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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

FALTA UMA POLÍTICA DE ESPORTE


Estamos no quinto dia de competições das Olimpíadas de Londres e a China e os Estados Unidos seguem imbatíveis no quadro de medalhas. A China, até o momento, está com 13 de ouro, 6 de prata e 4 de bronze. Os Estados Unidos vêm em segundo com 10 de ouro, 8 de prata e 7 de bronze. E pensar que o Brasil, no sábado, estava em primeiro com a medalha de ouro de Sarah Menezes, no judô.
Mas nada é por acaso. Os Estados Unidos já há muito tempo investe pesado em uma política de esportes, aliás, isso já faz parte de sua cultura: a educação aliada ao esporte. Os reflexos? São esses aí. Os norte-americanos são imbatíveis na ginástica, no atletismo, na natação, portanto são há muito tempo uma potência olímpica.
E o que dizer da China? Os chineses vêm investindo com seriedade no preparo de seus atletas e os efeitos foram sentidos na última olimpíada, a de Pequim. Os anfitriões conquistaram nada menos que 100 medalhas: 51 de ouro, 21 de prata e 28 de bronze. Já os norte-americanos levaram 110 medalhas: 36 de ouro, 38 de prata e 36 de bronze.
Diante dessa disparidade entre a nossa realidade esportiva e a dos países de primeiro mundo, a resposta está justamente na falta de uma política voltada para o esporte. E quando se fala em política, as ações e os objetivos vão muito mais além do que uma injeção pesada de recursos. Começa numa educação séria voltada para a formação do homem, ser social, aliada à prática desportiva. 
Daí, a responsabilidade na construção de um país olímpico ultrapassa os muros do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), é um comprometimento, principalmente, do Governo Federal que tem o encargo de transformar as escolas em centros de educação por excelência e fazer desses centros núcleos de preparação e revelação de talentos. 
É claro que isso deve ser estendido a todos: desde os mais necessitados até os filhos de famílias abastadas; uma espécie de democracia esportiva. Se não, continuaremos dependendo das revelações de alguns centros esportivos, como alguns clubes, que investem em algumas modalidades, como, por exemplo, a ginástica, mas que quase sempre trabalham com crianças e adolescentes de classe média. Em raríssimas exceções descobrem talentos de crianças de origem pobre, como Daiane dos Santos. Para os pobres, portanto, as oportunidades, quando surgem, estão voltadas para o atletismo ou então às lutas esportivas.
É nesse entendimento que se explica o porquê da participação de ginastas como Daiane dos Santos, de 29 anos, e Daniele Hypolito, de 28, que são consideradas veteranas para a modalidade. Se por um lado revela que são as melhores ginastas que nós temos, por outro, mostra a fraca renovação que existe na modalidade. Portanto, falta renovação e isso só se consegue com oportunidades para todos, principalmente para as camadas pobres.
No quesito conquista de medalhas, não será surpresa se essa olimpíada for um fracasso para o Brasil. Em Pequim, ficamos com a 23ª colocação com 3 de ouro, 4 de prata e 8 de bronze; ao todo 15 medalhas.
A esperança de conquista de mais medalhas está depositada no judô, no atletismo e nas competições de grupo como o futebol, voleibol e handebol.
Seja qual for o nosso desempenho em Londres, discursos como o do Presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman (que põe a culpa do fracasso na constituição étnica do povo brasileiro, isto é na tal sub-raça), comentados pelo jornalista Lúcio de Castro, publicados ontem aqui no blog, podem vir à tona. 
E é claro, é mais uma desfaçatez para maquiar o esquema falho de dirigentes e governantes que teimam em empurrar com a barriga e programar sonhos que já nascem distorcidos.
Falta uma política esportiva que una a educação moral do ser social à filosofia do esporte.
Os nossos atletas olímpicos, sejam medalhistas ou não, devemos saudá-los como heróis, principalmente aqueles que venceram diversos obstáculos, como a pobreza e a falta de oportunidades.

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