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terça-feira, 1 de março de 2011

Espaço Ponto de Vista: As Bundas e a Fiscalização

Hoje de manhã, quando assitia ao telejornal, fui surpreendido com a notícia do aumento do IPTU em diversas cidades brasileiras. Só no Rio de Janeiro, o aumento do imposto foi de mais de 5,70%. Por sinal muito elevado. E aí veio a pergunta da apresentadora que me deixou pensativo, para onde vai tanto dinheiro? Pois, segundo ela, o Brasil é o país da falta de fiscalização.
Eu sempre ouvi dizer por aí que para o Brasil crescer em qualidade de vida e ter uma melhor distribuição de renda é necessária muita fiscalização na correta conduta do emprego das verbas públicas. Portanto falta fiscalização na boa aplicação dos recursos públicos, falta fiscalização nos mandatos de nossos parlamentares, no cumprimento das leis de trânsito, falta fiscalização na saúde, na segurança, falta fiscalização na nossa educação; desde a fiscalização dos contratos de merenda escolar até a fisclização nos recursos para construção de escolas e compra de material didático escolar. Falta fiscalização do povo, verdadeiro usuário de tudo que possa ser considerado público. E o verdadeiro conceito de público não se confunde com o triste conceito de não pertencer a ninguém, mas pertencente ao coletivo, à sociedade. E parece que o próprio povo se distancia daquilo que é seu; nas escolas públicas, por exemplo, quantos pais se preocupam em se aproximar da escola que seus filhos estudam? Quantos procuram saber de algum projeto de melhoria da escola de seus filhos? Quantos buscam a prestação de contas de algum órgão?
Falta, também, fiscalização da nossa própria conduta moral. Falta fiscalização do nosso egoísmo; temos que nos fiscalizar para sermos um pouco menos mesquinhos e mais cidadãos. Portanto a fiscalização aqui no Brasil é uma atividade quase nula.
Sempre soube, também, que o Brasil é o país das bundas; das bundas queimadas de sol das praias, das bundas do carnaval que se aproxima, das bundas dos cidadãos lesados por seus candidatos políticos, das caras de bundas que fazemos ao recebermos um péssimo atendimento numa repartição pública, das bundas que fazemos pela nossa inércia do dia-a-dia, enfim somos as verdadeiras bundas lenientes. Mas o que isso tem de comum com a idéia de fiscalizar?
A idéia do fiscal é de uma pessoa dotada de valores morais, cumpridora de suas obrigações e obediente às leis que lhe são impostas. Além disso, o fiscal tem a tarefa de vigiar uma parcela das obrigações conferidas a alguns cidadãos e, para isso, tem ciência das leis que regulam determinadas tarefas. Assim a tarefa de fiscalizar é determinante na identificação dos valores morais de uma sociedade, pois o ato de fiscalização é uma parcela de poder conferida pelo governante maior a uma pessoa dotada de valores e que tenha por finalidade controlar e manter o bom funcionamento do setor fiscalizado.
O Ato de fiscalizar é um ato nobre. Se fiscaliza-se por profissão, o fiscal tem que ser bem remunerado e dotado de valores que estão acima de qualquer ato corruptível. Se fiscaliza-se por cidadania, o fiscal está desempenhado seu dever de cidadão, alertando o poder legal a respeito da irregularidades encontradas. Portanto todos nós devemos ser fiscais, mas para isso temos que esquecer um pouco as bundas. É difícil, pois lá fora todos nos conhecem pelas nossas apetitosas bundas e pagam muito por isso. Se por acaso deixarmos muitas de nossas bundas de lado, talvez, o engajamento social, numa mostra de fiscalização cidadã, seja frutífero em determinados setores, alavancando, num futuro, na melhora de alguns serviços e setores da sociedade.
Vamos fazer as bundas sabarem neste carnaval, vamos tostar as bundas nas praias brasileiras, vamos dar as bundas a quem quer bunda, mas vamos deixar de ter cara de bunda..., isso não. Povo esperto é aquele que samba, mostra a bunda, mas na hora do cumprimento das coisas, fiscaliza e faz cara feia para os infratores.

(Por Franco Aldo – 09/02/2011 – 10:30hs)

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