido.
Vale a pena conferir.

Curtas 3: São muito estranhas as desculpas dos envolvidos no caso do doping de Cielo e Cia. Não me entra na cabeça responsabilizar uma farmácia (Anna Terra) por ter ‘errado’ na higiene, portanto nos padrões de segurança na manipulação de medicamentos. Essa história está muito mal contatada, até por que a farmácia não assumiu a responsabilidade.
Se a farmácia foi a responsável pelo episódio, o que me espanta em tudo isso é o amadorismo de um atleta de nível altíssimo, padrão de grande vencedor olímpico, se sujeitar aos trabalhos de pessoas que não prezam pelo mínimo de segurança na manipulação de remédios, a higiene. Uma farmácia ‘fundo de quintal’.
Essa história precisa ser esclarecida.


Curtas 4: Enquanto assistimos à Copa América, à novela das nove e à farra com o dinheiro público nas obras da copa, bueiros, a todo o momento, explodem no Rio. Um perigo. O Prefeito, Eduardo Paes, já disse que está cansado de multar a Light (cada explosão vale R$ 100.000,00) e o único recurso, a gora, é a esfera penal.
Até o momento a ANEEL está omissa quanto a sua parcela de responsabilidade. A direção da Agência alegou que não recebeu qualquer reclamação quanto aos problemas com os bueiros no Rio. Mas precisa? É um absurdo. O problema está exposto para a toda a sociedade e a ANEEL tem a cara de pau de dizer que não recebeu nenhum comunicado? Tem algo errado nisso tudo, não só a proeza da Light de afirmar que ‘não sabe’ do porquê das explosões, como também a inércia da ANEEL. Uma vergonha.

(Por Franco Aldo - 06/07/2011 - às 10:45hs)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Fim da Greve dos Professores da Rede Pública Estadual do MT

Governo pressiona e professores acabam com a greve em Mato Grosso
Estudantes devem voltar às salas de aulas na terça-feira (4),
Aulas perdidas deverão ser repostas nas escolas estaduais, diz Seduc.


Após 29 dias em greve, os professores da rede estadual de ensino em Mato Grosso decidiram suspender a paralisação, em assembleia geral, realizada na tarde desta segunda-feira (4), na Escola Presidente Médici, em Cuiabá. Dessa forma, os 445 mil estudantes já devem retomar às aulas nesta terça-feira (5). A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) já havia informado que as aulas deverão ser repostas para não prejudicar o calendário escolar de 2011.
Os professores cruzaram os braços no dia 6 de junho em busca principalmente de melhores salários. Mas de acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (Sintep) em Cuiabá, Maria Helena Bortolo, os professores não resistiram às pressões do governo do estado e decidiram voltar, mesmo não tendo aceitado a proposta de negociação.
Segundo a presidente do Sintep de Cuiabá, o movimento começou a perder força depois que o governador Silval Barbosa (PMDB) anunciou no dia 29 de junho que os pontos dos grevistas estavam sendo cortados. Na sequência, os 30 mil professores recuaram aos poucos com medo dos salários serem descontados pela Secretaria de Educação de Mato Grosso (Seduc).
Além disso, a greve chegou a ser declarada ilegal por uma decisão judicial. No despacho, o juiz José Tadeu Cury também determinou multa diária de R$ 50 mil, que está sendo aplicada desde o dia 27 de junho.
A sindicalista destacou que a proposta do governo foi de pagar o salário de R$ 1.312, a partir de dezembro. Porém, a categoria não aprovou. Ela explicou que os professores querem esse piso e o pagamento retroativo desde o mês de maio deste ano. A categoria também exige a posse imediata dos classificados e aprovados no último concurso público na área da educação, pagamento de hora atividade para professores contratados e mais recursos para a área educacional.

(Por Ericksen Vital Do G1 MT 04/07/2011 18h41 - Atualizado em 04/07/2011 21h12)

