Religiosos e profissionais da Justiça criticam o BBB: imoral e antiético |
Um
suposto caso de estupro no Big Brother Brasil, reality show da TV Globo, gerou
grande repercussão e discussões ao longo da última semana. A polêmica
envolvendo os participantes Daniel e Monique começou na madrugada do dia 15.
Após uma festa regada a muita bebida, os dois participantes protagonizavam
cenas quentes, debaixo de cobertas, num dos quartos do programa. Muito
embriagada, Monique aparentemente dormiu e o modelo Daniel teria aproveitado
para abusar sexualmente da mulher desacordada.
A Rede
Globo tratou do assunto com discrição. O participante Daniel foi expulso do
reality show, mas a emissora não esclareceu detalhes sobre o motivo da
expulsão, alegando apenas que o modelo teria "infringido as regras do
programa". Na manhã da última terça-feria (17), Monique prestou depoimento
á Polícia Civil do Rio de Janeiro e teria afirmado que as "carícias"
foram consentidas.
O episódio já é considerado a maior
polêmica de todas as edições brasileiras do Big Brother. O programa é famoso
por incentivar a discórdia entre seus participantes, que se enfrentam com o
objetivo de ganhar um prêmio em dinheiro. Complôs, tramoias e conspirações são
comuns entre os 'brothers'. Outra característica marcante são as festas
luxuosas do reality show, regadas a bebidas.
Imoral e antiético
Algumas lideranças religiosas se
manifestaram repudiando o episódio e criticando o reality show. Segundo os
religiosos, programas como o BBB insultam os valores da moral e da ética, sendo
um péssimo exemplo para a família brasileira.
"O programa amplifica os maus
costumes que desgraçadamente já acontecem na vida real. As cenas de insinuações
que aparecem no Big Brother e em algumas novelas são um desrespeito para toda a
família. Hoje em dia a televisão incentiva a violência, o ódio, a traição e a
infidelidade", disse o reverendo Gulhermino Cunha, presidente da Catedral
Presbiteriana do Rio de Janeiro. O reverendo ainda defendeu um maior controle
no conteúdo televisivo.
"Para evitar casos como esse,
vale aplicar a censura, não só à Globo, mas a qualquer outra emissora. Temos
que preservar a nossa ética. Pois se continuarmos assim, chegaremos ao mesmo
nível de deteriorização da época de Noé e o Dilúvio", afirmou Guilhermino.
Vigário na Paróquia Nossa
Senhora da Paz, em Ipanema, na Zona Sul carioca, e muito querido do povo
carioca, o padre Jorge Luiz Neves Pereira, mais conhecido como padre Jorjão,
também reclamou do reality show:
"Faço questão de não assistir a
este programa. Prefiro fazer coisas mais importantes, como estudar e ler. Na
TV, eu só assisto aos telejornais. É apelação demais e não me acrescenta
nada", criticou o religioso, sem querer tecer comentários sobre o episódio
de suspeita de estupro.
O estudioso Paulo Fernando Carneiro de
Andrade, doutor em Teologia, vê muita gravidade não apenas no episódio do
suposto estupro, mas também na veiculação das imagens pela TV Globo, que
foram reproduzidas na internet e ganharam destaque.
"Este tipo de programa tem um
impacto muito negativo na formação de cultura da população. O episódio do
suposto estupro é gravíssimo, mesmo que não tenha sido comprovado. Se a
emissora tem o total controle das imagens veiculadas, por que não interromperam
a transmissão quando viram o que estava acontecendo? Foi irresponsável",
detonou o pesquisador. "Esses acontecimentos do reality show ferem a ética
e a dignidade humana", opinou.
Globo teria responsabilidade
A defensora pública Rosane Lavigne, do
Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ressalta que a questão mais grave não
diz respeito aos participantes envolvidos, mas sim à responsabilidade de Rede
Globo frente ao suposto abuso.
"A polícia deve investigar o caso
com as cautelas de praxe. Mas eu penso que um ponto de extrema importância é o
papel da Globo nessa história. É de interesse da emissora o uso sensacionalista
e comercial dessa questão. O episódio deu Ibope e foi repercutido em outros
canais de TV", disse a defensora.
"Me preocupa a ausência de um
órgão que possa fiscalizar e investigar os meios de comunicação em situações
como essa, podendo até rever o contrato de concessão das emissoras".
Segundo o Artigo 13, Parágrafo 2º do
Código Penal, uma pessoa ou entidade pode ser penalmente condenada por crime
comissivo por omissão, quando o omitente devia e podia agir para evitar o
resultado de um crime.
(Jornal do Brasil - 23/01 às
14h07 - Atualizada em 23/01 às 18h29)
Fazer
comentários, sejam eles positivos ou negativos, dum programa como o ‘Big
Brother Brasil’, da TV Globo, é tão fútil quanto o próprio programa em si. Não
vale a pena. Mas o caso do suposto ‘estupro’ vem tomando proporções cada vez
mais exageradas, para não dizer sensacionalistas.
Quem
vem lucrando com esse dramalhão é a própria TV Globo que não teve outra saída,
expulsou do programa o ‘brother’ infrator, alegando a quebra das regras do
jogo. Tudo pelos bons costumes, é claro. E talvez já tenha premeditado o
retorno do concorrente que, aliás, dará muito ibope.
Mas
o que mais me impressiona em tudo isso não é saber se houve ou não estupro, até
porque as pessoas que estão ali dentro estão dispostas a encarar qualquer
situação – é a busca da fama – mas, sim, saber que todo esse episódio veio à
tona pela própria hipocrisia da sociedade. Sim, foram os ‘voyeurs’, assinantes
ou não, do maldito programa, junto com a mídia sensacionalista, que
transformaram mais uma cena de quase sexo explícito em caso de estupro. E a
suposta vítima já alegou à polícia que não houve nada disso.
Lideranças
religiosas e políticas tentam desclassificar o programa e fazer com que a Rede
Globo seja responsabilizada e punida pelas futilidades que transmite, sejam
elas oriundas de novelas ou do próprio reality show, tudo em prol da salvaguarda da moral,
da ética e dos bons costumes da família brasileira.
Agora eu
pergunto, o povo quer se ver livre de tais futilidades? Acho que não.
Esse
dramalhão do estupro é um reflexo da frágil moral das próprias pessoas que
assistem ao programa: gostam de futilidades, mas se acham moralistas... pura
hipocrisia. Pensamentos distorcidos, talvez já há anos trabalhados pela própria
Globo que aproveitou o momento turbulento para vender mais e mais.
Talvez,
mais tarde, esse rapaz volte ao programa e a Globo já terá batido recordes e
recordes de audiência. Pseudo-intelectuais discursarão em defesa, com teses tão
incompreensíveis e sem sentido como o próprio programa. As pessoas se
emocionarão com o vencedor, concordando e alegando que foi justo e tudo voltará
a normalidade. O povo se esquecerá do episódio até o programa do próximo ano.
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