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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

FLU finalmente Campeão da Taça GB

Desde 1993 o Fluminense não ganhava uma Taça Guanabara. Muito tempo, não? Nos últimos anos, a briga pelo cobiçado troféu alternou entre Flamengo e Botafogo.


Após a inquestionável conquista sobre o, até então invicto, Vasco da Gama, por 3x1, o Fluminense, finalmente, pôs fim a um jejum de 18 anos.

A conquista foi merecida, aliás, já há algum tempo o Fluminense vem montando grandes times que quase sempre naufragavam no campeonato carioca. Como exemplo, o time de 2010 que se sagrou campeão brasileiro daquele ano.

Com uma folha salarial milionária, o Fluminense é o clube do Rio que mais investiu nesses últimos três anos, superou até o seu grande rival, o Flamengo. Portanto, a conquista da Taça GB foi algo que beira à normalidade. Não será surpresa caso o tricolor carioca vença também a Taça Rio, sagrando-se campeão estadual direto, sem necessidade de disputar o título estadual com ninguém, a exemplo do que fez o Botafogo em 2010.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

BOTAFOGO FR: SINÔNIMO DE GINGA, SAMBA E CARNAVAL


AMADORISMO E TUMULTO NA APURAÇÃO DO CARNAVAL DE SÃO PAULO


Homem 'dita sua lei' e rasga as cédulas com os votos dos jurados.


Ontem durante a apuração do grande vencedor do carnaval de São Paulo de 2012, a confusão – que mais cheira a amadorismo, mesquinharia, burrice e ignorância – colocou em evidência a necessidade de ‘profissionalização’ dos artistas envolvidos no grande evento de identidade cultural brasileira. Talvez, as pessoas envolvidas no tumulto, que invadiram o local da apuração e rasgaram as cédulas com os votos dos jurados, não sejam, necessariamente, artistas, muito menos pessoas ligadas diretamente ao grande show, mas sim fanfarrões ligados a toda espécie de intimidação e violência que ‘compram’ a roupagem de sambistas para se legitimarem ‘malandros’, verdadeiro estereótipo do samba e do carnaval.

Desocupados depredam um carro alegórico

No Rio de Janeiro, o assunto já estava em pauta nos interesses do Governo do Estado, principalmente depois da operação que colocou nas grades alguns contraventores famosos, pois considera um ‘absurdo’ o carnaval ainda ser financiado por pessoas ligadas ao jogo-do-bicho ou a toda a espécie de crime organizado.
Seja como for, o que aconteceu em São Paulo denegriu a atmosfera organizada e séria da Liga das Escolas de Samba. E como o carnaval por aqui representa muito dinheiro, e não só o ingênuo interesse daqueles que não sabem perder, o Governo de São Paulo vai tentar botar ordem e punir quem provocou toda a desordem.
O carnaval antes de tudo é festa, assim como um jogo de futebol. Se o juiz apitar penalty e o batedor converter, o que adianta invadir o campo, dar pancada e levar a taça? O campeão foi quem fez o gol, mesmo ficando sem o troféu.
Lamentável.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

ISSO É O CARNAVAL!

Beldades incendeiam as passarelas para delírio dos homens. Tudo em prol da arte!


ÍDOLOS DO GLORIOSO

DIDI
AMARILDO - "O POSSESSO"
HELENO DE FREITAS
GARRINCHA - "O DEMÔNIO DAS PERNAS TORTAS"
TÚLIO MARAVILHA
ZAGALLO
PAULO CÉSAR CAJU
QUARENTINHA
MARINHO CHAGAS
NILTON SANTOS
MANGA
JAIRZINHO - "FURACÃO DE 70"

sábado, 18 de fevereiro de 2012

SAMBA, SUOR, OURIÇO E FOGÃO - NAS SEMIFINAIS DA TAÇA GB


Macaé 0 x 3 Botafogo

Com golaços de Herrera e Felipe Menezes, Fogão avança às semifinais da Taça GB
 
Com direito a gol de cobertura de Herrera e outro de letra de Felipe Menezes, o Botafogo não teve dificuldades para vencer o Macaé por 3 a 0 pela sétima e última rodada da fase de classificação da Taça Guanabara, na casa do adversário. De cabeça, Elkeson fechou o placar no Moacyrzão.