Sinceramente não consigo compreender o consenso geral que existe aqui no Brasil a respeito do pouco que se paga a um professor. Fica muito cômodo imaginar que com uma má remuneração, necessariamente, teremos péssimos profissionais e uma educação falida, muito abaixo do que se espera para que tenhamos um mínimo de cidadãos civilizados e atuantes socialmente. Mas é isso mesmo que acontece.
Outros poderão dizer que ‘eles’ querem que as coisas sejam assim mesmo, tudo para que o nível de imbecilidade seja perpetuado e não tenhamos sábios com brios revolucionários. Não acredito exatamente só nessas simples e humildes idéias, mas sim em algo mais, algo que beira a comodismo, cultura e uma falta de cidadania generalizada, principalmente daqueles que detém o poder.
A greve dos professores em Cuiabá só prejudica quem já começa prejudicado nessa história, os alunos, ou melhor, toda a sociedade. A sociedade sabe que a classe em si não tem força para reivindicar uma decente melhoria em seus salários, pois não tem o poder de barganhar nada. O que estarão em jogo? As aulas dos alunos? Quem se importa?
A minha indignação vem de um questionamento simples, por que não pagar um salário digno aos profissionais da educação? Um profissional bem pago tem o estímulo básico para uma desenvoltura dinâmica e participativa. Entre outras coisas sente-se valorizado e integrado verdadeiramente nos destinos da sociedade. Pode não ser o único problema de nossa pífia educação, mas é um calo básico que deve ser corrigido.
Mas a realidade é outra, é obscura e revoltante. Infelizmente, o fato é que quando o assunto for educação, a greve é a solução mais desastrosa que possa acontecer, e isso serve para todos. E esse assunto não tem jeito, pois enquanto os professores estão bivacando por aí, de braços cruzados, dando mostras de uma resistência que beira ao heroísmo, alunos, pais e toda a sociedade observam estáticos, passivos, o desenrolar dessa história, e isso durante os comerciais da novela das nove e no fim do primeiro tempo do futebol. Uma lástima.
Enquanto acharmos que cada um tenha que resolver os seus próprios problemas, nunca vamos mudar o status quo, até porque, o problema dos péssimos salários dos professores de Mato Grosso não é exclusividade da classe, mas sim de todos nós que dependemos da educação de nossas crianças e jovens.
Assim como a educação, saúde e segurança, o problema da má remuneração dos profissionais desses setores é um problema social, comum a todos nós. Enquanto não enxergarmos isso e não sairmos, todos nós, na busca dessas melhorias, continuaremos na penumbra do atraso, da ignorância e da violência.
Para um educador, viver com um salário de R$ 1.312,00 é uma vergonha. Mais vergonhoso, ainda, são as desculpas do Executivo que prefere gastar bilhões com porcarias de eventos esportivos, ao invés, de primeiro, fazer o seu dever de casa, manter limpo o nosso chiqueiro doméstico.

(Por Franco Aldo – 05/07/2011 – às 10:28hs)

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Pelada e Penteados de Luxo

Uma rodada para ser esquecida. O grupo ‘B’ da Copa América 2011 protagonizou um show de horrores ontem pela primeira rodada. Se não bastasse o decepcionante empate em 0 a 0 do Brasil com a Venezuela, Paraguai e Equador também fizeram um jogo de poucas emoções, culminando em mais um 0 a 0, simplesmente horrível.
O pior nessa história foram as pífias declarações do técnico da seleção, Mano Menezes, e dos jogadores brasileiros. O goleiro Júlio César praticamente comparou a Venezuela com o Brasil, disse que o ‘futebol moderno são 11 contra 11’ e que ‘não existe mais favoritismo’. Mas, como assim? Quantos títulos mundiais tem a Venezuela? Ou menos pesado, quantos títulos na Copa América tem a seleção de Hugo Chaves? Portanto, desculpas esfarrapadas. O Brasil tinha a obrigação de vencer sim, por goleada nem tanto, mas no mínimo por uma diferença de dois gols.
Como disse na postagem de ontem, o importante para o Brasil é a preparação para a Copa de 2014, assim a parte técnica e tática deve ser trabalhada, bem como o entrosamento dos jogadores. Mas o que se viu, ontem, está longe de ser um trabalho evolutivo, muito pelo contrário, o que se viu foi um bando de jogadores apáticos, estáticos, desentrosados, mais preocupados com seus penteados do que procurar o caminho do gol. A única exceção foi Alexandre Pato que foi estranhamente substituído por Fred, aliás, não sei o que Mano viu no atacante do Fluminense. Pato se movimentou bem, principalmente no primeiro tempo, e foi o autor do chute que bateu no travessão.
Individualmente, a seleção brasileira tem muito talento. E esses jogadores são tudo do bom e do melhor que nós temos no momento. Acredito que a seleção do hoje seja essa mesma, talvez, com a entrada de Hernandes no lugar de Ramires, ou, a entrada de Marcelo na lateral esquerda. Em outras palavras, temos talento, mas ainda não temos conjunto, portanto, o trabalho coletivo deve ser aprimorado, e esse é o trabalho de Mano Menezes.
Espero que no próximo jogo, contra o Paraguai, o cenário seja outro e que o Brasil consiga vencer, aliás, o Brasil é obrigado a vencer; outro resultado não interessa.

