O Brasil ainda é um país com pouca força institucional, ou
"primário", nas palavras de Janio de Freitas, colunista da Folha entrevistado na noite desta
segunda-feira (dia 6) no programa "Roda Viva", da TV Cultura.
Apresentado como "decano
da crítica política no Brasil" pelo âncora Mario Sergio Conti, Janio de
Freitas fez críticas ao fisiologismo no Legislativo, à política do "toma
lá, dá cá" do Executivo e à lentidão do Judiciário.
"Você acha que depois de
esperar 30 anos, ainda que se ganhe [uma ação], isso pode ser considerado
justiça? Só o Judiciário de um país primário pode permitir isso", disse,
exemplificando com o escândalo do mensalão, que se tornou público em 2005, mas
só agora está sendo julgado.
O colunista disse que tem
"uma tendência" a se identificar com as causas sociais e, por isso,
aceita quando o rotulam como "de esquerda".
Ele fez críticas aos
ex-presidentes Lula, por ter mudado o discurso ao assumir o poder, e Fernando
Henrique Cardoso. A compra de votos para a reeleição, revelada pela Folha em 1997, foi classificada como "o
mais grave dos episódios [...] desde a saída do [presidente João Baptista]
Figueiredo [1985]", disse. "Essa, sim, é uma compra comprovada,
atestada."
O colunista também fez críticas
à imprensa. Reclamou, entre outras coisas, da excessiva preocupação dos jornais
com aspectos estéticos.
(Por Folha.com 07/08/2012)
Politicamente
o Brasil passa por um momento crucial, na verdade um divisor de águas, que pode
decretar de vez um estado de enfermidade política, consolidando em atrasos
irreparáveis na educação e no progresso do país. Ou então partir para um novo
estágio independente de transformação, num processo gradativo de extirpar a
corrupção dos hábitos e costumes dos brasileiros.
O
julgamento da Ação Penal nº 470, e paralelamente o cachoeiragate, está sendo
encarado com desconfiança por toda a sociedade, pois envolve, praticamente,
toda a cúpula da política brasileira: Executivo, Legislativo e o Judiciário.
O
medo de um “toma lá, dá cá” com o término na chamada “pizza” tem feito com que os
brasileiros dividam as atenções das olimpíadas com o julgamento do “mensalão”.
E isso já se mostra um avanço em termos de constituição de uma consciência
política.
Mas
mesmo assim, ontem no programa Roda Viva, o colunista Janio
de Freitas afirmou veementemente que aqui no Brasil a expressão ‘justiça’ ainda
tem que ser muito desenvolvida, como também classificou o Brasil como um país “primário”.
Olhando pelo lado negativo da coisa, as palavras do pensador
Freitas fazem sentido. Entretanto não podemos deixar de avaliar o lado
histórico: por natureza, todos nós somos corruptos. Isso faz parte de nossa
cultura.
O que existe na realidade é que sempre negamos esse lado obscuro,
comparando com países com outra realidade histórica e cultural.
O que precisamos reverter é esse lado perverso e isso só se
consegue aos poucos.
O julgamento da Ação Penal nº 470 pode decretar de vez nossa falta
de valores morais e seriedade, como pode também ser o início de ampla
reformulação de nossa política e da nossa educação. Isso tudo é válido, independentemente do tempo.
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