O resultado da tarde deste sábado de carnaval garantiu ao Botafogo a primeira colocação do Grupo A, além de uma das vagas nas semifinais da competição.

Confira os melhores momentos da partida!
O último compromisso do Botafogo pela fase de grupos da Taça Guanabara começou complicado. Encarando o calor da Região dos Lagos e um adversário arisco, o Alvinegro demorou a levar perigo à meta do Macaé. Os donos da casa ainda deram trabalho para Jefferson, mas o goleiro mostrou a qualidade de sempre e manteve o placar zerado.


As coisas começaram a mudar aos 14 minutos, quando Elkeson chegou perigosamente pela direita em contra-ataque puxado por Lucas, mas parou na defesa do goleiro macaense. Logo depois, Felipe Menezes encheu o pé da entrada da área e assustou novamente Luís Henrique, mas o chute saiu pela linha de fundo.


Os lances de perigo deram a confiança necessária ao Botafogo para crescer, dominar a partida e criar outras oportunidades, como o chute perigoso de Márcio Azevedo aos 25 minutos. O Alvinegro, porém, falhava na hora do último passe, assim como nas finalizações.


Com muita categoria, o argentino Herrera seria o responsável por transformar de vez esse quadro aos 27 minutos. Em contra-ataque rápido, o atacante recebeu longo lançamento e, de primeira, tocou por cobertura para vencer o goleiro macaense e abrir o placar no Moacyrzão com um golaço.


A pintura deu maior tranquilidade ao Glorioso. E abriu espaço para mais uma obra de arte. Sete minutos após o gol de Herrera, Elkeson achou bem Maicosuel pela direita. Esperto, o meia evitou o  confronto com o goleiro, que deixou a baliza, e cruzou rasteiro para Felipe Menezes. Com classe, o camisa 10 se antecipou à zaga e tocou de letra para a meta vazia para ampliar para o Alvinegro.


O Botafogo ainda chegaria perto de marcar o terceiro com o mesmo Felipe Menezes, mas ficaria apenas no quase. Ainda assim, a vantagem no placar dava bastante tranquilidade à equipe, que, com a combinação dos resultados do momento, já despontava como primeira colocada do Grupo A ao fim da etapa inicial.


Em situação confortável, o Glorioso voltou para o segundo tempo administrando com facilidade o resultado. O Alvinegro não era ameaçado na defesa e ainda criava lances de perigo como uma boa chegada com Herrera aos nove minutos. Outra oportunidade surgiu pouco depois do tempo técnico, quando Elkeson recebeu bonito passe do argentino em contra-ataque, mas acabou errando a conclusão.


Com o placar definido, Oswaldo de Oliveira aproveitou para preservar o pendurado Antônio Carlos, com a entrada de Brinner.  Antes do final da partida, o técnico promoveria também a entrada de Cidinho e Lucas Zen, nos lugares de Maicosuel e Felipe Menezes, respectivamente. Em campo, seus comandados continuavam a administrar o jogo sem serem ameaçados pelo Macaé.


A vitória alvinegra já estava bem encaminhada quando Elkeson recebeu cruzamento na medida de Herrera e cabeceou com força para marcar o terceiro e definir o placar final, aos 43 da segunda etapa.


BOTAFOGO: Jefferson, Lucas, Antônio Carlos(c) (Brinner), Fábio Ferreira e Márcio Azevedo, Marcelo Mattos, Renato, Maicosuel (Cidinho), Elkeson e Felipe Menezes (Lucas Zen), Herrera.
Treinador: Oswaldo de Oliveira.


Rodrigo Paradella

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

PM DO RIO: QUE ENTREM EM GREVE!


