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terça-feira, 27 de julho de 2010

Espaço Ponto de Vista: As Mazelas do Descaso


Ontem eu escrevi a respeito das estúpidas mortes do menino Wesley, João Hélio e de Rafael Mascarenhas. Fui bem enfático na responsabilização do Estado quanto ao seu dever constitucional de promover a segurança pública. As três mortes podem ter como origem fontes diferentes, bala perdida (o caso de Wesley), latrocínio (o caso de João Hélio) e atropelamento (o de Rafael Mascarenhas), mas todas estão unidas por uma das carências mais visíveis de nossa sociedade, a falta de segurança, devido, principalmente, pela falência da polícia militar. E como se não bastasse, no dia 25 de julho, outra estúpida morte envolvendo diretamente os agentes da lei; o assassinato de Bruce Cristian de Souza Oliveira, de apenas 14 anos, em Fortaleza, que estava na garupa da moto de seu pai quando foi alvejado na cabeça por um disparo realizado pelo soldado Silveira (1ª Companhia do 5º Batalhão). Segundo seu superior, Major Valberto Oliveira, "Foi uma abordagem desastrosa e trágica. Eles mandaram o rapaz parar. Segundo ele, o rapaz não ouviu, e o policial efetuou o disparo contra a moto".
Mais uma morte envolvendo policiais militares, será pura ironia do destino? Ou existe algo errado em tudo isso que deve ser corrigido?
Existe o ditado popular que “apontar os erros de alguém é sempre muito mais fácil do que apontar as coisas boas”. Esse tipo de ditado só é válido quando esse alguém tem muito mais virtudes a oferecer do que as possíveis falhas que possam advir. A polícia militar, seja ela do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Ceará, de Minas Gerais, etc, está fora da moral desse ditado, pois a PM, como um todo, sofre com o descaso e falta de seriedade do governo, claramente estampando em nossas capitais, no dia-a-dia.
Esse descaso é bem visível desde o processo de seleção e preparo de nossos futuros policiais; mais visível ainda, no fraco e vergonhoso salário. Alguém sabe quanto ganha um policial militar no Rio? Acho melhor nem dizer, mas o fato é que com um baixo salário, aumenta ainda mais a incidência de policiais em bicos, como segurança e no envolvimento com grupos de milícias, culminando em ações de extermínio. É claro que uma boa remuneração não resolveria o problema da extorsão, da propina, da falta de valores..., mas seria o início de uma séria reforma na segurança pública. Portanto, vamos apontar os erros sim! E cobrar dos governos, seja ele Federal, Estadual e Municipal, uma profunda reforma em nossos alicerces que deve iniciar-se, em curto prazo, com uma melhor seleção e preparação de nossos policiais, com um salário digno e com um melhor aparelhamento. No longo prazo, numa profunda reforma em nossas leis penais e uma radical transformação em nossa educação, pois tratar do assunto segurança pública longe de uma educação de qualidade é tentarmos esconder a sujeira da sala por debaixo do tapete, como vem sendo feito há décadas!
O caso do menino Bruce Cristian de Souza Oliveira foi mais uma trapalhada do despreparo de uma de nossas sensíveis instituições, a polícia. Enquanto pessoas sérias não modificarem profundamente os três setores que mais atrasam o Brasil, segurança, educação e saúde, cansaremos de ouvir e presenciar tristes notícias como o caso do menino Bruce. Que Deus o proteja!

- Por Franco Aldo, Rio, 27 de julho de 2010 -

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