(Por Franco Aldo – 04/07/2011 – 11:44hs)

domingo, 3 de julho de 2011

Singelas e Curtíssimas Reflexões sobre a Morte

Quem é que não pensa na morte? Acho que todos pensam nela, até os mais incrédulos das poesias religiosas e de suas benesses pensam na morte, mas não como uma espécie de continuidade da vida, aliás, para os religiosos, a morte é a passagem para a verdadeira vida, a vida eterna, e sim, como algo pertencente à própria vida.
Em outras palavras, a morte faz parte da vida, da única vida que temos, e só. São como as páginas de um livro que tem começo e fim. A vida tem um começo, o nascimento, e tem um fim, a morte. O problema a ser enfrentado é como a humanidade percebe e aceita esse fim.
Há alguns dias perdi um amigo de trabalho e, pelo que me informaram, a causa mortis foi infarto. Fiquei abismado e pensativo porque ele fora embora tão cedo, pois tinha lá os seus 40 anos e muita vida pela frente. A minha perplexidade é a mesma de muitos que se deparam com a morte, como se ela escolhesse apenas os mais velhos, e, de preferência, de outra família, nunca as pessoas que nos rodeiam.
Essa relação de medo e pavor da morte é associado ao que pouco conhecemos sobre ela, a morte física, e ao que nunca conheceremos, o seu verdadeiro sentido.
Um corpo desfigurado e inchado choca, e traumatiza mais ainda quando esse corpo é de alguém querido que conhecemos durante a vida. Portanto, um corpo sem vida é para nós a personificação da morte. A aparência física é a única coisa que sabemos cientificamente sobre a morte, acrescenta-se a isso, também, o fato de que nunca saberemos exatamente o que significa a morte e se existe o depois. “A morte é um mistério. Por isso, falamos tanto nela. Os homens falam mais do que menos conhecem. E assim como falam da morte, também falam do amor.” - Scarlett Marton.
Surge desse mistério a religião. A religião é fruto do pavor da morte, do pavor pelo desconhecido; um temor que faz gelar o mais céticos dos homens. É daí que surge o dispositivo que serve de conforto e de controle, a crença religiosa. Portanto, algo necessário e humanamente aceitável.
Sobre a morte, a religião põe um elemento nessa história que vem, cientificamente, a causar mais problemas do que possíveis soluções, a alma. Quando um corpo morre e dele constatamos que não existia nada dentro, além de um perfeito conjunto de órgãos responsáveis pela vida, o problema pode estar parcialmente resolvido. Mas quando se fala em alma, as coisas entram numa atmosfera que só a religião pode explicar, ou mesmo, fantasiar; e porque não?
A inclusão da alma no corpo não é exclusividade do cristianismo. Os Egípcios, os Babilônicos, os Astecas e muitos outros povos e civilizações antigos consideravam a alma como uma dádiva que poderia alcançar o status de divindade. O cristianismo veio apenas a fortificar essa idéia, mas não como uma alma superior, fortalecida pelos dons alcançados quando em vida, mas como uma alma submissa, fruto de um comportamento subserviente; o estereótipo da inércia, do comodismo. Assim, a alma alcançará a tão sonhada vida eterna (“se a mortalidade da alma pode ser terrível, não menos terrível pode ser a sua imortalidade” – UNAMUNO). É a identidade do cristão.
Nessa junção, alma e corpo, ficamos a ver navios quando se fala em morte. De um lado, temos o conhecimento científico, limitado ao que pouco se conhece, a medonha imagem da morte física e da morte do ‘eu’. E de outro, a religião com suas abstrações e eu seu conceito de alma que para muitos é um conforto, até porque revela um pensamento de infinitude, uma forma polida de se não pensar no próprio fim. É a negação da finitude e a soberba do eu nos mistérios da vida.
Enfim, seja como for, quando o assunto for a morte e seus mistérios, ciência e a religião não se excluem; uma começa quando a outra ainda não consegue explicar. Mas o certo é que a morte leva qualquer um a qualquer hora, de qualquer idade e sexo, basta apenas estarmos vivos e torcer para que a roleta russa da vida não nos premie prematuramente como bolas da vez. E isso é muito gozado, pois sabemos que todos partiremos, mas ninguém quer por livre espontânea vontade, numa linda tarde de verão, conhecer o outro lado. Tudo isso é o mistério da morte, pois mesmo com a religião, o seu temor é unânime e perfeitamente humano, compreensível.
Talvez a melhor forma de vivermos a vida seja não pensarmos na morte, até porque, não estamos preparados para concebê-la, se é que algum dia estaremos. “Não é da morte que temos medo, mas de pensar nela” – Sêneca.
Para findar esse assunto sem fim, segundo Epicurio, “a morte não nos diz respeito, porque, quando aí estamos, ela não se apresenta e, quando se faz presente, nos já não estamos mais.”
Brindemos à vida.

