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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Espaço Ponto de Vista: Tragédia no Rio - Tristeza não tem fim, mas a felicidade sim

Falar de uma tragédia de mais de 500 mortos, talvez, seja muito fácil pra mim e pra você, meu amigo, que está tomando aquela cerveja gelada e se deliciando com a contratação de Ronaldinho Gaúcho, mas enquanto não sentirmos na pele o que é passar por uma catástrofe como a que está ocorrendo na região serrana do Rio, não saberemos o que é o verdadeiro sentimento da fragilidade. Acredito que nesses casos sempre procuraremos um responsável: Deus? O Diabo? Sérgio Cabral? Sorte? A raça humana?
Mas o certo é que tudo isso está ocorrendo e nada voltará ao que era antes, e o mais impressionante, como postei há alguns dias, é que isso sempre ocorre e sempre ocorrerá; lembremos do morro do bumba, em Niterói, Rio de Janeiro, tragédia tão recente. Enquanto isso o gerente dos grandes eventos, Sérgio Cabral, tem o desplante de culpar a pobre consciência daqueles que não tem nem consciência, daqueles que não sabem falar, ler, ter o mínimo de dignidade. Não culpo o governo, culpo a nossa fragilidade solapada pela mesquinharia do consumismo e das oportunidades. Culpo o nosso egoísmo, a nossa arrogância de julgarmos sermos melhores que os outros. Culpo o nosso orgulho por ser nada. Culpo a alegria do futebol, quando essa felicidade não passa de uma falsa ilusão.
O que está ocorrendo na região serrana do Rio, talvez, seja o reflexo da fúria da natureza, mas o efeito de tudo isso, talvez, seja o reflexo de nossa torpeza e de nosso secular chiqueiro.
De tudo o que eu falei, posso falar a vontade, pois faço parte desse inconsciente que se delicia com os prazeres do futebol, do carnaval, da demasiada liberdade e, porque não, da macaquice de se vangloriar por ser brasileiro.
Sejamos brasileiros e tenhamos orgulho, mas antes devemos fazer o dever de casa; cobrar melhores escolas e hospitais, recusarmos a pirataria, repudiarmos a venda dada do que é produto de roubo, fiscalizarmos a nós mesmos num padrão de ética e racionalidade, para depois sim ter uma merecida festa, como a do carnaval que se aproxima.
Não tenho palavras para descrever a tristeza que assola a região serrana do Rio, mas invoco o poema Vinícius de Moraes e Tom Jobim, ‘A Felicidade’:

A Felicidade

Composição: Vinicius de Moraes / Antonio Carlos Jobim

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim


A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor

(Por Franco Aldo - 14/01/2011 - às 12:54hs)

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