Cerco a grevistas continua na BA; governador promete negociar
O clima foi de tranquilidade na madrugada desta
terça-feira na Assembleia Legislativa da Bahia, em Salvador, onde estão
reunidos cerca de 300 policiais militares em greve desde a semana passada.
O cerco ao local continua. Nesta manhã, por volta
das 8h, ocorreu a substituição das tropas do Exército que passaram a noite no
local.
Na madrugada, um veículo blindado foi colocado na
principal entrada do local e um helicóptero também sobrevoou a área.
A maior parte dos grevistas continuava na parte
interna do prédio.
Na madrugada, um policial deixou o local.
Ele saiu sozinho, passou por triagem da Polícia Federal e foi liberado após a
constatação de que ele não tinha nenhum mandado de prisão contra ele. Mulheres e crianças também
deixaram o local na noite de ontem (6).
Em
entrevista ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo, o governador Jaques
Wagner (PT) disse que interlocutores do governo conversaram até de madrugada
com os grevistas.
Segundo o
governador, as conversas estão evoluindo e uma nova rodada de negociações deve
começar na manhã desta terça-feira.
GREVE
A greve dos PMs da Bahia começou na
semana passada. Eles reivindicam aumento salarial e a incorporação de
gratificações aos salários.
O governador
Wagner disse à Folha que não pagará nada acima do reajuste
já concedido ao funcionalismo do Estado.
A Assembleia
Legislativa foi invadida pelos grevistas e está cercada por
homens do Exército desde a madrugada. A luz foi cortada no
local.
Na manhã de
ontem, diversos focos de tumulto ocorreram no local, e homens do Exército
usaram balas de borracha e
bombas de efeito moral.
(Por Folha. Com – 07/02/2012)
Policiais militares não podem fazer greve, está na Constituição Federal de 1988. A greve dos policiais militares na Bahia já deixou mais de 90 mortos e põe em risco o estado de direito. Tudo isso, talvez, seja o
reflexo de um estado insustentável de descaso, um momento preocupante que tem
como principal responsável o próprio governo da Bahia.
Com exceção da PM do Distrito Federal que é
custeada pela União, todas as polícias militares do Brasil ganham mal.
Considero os setores de segurança, saúde e
educação como os pilares básicos para a promoção do bem-estar coletivo numa
sociedade. Policiais deveriam ganhar muito bem, no mínimo seus 5.000 reais. Mas
não é só de bons salários que nossa polícia, nossos professores e nossos
profissionais de saúde necessitam. Há um descaso generalizado nesses setores
que levam à ruína, desde a seleção e formação, isso sem mencionar a
precariedade do material de trabalho. Portanto faltam melhores critérios de seleção,
formação de qualidade e vencimentos respeitosos, dignos de um servidor, no caso da polícia, que põe
em risco a própria vida.
Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que
deveriam ser exemplos na seleção, formação e nos vencimentos dos seus
policiais, até porque são os estados com os maiores índices de violência no
Brasil, sem contar que são os mais ricos, são exemplos negativos quanto ao
pagamento de seus profissionais de segurança.
Recentemente, os profissionais do Corpo de
Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro fizeram uma greve que culminou na invasão
ao Quartel-General da instituição. A revolta levou o Governador Sérgio Cabral a
classificar os revoltosos como verdadeiros bandidos. O episódio não ficou bem
para ninguém.
A expectativa agora é que a PM do Rio também
entre em greve, mas só espero que o desenlace não seja parecido com o da Bahia.
Já pensou o Rio sem a PM nas ruas?
Na Bahia, o clima hostil e de um iminente
combate põe em dúvida nossa aparente civilidade, como também o respeito ao que
legal.
Não é legal militar fazer greve, muito menos armado, como também
não é legal tratar os profissionais de segurança com indiferença.
Só para ilustrar, em agosto de 2010, um
soldado da PM do Distrito Federal ganhava R$ 4.269,56 (soldo + gratificações),
enquanto um soldado da PM da Bahia, nível 1, R$ 960,78.
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