A respeito da greve dos policiais militares, na minha última postagem sobre o assunto, disse que é inconstitucional a greve da polícia militar. Gostaria de me retratar aqui, pois no art 142 da Constituição Federal de 1988, em seu Capítulo II, “Das Forças Armadas”, o texto magno tem o seguinte teor:


Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.


(...)


§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:


(...)

IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;

O texto é bem claro quanto aos termos ‘Militar’ e ‘Forças Armadas’, e só diz respeito às forças compostas pelo Exército, Marinha e Aeronáutica. Portanto para esses militares, só esses, o direito de greve e a sindicalização estão fora de cogitação.
Ontem nós tivemos a decretação de greve da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil do Rio de Janeiro, apesar do aumento de 39% aprovado pela ALERJ.
Os grevistas impõem um salário base de R$ 3.500,00, além da libertação do líder do movimento, o Cabo do Corpo de Bombeiros, Benevenuto Daciolo.
O clima no Rio está tenso. A cúpula da polícia afirma que não há greve e que a polícia está trabalhando normalmente. Mas se for preciso, o Governo Federal apoiará o Governo do Rio de Janeiro com mais de 4.000 homens do Exército e da Força de Segurança Nacional, tudo isso para garantir os rios de dinheiro que entrarão no Estado durante o carnaval.
Com relação a esses movimentos na Bahia e agora no Rio de Janeiro, sou simpático à causa dos policiais, mas repudio qualquer movimento que inspire a violência e ponha em risco a vida dos cidadãos.
Há muito tempo que policiais civis, militares e bombeiros militares clamam por um mínimo de dignidade em suas carreiras. No caso dos militares, tanto oficiais, quanto as praças ganham um salário muito baixo.
Só para ilustrar: Um Coronel, posto máximo da polícia, ganha líquido irrisórios R$ 5.521,24! Muito pouco para a complexidade e responsabilidade que um cargo como esse requer. E um soldado? Que põe em risco sua vida por R$ 1.064,70!
É legítima a greve da PM da Bahia e do Rio de Janeiro. O que a cúpula da PM pode fazer é punir os líderes do movimento por transgressão disciplinar, como quebra do canal de comando, nada mais.
Há muito tempo greve deixou de ser crime para se tornar um direito legítimo de todo o cidadão, exceto para os militares das Forças Armadas.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

