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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Direita ou Esquerda... Tanto Faz

Há algumas décadas eu me considerava um eleitor de esquerda, mesmo sem saber o que isso significava na praticidade. Na verdade o que eu queria era ver os que estavam de fora do poder dentro do poder. Naquela época, eu ainda acreditava, de forma bem particular, nas causas revolucionárias dos partidos socialistas como o PCB e PCdoB, apesar de ter uma pequena convicção, aliás, uma suspeita que todo o moralismo e idéias comunitárias eram apenas bravatas, mas mesmo assim achava que a esquerda merecia uma oportunidade de comandar o país, pois o pior, achava eu, já tinha passado. Não agüentava mais ver José Sarney, a corja da Bahia e demais coronéis afundando o país em dívidas, causando o caos do desemprego e da inflação.
Foi assim que minha convicção esquerdista, na primeira eleição para presidente, em 1989, votou no primeiro turno em Roberto Freire, candidato do PCB. Freire não conseguiu ir para o 2º turno que foi disputado por Fernando Collor, do PRN e Lula, do PT. Diante do limitado leque de candidatos, principalmente na qualidade, não tive outra escolha se não votar em Lula. É bom lembrar que Lula ainda não tinha a popularidade que tem hoje em dia e que o Partido dos Trabalhadores era um partido tão minúsculo quanto o PSOL. Collor venceu, assumiu em 1990 e deixou o cargo nos dois anos seguintes daquela maneira que todos sabem.
Já em 1994, depois de dois anos de governo Itamar, as eleições presidenciais tiveram como principais candidatos Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, Ministro de Itamar e principal idealizador do Plano Real, e Lula. Correndo por fora estavam Enéas Carneiro, do PRONA, e Leonel Brizola, do PDT.
No primeiro e no segundo turnos votei em Fernando Henrique, não tinha como deixar de votar nele depois da estabilidade do país com o Plano Real.
Lula era, pelo menos pra mim, o símbolo da uma luta que parecia ter fim. Depois de duas derrotas achava muito difícil o PT e seus asseclas terem alguma chance de comandar o país. Ledo engano. As duas derrotas de Lula combinadas com a terceira que estavam por vir e com a propaganda de algumas administrações estaduais de características populistas estavam fazendo com que o partido e o presidente alcançassem índices altíssimos de popularidade.
Em 1998 surgiu um candidato, que na minha concepção, poderia ser um ótimo chefe de estado e governo, Ciro Gomes do PPS. Votei em primeiro turno em Ciro, mas, novamente, Lula e Fernando Henrique foram para o segundo turno. Votei em Lula.
É bom lembrar que nessa época, talvez, o PT estivesse em sua melhor fase, a mais pura, isto é, com toda a sua ideologia ainda revigorando as mentes de seus membros.
Já nas eleições de 2002, não votei, apenas justifiquei o meu voto, pois morava em outro estado, longe da minha Zona Eleitoral. Mas conscientemente eu fui um dos que pagou para ver Lula no poder e se pudesse ter votado, votaria em Lula nos dois turnos.
Lula venceu. Antes de terminar o seu primeiro mandato fomos contemplados com o escândalo do mensalão e do ‘eu não sabia’, sem falar em Waldomiro Diniz e outros picaretas do seu governo.
Em 2006 minha consciência política, mesmo que pouco engajada, já estava mais madura, para não dizer, mudada por completo. Aqui no Brasil, esquerda ou direita pode ser trocada por ‘os que estão no poder’ ou ‘os que estão fora dele’, tanto faz. As ideologias dos partidos políticos pouco mudam umas das outras. O que vemos é que um quer tirar o poder dos outros.
O governo Lula continuou seu calvário de imoralidades, corrupção e bravatas. De um lado o populista Lula e sua imagem de analfabeto que venceu na vida e que quer ajudar os pobres. De outro o partido, infiltrado no governo e que se considera o próprio governo. É uma tática fantástica de dissimulação e cooptação eleitoral. A corja de sindicalistas junto com o conservadorismo coronelista (Sarney, família Magalhães, Collor, etc.) formaram uma quadrilha da pesada que compram apoio de um lado (mensalões, dossiês, cargos políticos) e oferecem esmolas de outro – os bilhões do programa assistencialista bolsa família estão aí para não me desmentir.
Assim segue a vida política por aqui. Acho que o que existe no governo e no PT é algo intrinsecamente ligado ao comportamento individual do brasileiro, portanto reflexos de nós mesmos. Como vamos cobrar moralidades aos nossos representantes se a todo o momento praticamos as mesmas imoralidades. É claro que há exceções, mas o que prevalece é o geral, não as exceções.
Antes que eu me esqueça, em 2006 votei, no primeiro turno, na radical Heloisa Helena, do PSOL, e juro que depois me arrependi. Já no segundo turno votei no candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.

(Por Franco Aldo, 14/10/2010, às 10:51Hs)

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