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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Hospital Público Pega Fogo no Rio

Após incêndio em hospital, mais de 200 pacientes são transferidos
Cerca de 40 pessoas continuam internadas na emergência do Pedro II e outras 30 estão em um hospital de campanha

A Secretaria Estadual de Saúde transferiu mais de 200 pacientes do Hospital Estadual Pedro II, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, para outras unidades de saúde. A ação aconteceu após um incêndio no fim da manhã de quinta-feira (14).
Cerca de 40 pessoas continuam internadas na emergência do Pedro II, no térreo, e outras 30 estão em um hospital de campanha montado ao lado da unidade. Apenas os pacientes de baixa gravidade não foram transferidos.
Com exceção da emergência, os demais andares continuam fechados. O fogo no Pedro II teria começado após um curto-circuito no transformador do subsolo da unidade. A causa do incêndio ainda está sendo apurada. Ninguém ficou ferido. O incêndio não atingiu os andares superiores, mas a fumaça chegou aos inferiores da unidade. A rede elétrica ficou carbonizada.
O secretário Estadual de Saúde, Sérgio Côrtes, vai ser reunir com engenheiros da Empresa de Obras Públicas (Emop) para decidir o destino do Pedro II e com diretores de outros hospitais estaduais para discutir mais transferências de pacientes.
Na madrugada desta sexta-feira um idoso morreu no Hospital Rocha Faria, em Campo Grande, na zona oeste. Ele estava internado no Pedro II e foi transferido após o incêndio. Mas, segundo a secretaria, a morte não teve relação com o incêndio. O estado de saúde dele era grave.

(Por iG Rio de Janeiro - 15/10/2010 10:05)

Hoje eu pretendia não escrever nada, pois tem dia que a gente não está nem aí para os problemas, quanto mais para aqueles problemas que sempre existem, mas ninguém quer ver, sejam os responsáveis diretos, sejam todos nós, o povão, o principal responsável pelo chiqueiro que se transformou os órgãos públicos do Rio de Janeiro.
O incêndio no Hospital Pedro II, em Santa Cruz, não foi por acaso. Quem já teve o desprazer de ser atendido naquela pocilga sabe muito bem o que eu estou dizendo; as instalações são da década de 50 do século passado, não apenas pela falta de reforma, mas principalmente pelo mau uso, má conservação. O Hospital, talvez, seja a construção mais pomposa do bairro e, como sempre, sofre com a falta de leitos, aparelhagem e profissionais. ‘A culpa é do governo’ vai dizer o leigo. Pode até ter um pouco de fundamento, mas todos nós somos cúmplices de que o público tornou-se, no inconsciente da população, algo que se pode apropriar-se, seja lá qual o escalão quer for, desde a cúpula do governo até a direção do hospital. Portanto má administração combinada com a falta de seriedade de nossos representantes, sem falar no problema crônico que assola o país, a falta de fiscalização.
Um incêndio nas instalações elétricas – cheias de gambiarras – era o óbvio, pois, mais cedo ou mais tarde, isso poderia acontecer. E isso não é exclusividade do Pedro II; em Campo Grande, o Rocha Faria, talvez, seja bem pior.
Dito dessa forma, a imagem do Pedro II é o exemplo clássico de como a saúde no Brasil, particularmente no Rio, é lavada a sério. Isso é o governo do PMDB, do Sérgio Cabral – e dos que o antecederam – que acabou de ser reeleito.
Um governo de respeito e que tenha compromisso com a comunidade não é apenas aquele que constrói elevador panorâmico (caso dos morros do Cantagalo, Pavão e Pavãozinho) – dizendo que está fazendo em prol da comunidade – para embelezar a cidade pro gringo ver e esconder a favela, mas aquele que trabalha em cima da educação, saúde e segurança. Governo de verdade não é só aquele que se engaja pra trazer copa do mundo, olimpíada, o diabo – que só serve para encher o bolso dos grandes empresários –, mas aquele que primeiro atende as necessidades da população. Portanto, vamos primeiro fazer o dever de casa para depois pensar – dentro dos valores de cada um – nas futilidades da ambição.
Depois do incêndio, montaram um atendimento de campanha. Acho que vai funcionar melhor do que antes, mas como o governo está investindo nas UPA(s), portanto é melhor demolir o Pedro II e continuar atendendo a população no hospital de campanha, combinando com os atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
É o que nós merecemos. Num país onde a democracia predomina, nada é injusto. O que existe hoje é apenas culpa de nossa leniência de visão crítica, combinada com o mau uso de nossa arma maior, o voto.

(Por Franco Aldo, 15/10/2010, às 21:15Hs)

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