200 ANOS DE CHARLES DICKENS


Marcas de Charles Dickens persistem em Londres, a cidade que o inspirou
Dois séculos depois do escritor inglês Charles Dickens ter imortalizado a Londres vitoriana em seus romances, a cidade mantém marcas desse passado tão esplendoroso quanto traumático.
Londres viveu durante o século 19 sua época dourada: além de ser a capital do império britânico, liderou a revolução industrial, sua população quase quadriplicou, sua atividade comercial era frenética e também foi o período em que a ferrovia e o metrô começaram a ser construídos.
Dickens, que completou 200 anos de seu nascimento nesta terça-feira (7), tinha como cenário de suas histórias (com exceção de "Tempos difíceis") essa cidade florescente, da qual o escritor criticou a pobreza, as duras condições trabalhistas, o analfabetismo e os problemas de saúde e de higiene.
"Felizmente, Londres mudou muito desde os tempos de Dickens. As condições de vida que ele denunciava já são história. Mas passeando por suas ruas, não é difícil encontrar a essência da época vitoriana", explicou à agência Efe, Jean Haynes, antigo membro da Sociedade de História de Londres e guia oficial da cidade.
Em contraste com os modernos arranha-céus e o ritmo acelerado da capital, muitas das mansões vitorianas e das humildes casas de tijolos enegrecidas pela fuligem onde Dickens situou seus romances se mantêm de pé, imunes à passagem dos anos.
Perto do bairro de Camden, no norte de Londres, fica a casa para a qual o escritor se mudou após casar-se em 1836 com Catherine Hogarth, uma residência de dois andares e grandes janelas, onde viveram por três anos.
Desde 1925, a casa, onde nasceram três de seus dez filhos, se transformou no principal museu dedicado ao escritor.
Mas é no leste da cidade, às margens do rio Tâmisa, onde Dickens dava longos passeios pelas estreitas ruas infestadas de gente, que se passa boa parte de suas histórias.
Sob uma ponte na região de Chancery Lane, fica o armazém que inspirou o abrigo "de paredes e teto escurecidos pelos anos e a sujeira" do bando de Fagin, o personagem que obriga o órfão Oliver Twist a roubar para ganhar a vida.
Em um dos becos escuros de Londres pairam as casas de banho romanas preferidas de Dickens e frequentadas por David Copperfield na ficção.
A poucos metros do rio, em Temple, fica a primeira residência em Londres de Pip Pirrip, o protagonista de "Grandes esperanças", hoje um prédio de escritórios.
Menos mudanças sofreram os arredores do Lincoln's Inn, onde fica o Old Hall, que em sua época acolhia um tribunal e onde o escritor britânico decidiu narrar a trama de "Casa desolada", uma ácida crítica ao sistema judiciário inglês.
Exatamente ao lado, ainda está de pé a mansão vitoriana do amigo e biógrafo de Dickens, John Forster, onde transcorrem algumas cenas de seus romances, assim como a loja que inspirou "A loja de antiguidades", que data de 1567 e ostenta com orgulho seu nome, homônimo ao do livro.
"Dickens amava Londres porque era sua fonte de inspiração. Quase tudo o que aparece em seus romances surge de suas experiências nesta cidade. Por isso ele a chamava de sua lanterna mágica", revelou Haynes.
A memória do escritor continua viva, como denunciam as inúmeras placas azuis que lembram sua passagem pela cidade. Mas, ao contrário do que era de se esperar, e por desejo expresso do escritor, não há nenhum monumento em sua homenagem, exceto um pequeno busto em uma praça onde havia uma pousada frequentada por ele.
Seu corpo repousa na Abadia de Westminster, contra a sua vontade, que preferia ter sido sepultado de maneira simples, onde os fãs pudessem homenageá-lo. Dickens, como rezava um obituário da época, foi "simpatizante do pobre, do miserável e do oprimido".
(Por Folha. Com - 08/02/2012 - 07h46)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

GREVE DA PM NA BAHIA: ILEGALIDADE DE AMBAS AS PARTES


Cerco a grevistas continua na BA; governador promete negociar

O clima foi de tranquilidade na madrugada desta terça-feira na Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, onde estão reunidos cerca de 300 policiais militares em greve desde a semana passada.
O cerco ao local continua. Nesta manhã, por volta das 8h, ocorreu a substituição das tropas do Exército que passaram a noite no local.
Na madrugada, um veículo blindado foi colocado na principal entrada do local e um helicóptero também sobrevoou a área.
A maior parte dos grevistas continuava na parte interna do prédio.
Na madrugada, um policial deixou o local. Ele saiu sozinho, passou por triagem da Polícia Federal e foi liberado após a constatação de que ele não tinha nenhum mandado de prisão contra ele. Mulheres e crianças também deixaram o local na noite de ontem (6).
Em entrevista ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo, o governador Jaques Wagner (PT) disse que interlocutores do governo conversaram até de madrugada com os grevistas.
Segundo o governador, as conversas estão evoluindo e uma nova rodada de negociações deve começar na manhã desta terça-feira.

GREVE

A greve dos PMs da Bahia começou na semana passada. Eles reivindicam aumento salarial e a incorporação de gratificações aos salários.
O governador Wagner disse à Folha que não pagará nada acima do reajuste já concedido ao funcionalismo do Estado.
A Assembleia Legislativa foi invadida pelos grevistas e está cercada por homens do Exército desde a madrugada. A luz foi cortada no local.
Na manhã de ontem, diversos focos de tumulto ocorreram no local, e homens do Exército usaram balas de borracha e bombas de efeito moral.