(Por Franco Aldo – 03/07/2011 – às 12:05hs)

Brasil Estréia na Copa América

Hoje o Brasil estréia na Copa América e há uma grande expectativa quanto ao desempenho da seleção. Pelo que tudo indica, o Brasil entrará com sua força máxima: Ganso no meio, Robinho, Neymar e Alexandre Pato no ataque. Um time muito ofensivo que esperasse, no mínimo, uma goleada respeitável no fraquíssimo time da Venezuela.
Apesar de ser indiferente às pressões que vem sofrendo, Mano Menezes tem uma obrigação nessa Copa América: fazer do Brasil um time entrosado e convencer a mídia e o torcedor brasileiro que seu trabalho está no rumo certo para a conquista da Copa de 2014.
Portanto, o desafio de Mano é muito mais de convencimento do que uma possível conquista atabalhoada do torneio. Mas, é claro, podendo fazer as duas coisas ao mesmo tempo é o ideal, até porque, ganhar uma Copa América na casa de ‘los hermanos argentinos’ sempre é mais gostoso.
O jogo de hoje será às 16:00hs, horário de Brasília, e os canais ESPN transmitirão a partida com uma equipe respeitável: João Palomino e Paulo Vinícius Coelho.

(Por Franco Aldo – 03/07/2011 – às 10:06hs)

sábado, 2 de julho de 2011

Fusão Pão de Açúcar e Carrefour: Promiscuidade entre o Público e o Privado

Promiscuidade

Notável a capacidade do empresário Abilio Diniz de fazer pouco-caso da inteligência de quem não seja da turma dele.
Ele começou com o discurso de que esse arranjo da megafusão entre o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour "é de interesse nacional". Depois, sustentou que "é bom para todos". E, agora, em comunicado oficial publicado nos principais jornais do País, reconhece que o negócio é bom para os seus interesses: "A questão principal, da qual não se deve desviar o foco, é a seguinte: a operação é ou não boa para o Pão de Açúcar?". Ou seja, para o empresário Abilio Diniz, o interesse público está fora desse foco.
O governo Dilma caiu na conversa. Pelo menos três dos seus ministros de Estado (Gleisi Hoffmann, da Casa Civil; Fernando Pimentel, do Desenvolvimento; e Guido Mantega, da Fazenda) saíram proclamando as vantagens do negócio para o País. Deixaram entrever que estavam em questão princípios de segurança nacional, uma vez que a iminência de controle do Grupo Pão de Açúcar pelo francês Grupo Casino deixaria uma importante fatia do mercado varejista nas mãos de capital estrangeiro. Nem levaram em conta que a operação não passaria de troca de sócios estrangeiros: do agora enjeitado Casino para o Carrefour. Ou seja, de uma hora para outra, o grupo francês Casino passou a ser ameaça e o, igualmente francês, Grupo Carrefour, a salvação da Nação.
Na prática, como ficou dito ontem nesta coluna, é o governo Dilma se misturando com uma disputa pelo controle de capitais privados, que carrega a suspeita de desrespeitos contratuais e, se der certo, provavelmente será lesiva aos princípios da Defesa da Concorrência.
O BNDES, por sua vez, arguindo razões estratégicas, prontificou-se a despejar quase R$ 4 bilhões nessa montagem (cá entre nós, a partir do momento em que comércio varejista passa a ser entendido como atividade estratégica, qualquer atividade econômica é também estratégica e, assim, o conceito do que é estratégico ou não perde significado).
De quebra, os dirigentes do BNDES fizeram saber que se tratava de uma operação lucrativa para o banco. Sem conseguir justificar o despejo de recursos, dois ministros de Estado, Gleisi Hoffmann e Fernando Pimentel, tentaram vender um embuste ao sustentar que os recursos do BNDES "são privados". Entenda-se a partir desse argumento que não há razões para cobrar das operações ativas do BNDES a necessária satisfação ao interesse público.
Esse episódio escracha um dos maiores problemas do País: a atual promiscuidade entre interesses públicos e privados. O empresário Abilio Diniz, talvez porque tenha feito polpuda contribuição para as despesas de campanha da então candidata à Presidência da República Dilma Rousseff, julgou-se no direito de envolver a Bandeira Nacional, a energia do governo e um punhado não desprezível de recursos públicos num negócio (que tem tudo para não passar de uma grande encrenca) em que o grande beneficiário é seu grupo comercial - como reconheceu no comunicado. Enquanto isso, o governo Dilma se mete nessa armação privada, tentando convencer o resto da sociedade de que estão em questão interesses de Estado.

