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sábado, 29 de janeiro de 2011

Espaço Ponto de Vista: O Martírio do Concurso Público - Vale o sacrifício?

Sou Agente de Tributos Estaduais do Estado de Mato Grosso e trabalho no mês apenas 10 dias nos postos de fiscalização da SEFAZ-MT, na divisa do Estado. Para conseguir esse cargo público nada foi fácil, por isso aqui vai meu testemunho.
Para passar num concurso público, qualquer que seja o cargo, o candidato deve, em primeiro lugar, acreditar em si mesmo e ter muita força de vontade para estudar, sem se preocupar com o tempo e, principalmente, com o resultado. Assumindo essa postura madura e realista, o passo seguinte é planejar passo a passo como vai estudar e o que vai estudar. Chamo esse comportamento inicial 'o preparativo do salão para a grande festa', portanto passos fundamentais para a futura aprovação.
Não me lembro muito bem do meu primeiro concurso público que prestei, só tenho certeza que nada do que eu disse anteriormente foi seguido, assim não é difícil saber que nem cheguei perto da lista dos aprovados, muito menos dos classificados.
Sou aluno oriundo de escola pública e como todo aluno de escola pública precisei superar minha deficiência intelectual devido à falta de uma formação sólida e de qualidade. Assim entrei num cursinho preparatório para prestar concursos para as forças armadas, lá pelos idos de 1992. Não foi nada fácil. Eu tive que estudar tudo o que tinha estudado, ou que pensava ter estudado, no meu ensino fundamental e médio, para assim poder ter condições de passar num concurso público que exigia, na época, o ensino fundamental, antigo 1º grau. Passei no concurso de Sargentos do Exército (EsSA) e daí por diante abracei a carreira militar, por lá fiquei 14 anos e aprendi muita coisa.
Insatisfeito com a caserna, segui estudando e terminei, numa espécie de trampolim, o curso de Letras pela Universidade do Amazonas (UFAM). De início pensei em abraçar a carreira de professor, combinada com a do Exército, mas resolvi me aventurar por horizontes mais desafiadores. Resolvi, portanto, voltar a estudar para concursos públicos.
Já maduro, e disposto a trocar a cerveja gelada pelas apostilas e cursinhos preparatórios, procurei desde o início bons materiais de estudo e bons professores, mas nada disso garante a aprovação num concurso público, tem que existir um elemento fundamental..., a vontade de vencer.
Então, escolhi a área fiscal movido pelos bons salários do mercado e pela afinidade com a profissão, pois já havia trabalhado com um ramo da atividade fiscal, a contabilidade. Assim, prestei o concurso para a SEFAZ-RJ e para a SEFAZ-MT, obtive êxito nessa última.
Estudei por dois anos para a Receita Federal do Brasil, mas de olho nos fiscos estaduais. Durante essa minha jornada, nada foi fácil. Estudava mais de 10 horas por dia, trabalhava durante o dia e lecionava em cursinhos à noite. Aos sábados, freqüentava o cursinho preparatório durante o dia todo. Como conseguia tempo para estudar? Nas madrugadas da vida, nas horas vagas e, às vezes, burlando o serviço, no quartel.
Eu poderia ter uma vida acomodada, pois a remuneração de militar não era grande, mas dava para viver com dignidade. Mas eu queria vencer e sabia que tinha potencial para isso.
Dediquei-me por completo durante esses dois anos de estudo e tive muitos problemas com a família, pois além de tudo o que eu fazia, tinha que dar atenção à minha mulher e filhos. Mas nada disso me desanimou, muito pelo contrário, pensava neles e no futuro deles todos os dias.
Entreguei-me de corpo e alma aos estudos e obtive o resultado esperado porque acreditei na minha capacidade e estabeleci um regime rigoroso de estudo, portanto muita persistência e dedicação.
Nos dois anos de estudo, prestei, além dos dois concursos para a área fiscal, mais quatro concursos públicos. O único que fiquei reprovado foi o de Analista do Tribunal Federal da 4ª Região, por sinal me deixou muito abalado, mas não desanimado, pois percebi que tinha aprendido algo. Nos outros não consegui a classificação, apenas a aprovação, mas sabia que minha vez estava chegando.
Hoje vivo tranqüilo trabalhando naquilo que gosto e recebo uma boa remuneração para isso. Será que valeu a pena todo o esforço? É claro que sim!
Portanto meu amigo; planeje-se, dedique-se, estude e seja muito feliz!

(Por Franco Aldo – 29/01/2011 – às 21:55hs)

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