(Por Folha. Com – 07/02/2012)

Policiais militares não podem fazer greve, está na Constituição Federal de 1988. A greve dos policiais militares na Bahia já deixou mais de 90 mortos e põe em risco o estado de direito. Tudo isso, talvez, seja o reflexo de um estado insustentável de descaso, um momento preocupante que tem como principal responsável o próprio governo da Bahia.
Com exceção da PM do Distrito Federal que é custeada pela União, todas as polícias militares do Brasil ganham mal.
Considero os setores de segurança, saúde e educação como os pilares básicos para a promoção do bem-estar coletivo numa sociedade. Policiais deveriam ganhar muito bem, no mínimo seus 5.000 reais. Mas não é só de bons salários que nossa polícia, nossos professores e nossos profissionais de saúde necessitam. Há um descaso generalizado nesses setores que levam à ruína, desde a seleção e formação, isso sem mencionar a precariedade do material de trabalho. Portanto faltam melhores critérios de seleção, formação de qualidade e vencimentos respeitosos, dignos de um servidor, no caso da polícia, que põe em risco a própria vida.
Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que deveriam ser exemplos na seleção, formação e nos vencimentos dos seus policiais, até porque são os estados com os maiores índices de violência no Brasil, sem contar que são os mais ricos, são exemplos negativos quanto ao pagamento de seus profissionais de segurança.
Recentemente, os profissionais do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro fizeram uma greve que culminou na invasão ao Quartel-General da instituição. A revolta levou o Governador Sérgio Cabral a classificar os revoltosos como verdadeiros bandidos. O episódio não ficou bem para ninguém.
A expectativa agora é que a PM do Rio também entre em greve, mas só espero que o desenlace não seja parecido com o da Bahia. Já pensou o Rio sem a PM nas ruas?
Na Bahia, o clima hostil e de um iminente combate põe em dúvida nossa aparente civilidade, como também o respeito ao que legal.
Não é legal militar fazer greve, muito menos armado, como também não é legal tratar os profissionais de segurança com indiferença.
Só para ilustrar, em agosto de 2010, um soldado da PM do Distrito Federal ganhava R$ 4.269,56 (soldo + gratificações), enquanto um soldado da PM da Bahia, nível 1, R$ 960,78.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

NELSON RODRIGUES - O Senhor da Galhofa


Nelson Rodrigues foi um polemista absolutamente único entre os brasileiros. Suas bordoadas, quase sempre nas mesmas pessoas e pelos mesmos motivos, eram, paradoxalmente, delicadas como broncas de mãe amorosa – mas convicta e dura. Isso conta muito sobre ele. Nelson Rodrigues, nos combates que travou no campo das palavras, jamais pareceu interessado em destruir seus alvos e nem sequer em batê-los nos argumentos – mas, sim, em fazer os leitores pensarem, de preferência com um sorriso no rosto. Nelson Rodrigues, e este é um traço seu pouco valorizado, foi um dos melhores humoristas do país.
O humor estava presente em todas as polêmicas que travou – e também nas provocações que fez. Como toda a elite intelectual do Rio de Janeiro de seu tempo, tinha pelos paulistas uma mistura de desprezo, despeito, raiva e admiração. Traduziu tudo isso numa de suas numerosas frases memoráveis. “O pior tipo de solidão é a companhia de um paulista”, escreveu. Só um paulista muito tacanho poderia se sentir agredido por Nelson Rodrigues. Como sempre, a vergastada estava envolta num humor tão fino que subtraía quase toda a contundência – sem minar a essência da mensagem.
Essa grande tirada sobre os paulistas, ele, como de hábito, repetiria muitas vezes, quase que obsessivamente. Nelson Rodrigues produziu um número extraordinário de frases memoráveis nas polêmicas que travou e nas provocações que fez e para ampliar sua força usava a estratégia da repetição. Se ele fosse apenas um autor de frases, como o francês La Rochefoucauld, já teria conquistado um lugar destacado nas letras brasileiras. Suas máximas abarcaram virtualmente todos os campos, da política à religião, do futebol à psicologia – isso para não falar do amor.
Não era um polemista que se movimentava conforme as circunstâncias. Isso o distinguiu, por exemplo, de Paulo Francis. Francis foi de esquerda quando era chique ser de esquerda, nos anos 60 e 70. Na década de 1980, em que o conservadorismo galvanizou boa parte do planeta na figura da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, Francis virou um polemista de direita (hoje, em que o receituário thatcherista é apontado por muitos como uma das razões da presente crise econômica mundial e por isso perdeu grande parte do brilho, Francis provavelmente retornaria à esquerda).