(Por Celso Ming - O Estado de S.Paulo - 02 de julho de 2011 | 0h 00)

Vexame Argentino na Abertuta da Copa América 2011

Ontem, pela abertura da Copa América, a anfitriã e sensação da Copa, a Argentina, suou para empatar com a aplicada e fraquíssima Bolívia, em 1 X 1. Os bolivianos abriram o placar com um gol de calcanhar do brasileiro naturalizado boliviano, Edivaldo Rojas, aos 2 minutos do 2º tempo, numa falha bisonha de Banega e do goleiro Romero.
A partir do gol, a Bolívia se fechou, mas teve uma oportunidade de ouro de fechar o caixão, aos 20’, com Marcelo Moreno que perdeu o gol sozinho, cara-a-cara com Romero que deu um tapinha na bola para o lado.
Do lado argentino, o foco estava em cima de Lionel Messi que fez até um bom primeiro tempo, mas na segunda etapa sumiu de campo.
A salvação da pátria foi a entrada de Agüero que, aos 30’, fez um golaço empatando a partida e livrando a Argentina de um vexame maior. Aliás, para mim, o gol de Agüero lembrou um pouco o golaço de Bebeto no Maracanã sobre a própria Argentina pela Copa América de 1989. É claro que o voleio de Bebeto foi mais espetacular pois a bola estava muito baixa e o baianinho teve que se entortar todo para dar aquele efeito e produzir aquela pintura de gol.
Voltando ao jogo, o empate com a Bolívia foi um vexame para os Argentinos que têm uma espécie de obrigação de vencer a Copa América. E não era de se esperar outro resultado se não a vitória; e uma vitória convincente, pois a Argentina tem um time formado por muitas estrelas, com o melhor jogador do mundo, jogando em casa e muito tecnicamente superior a Bolívia. Portanto, Batista, que já sofria fortes pressões para deixar o cargo, terá agora uma difícil missão pela frente, vencer a Copa América e, o mais difícil, fazer a Argentina jogar “igual ao Barcelona”.

(Por Franco Aldo – 02/07/2011 – às 09:17hs)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A Estranha Fusão Carrefour e Pão de Açúcar

Mesmo não sendo economista, tenho os meus receios quanto à possível junção do grupo Carrefour com o grupo Pão de Açúcar. É claro que minha preocupação vem de um leigo que apenas desconfia da legalidade da participação do BNDES e num evidente enfraquecimento da concorrência no setor, podendo facilitar o crescimento de um fantasma que aterrorizou o Brasil por muitas décadas, a inflação.
Saber ao certo quem sairá ganhado e perdendo nessa história é uma incógnita, pois ainda é muito cedo e, até porque, a fusão ainda não aconteceu.
O certo é que os dois litigantes nessa história, Abílio Diniz e o grupo Casino (Casino deteria em torno de 34% das ações do Pão de Açúcar) estão levando a questão até para a área criminal. O grupo Casino contratou o criminalista José Carlos Dias, enquanto Abílio Diniz contratou, nada mais nada menos, Márcio Thomaz Bastos. Tudo isso para que fique clara a legalidade ou ilegalidade do negócio. Portanto uma guerra de titãs.
Mas por enquanto, para a opinião pública, resta saber se é legal ou não a participação do BNDES nessa história, pois recursos públicos serão despejados nos cofres dessas empresas. O economista Celso Ming, em seu artigo “Fusão esquisita”, de 30 de junho de 2011, questiona claramente a participação do BNDES, confira:

Sem ao menos questionar a lisura do negócio e sua legalidade (perante os organismos de Defesa da Concorrência e perante o atual acordo de acionistas), o BNDES já se dispôs a despejar quase R$ 4 bilhões em dinheiro público. A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro do Desenvolvimento fazem a afirmação estranha de que “não há recurso público” envolvido na parada. E, no entanto, o BNDES, que trabalha com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Tesouro acaba de receber nova injeção de vitamina oficial, desta vez de R$ 50 bilhões. Se os recursos de um banco estatal como o BNDES não são públicos, que acionistas privados então o sustentam?

Muita coisa ainda vai acontecer. Só esperamos que o que for feito seja, pelo menos, não prejudicial ao consumidor e a sociedade.

(Por Franco Aldo – 01/07/2011 – 08:28hs)