Elegância bem-humorada

Nelson Rodrigues não tinha problema nenhum em ser chamado de “reacionário” numa época em que isso era um dos maiores insultos que um intelectual poderia receber. Era um homem convicto não das virtudes do capitalismo, mas dos defeitos para ele insolúveis do socialismo. Os símbolos da esquerda de seu tempo foram uma formidável inspiração para ele. Do cardeal dom Helder Câmara, um expoente da Teologia da Libertação – corrente esquerdista da igreja que pregava o ativismo em prol dos pobres –, ele dizia, por exemplo, que “só olhava para o céu para ver se ia chover”. O fascínio erótico que Che Guevara despertava nas mulheres da alta sociedade carioca também foi objeto de análises espirituosas, ferinas e divertidas.
A elegância bem-humorada com que ele esgrimia contrasta intensamente com as armas de outro célebre polemista brasileiro, Carlos Lacerda. Lacerda, que na juventude foi comunista e depois na idade adulta viraria anticomunista, tinha uma agressividade destrutiva que você jamais encontra em Nelson Rodrigues. Em seu melhor e ao mesmo tempo pior momento como polemista, Lacerda comandou um ataque sangrento ao presidente Getúlio Vargas, cuja administração era segundo ele um “mar de lama”. Compare isso com a resposta clássica de Nelson aos jovens rebeldes que nos anos 60 o acusavam de ser mentalmente e ideologicamente senil. “Jovens: envelheçam.” Mais uma vez, o tom firme mas doce de uma mãe que deseja o melhor para seus filhos.
Diferentemente de tantos polemistas, Nelson Rodrigues não fez barulho simplesmente sendo do contra, mesmo sabendo da fraqueza do chamado pensamento convencional. Ele expressou isso numa de suas frases mais citadas: “Toda unanimidade é burra”. Se é possível traçar uma linha de Paulo Francis a Diogo Mainardi entre os polemistas, Nelson Rodrigues, lamentavelmente, não deixou sucessores. Arnaldo Jabor, que filmou algumas das histórias de Nelson e é um de seus mais conspícuos discípulos, bem que tentou, mas acabou ficando a uma distância considerável do mestre. Principalmente naquilo que foi talvez a marca maior de Nelson Rodrigues como polemista: o humor fino, suave, que leva o leitor a refletir com uma risada, e não a imprecar, seja contra ou a favor, com uma carranca.

(Por Paulo Nogueira - O Senhor da Galhofa - Revista BRAVO! - Edição 173 - Janeiro 2012)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

CONTO: História de um Pereba


Na hora da pelada eu era o último a ser escolhido, ou melhor, eu não era escolhido, apenas fazia número no time desfalcado.
No início eu achava humilhante, mas depois fui me acostumando com a idéia. O problema era quando tinha muita gente, daí, às vezes, nem jogar eu jogava... uma lástima.
Isso tudo só porque eu não era bom de bola, aliás, não sou até hoje. Por mais que eu me esforçasse em dar um bom passe ou arriscar um drible no adversário, quase todas as minhas tentativas iam por água abaixo. O passe ia nos pés do adversário, que imediatamente puxava o contra-ataque, o drible não enganava ninguém, quando muito, só enganava a mim mesmo. Eu era, e ainda sou, um pereba, ou num linguajar mais conhecido, um perna-de-pau.
Na rua, o bom de bola era o Argemiro, mas o Fabinho e o Evaristo também jogavam bem. Esses moleques, como dizia um treinador velho da rua, foram criados com bola. Disputavam todos os campeonatos possíveis: da escola, de peladas do bairro, e logo depois, já com seus 18 anos, foram disputar o campeonato de futebol amador do Rio. O Argemiro, por exemplo, era o craque do Guaratiba, o Fabinho, por muito tempo, defendeu as cores do Kosmos, enquanto o Evaristo jogava pelo Vila da Penha.
Enquanto eu, com minha falta de habilidade, disputava, quando muito, os campeonatos de futebol de botão da rua, ou então, era convidado a disputar torneio em outro bairro, com outros moleques. Mas a verdade é que jogar futebol de botão é tão difícil quanto bater uma pelada, mas, pelo menos, conseguia vencer, fazer gols e até ser campeão!
Vida de perna-de-pau é frustrante. Com os amigos da rua a gente joga, corre, faz feio, mas se o assunto for disputa pra valer, aí você some. Ninguém lembra de você. O importante é compor um time com gente bom de bola. Montar um time mais forte para ganhar o troféu e as medalhas. Quem vai querer um pereba pra vestir camisa? Ninguém.
O ruim-de-bola só serve para carregar o material esportivo, aliás, o parco material: as 11 camisas do time, já surradas de tanto lavar, duas bolas em péssimo estado, 11 pares de meião branco, já todos deteriorados, sem elástico. Tudo isso dentro dum saco. Short? Nem pensar. Cada um levava o seu, de cor preta.
No dia e horário marcado para o jogo, eu distribuía o material aos jogadores: Luisim era camisa 9, artilheiro do time; o Argemiro, o 10; Fabinho, quase sempre, ficava com a 7 e o Evaristo preferia a 11, pois, como canhoto, jogava na esquerda e, tradicionalmente, os números 6 e 11 são números de canhotos.
Eu ficava a reparar nisso tudo e sonhava em vestir uma dessas camisas, fazer parte, verdadeiramente, do time.
Os reservas não tinham camisa. Quando um se machucava ou era substituído, o substituto vestia a camisa suja e suada de seu antecessor, tudo pela busca da vitória, das medalhas.
E foi num dia sem banco de reservas que eu entrei em campo!
Os quatro moleques, que sempre esquentavam o banco, não compareceram ao jogo: o Adriano quebrou o braço, Celso foi assassinado, Brizola foi preso e o Jerônimo não pode ir, pois estava de catapora. Só sobrou eu!
Betão, o técnico do time, olhou pra mim com um ar triste. Não tinha ninguém pra colocar no lugar do Argemiro... logo o Argemiro! O craque do time. Argemiro levou uma pancada na panturrilha e mancava em campo. Não conseguia mais nem caminhar.
Betão era um técnico experiente. Já tinha ganhado o último torneio, sabia mexer bem no time. Mas como ele garantiria um bom rendimento com minha presença em campo?
Betão resolveu recuar o Fabinho, deixá-lo no lugar do Evaristo, pois Fabinho era habilidoso, sabia muito bem armar jogada. Eu ia compor o ataque com o Luisim, vejam só!
Argemiro saiu de campo e me passou a camisa 10 suja e suada. Tremi dos pés a cabeça com a oportunidade. Se tranqüilo eu já era ruim de bola, vocês imaginem nervoso?
Betão me orientou a ficar o tempo todo dentro da área pelo lado direito, enquanto o Luisim ficava no meio.
Entrei aos 22 do segundo tempo. O time do Santa Rosa havia empatado há pouco, tava 1 X 1. A pressão do Santa Rosa era grande. Tinha um zagueiro enorme, um baita crioulo, chamado Paulão. Paulão batia muito: dava soco, pontapé, empurrão..., foi ele quem machucou o Argemiro. Olhei para a sua cara suada e assustadora e engoli a seco a pancada que me esperava.
O jogo prosseguiu e só aos 30 consegui tocar na bola, dei um passe errado, nos pés do adversário. Betão me xingou de tudo e qualquer nome.
O Santa Rosa pressionava, o nosso time era o Santa Cruz, talvez uma homenagem ao Santa Cruz do Recife, mas sendo do Rio, por que homenagear o Santa? Não sei, aliás, só depois fiquei sabendo que o nome fora dado pelo próprio Betão, pois o pai do Betão era Santa doente.
Pois é: um jogo decisivo, um perna-de-pau no ataque, a torcida caindo em cima, o técnico arrancando os cabelos (desculpe, o Betão tava careca, não podia arrancar mais nada), o que faltava mais? O gol do Santa Rosa.
Foi assim, num penalty, que o adversário virou a partida.
Depois do gol do adversário, a partida ficou equilibrada. Parecia que o jogo estava findado. O nosso time não reagia. Paulão batia mais ainda. O juiz fingia que não via, ou que não era falta.
Até que num lançamento do Fabinho fiquei cara-a-cara com o goleiro, depois dum escorregão espetacular do Paulão. Não acreditei quando surgi livre na frente do goleiro. Resolvi chutar forte, nem olhei para os lados, um companheiro podia estar livre, mas decidi fechar os olhos e pensar num chute forte e certeiro, como os vistos na TV em dias de jogos. Mandei um “três dedos”, como profissional..., e para meu espanto e de todos, deu certo, ou melhor, quase certo. A bola parecia ir no canto direito do goleiro, mas fez uma curva diabólica para a esquerda e bateu na trave esquerda do gol adversário. O goleiro já há muito tempo estava vendido no lance e, pra minha sorte, o Luisim pegou o rebote e colocou no fundo das redes. Goooool! Foi a minha consagração. Tinha participado do lance que originou o gol de empate do Santa Cruz!
A partir disso, fiquei em campo me sentindo o craque, o bom. Quando recebia a bola, fazia pose de craque, estufava o peito, tentava arcar as pernas (todo mundo que tem perna arcada é bom de bola), dava um toque refinado, passava o pé nela, mesmo que os passes fossem errados, eu dava uma de craque desatento, afinal de contas, o gol tinha nascido da minha jogada, mesmo contando com a ajuda da lama que fez o Paulão cair de bunda, mas tinha feito a jogada.
Se o jogo acabasse ali, eu seria o grande nome, mas não por ter driblado todo mundo ou por ter feito algum gol, apenas por ninguém dar nada por mim. Afinal, todos sabiam que eu era ruim de bola. Nem marcação eu recebia! Ficava livre num canto do campo, esperava a bola que nunca vinha. Era mais fácil o Fabinho mandar pro Evaristo, que já estava com três marcadores em cima, do que pra mim, livre e desimpedido. Se eu dominasse a bola não havia garantia de continuidade na jogada, ou a zaga conseguia facilmente roubar, ou, eu simplesmente passava a bola errado.
E foi aos 47 que minha sorte mudou, aliás, voltou ao que sempre foi. O Evaristo driblou todo mundo pela esquerda, entrou na área. O Paulão saiu pra quebrar, mesmo que custasse penalty. Evaristo deu drible de corpo e fez Paulão catar cavaco no chão, o goleiro saiu imediatamente, tentando abafar a chegada do atacante indesejado, mas Evaristo, pro meu azar, deu de biquinho na bola, tirando do goleiro, me deixando sozinho, eu e a trave, eu e o gol escancarado. Foi uma fração de segundos. Eu poderia parar a bola e, com muita calma, olhar e chutar. No futebol, a calma é a principal arma dos perebas, pois falta habilidade, falta técnica. Um toque com calma pode significar acerto. Mas não foi o que fiz, do jeito que ela veio tentei mandar com estilo de esquerda..., eu e a trave, a trave e eu. A bola subiu, subiu, subiu. Talvez se quisesse, nunca mais eu conseguiria fazer aquilo.
A bola subiu tanto que na descida quase caiu em cima do travessão, foi por pouco...
Perdi a chance de fazer um gol e, talvez, até a minha avó conseguisse o feito. Perdi o gol e perdi a chance de vencer a partida.
Ao fim do jogo, sai correndo pra casa, pois meia dúzia de moleques, torcedores do time, queriam me bater.