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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Espaço Ponto de Vista: O caso da menina Joanna

Pai da menina Joanna é preso após decisão da Justiça no Rio

Foi preso na noite desta segunda-feira o serventuário da Justiça André Marins, pai de Joanna Marcenal Marins, 5. Mais cedo, ele e a mulher, Vanessa Maia, tinham sido denunciados pelo Ministério Público sob acusação de tortura e de homicídio qualificado. A Justiça, porém, determinou apenas a prisão preventiva de André.
Com a aceitação da denúncia, terá início o processo judicial que vai apurar a responsabilidade dos dois na morte de Joanna, ocorrida em 13 de agosto, após a menina passar quase um mês em coma.
Segundo a promotora Ana Lúcia Melo, responsável pela denúncia à Justiça, a criança teve convulsões por três dias antes de ser levada ao médico. Ela teve uma meningite causa pelo vírus da herpes.
'Quando ela contraiu meningite, começou a ter convulsões, e ficou por três dias convulsionando em casa sem receber atendimento', disse a promotora, que denunciou o casal por homicídio qualificado por meio cruel com dolo eventual. O dolo eventual significa que o casal assumiu o risco da morte da criança por ter tido uma atitude omissa e não ter procurado ajuda médica imediatamente.
A promotora disse também que a tortura à qual Joanna foi submetida pode ter contribuído para que ela desenvolvesse a doença, já que teria baixado a imunidade da menina.
Laudo elaborado pelo Grupo de Apoio Técnico do Ministério Público constatou que a menina foi vítima de queimaduras provocadas por 'meio físico ou químico' entre o fim de junho e o início de julho. O mesmo documento descartou que a marca nas nádegas da menina tenha sido fruto de uma alergia, como o pai chegou a alegar.
Além disso, pesou o depoimento de uma diarista que trabalhou na casa de Marins. Ela relatou à polícia ter visto, nos dias 13 e 14 de julho, a menina deitada em um tapete no chão, com as mãos e os pés atados com fita crepe e suja de fezes e urina. Ela só foi levada ao hospital no dia 15, segundo o Ministério Público.
A diarista disse ainda, segundo a promotora, ter encontrado diversas peças de roupa sujas de fezes, que indicariam que a menina apresentava descontrole fecal há pelo menos duas semanas. Segundo Melo, essa situação foi causada pelo 'terror psicológico' ao qual a criança foi submetida na casa do pai, com quem morava desde o fim de maio --a Justiça a afastou provisoriamente da mãe por entender que ela sofria de síndrome de alienação parental em grau severo.
A promotora disse que decidiu denunciar a madrasta, que não tinha sido indiciada pela polícia, porque, apesar de a guarda legal ter sido concedida apenas a Marins, ela detinha a guarda de fato da criança.
'A Vanessa residia na mesma casa do André, com quem tem duas filhas, e acompanhava tudo o que era feito na casa', diz.
Melo explicou ainda ter pedido a prisão preventiva do casal por entender que as testemunhas estão sendo intimidadas e devido ao clamor popular. Ela citou que Marins chegou a dizer à imprensa que irá perseguir judicialmente a diarista que depôs contra ele.
A promotora afirmou ainda que a ação inadequada da médica Sarita Fernandes e do falso médico Alex Sandro da Souza Cunha, que atenderam Joanna no hospital RioMar, na Barra da Tijuca, também colaborou para a morte da menina. Os dois já tiveram a prisão preventiva decretada, mas ele está foragido. O pai e a madrasta de Joanna negam as acusações.

(Por Denise Menchen, Folha. Com – 25/10/2010)

Desde o início das investigações sobre a morte da menina Joanna Marins, muita coisa precisava ser explicada, principalmente os hematomas encontrados em seu corpo, que denunciavam, talvez, o indício de maus-tratos.
A causa ‘mortis’ apontada pelos médicos do hospital foi de um quadro de meningite causada pelo vírus da herpes, como relatado acima, mas nada foi constatado em sua ficha médica a respeito dos hematomas.
A situação começou a ficar suspeita quando a mãe da menina acusou o pai, que detinha a guarda da menor, de ser o responsável pelos indícios de maus-tratos. O pai, por sua vez, jogou a culpa na ex-mulher e disse que a menina não tinha nenhum hematoma durante os dias em que ficou com ele.
Diante da suspeita de maus-tratos e da estranheza das ações dos médicos do hospital, o Conselho Tutelar e os órgãos responsáveis pela investigação da morte descobriram negligência da médica Sarita Fernandes e, para a surpresa de todos, a participação do falso médico, Alex Sandro da Cunha Souza. Foi o estopim para que a investigação tomasse o rumo que tomou, ao ponto do Ministério Público pedir a prisão do pai, André Marins.
A médica Sarita Fernandes já está presa e o falso médico foragido.
Espero que as coisas sejam muito bem elucidadas e todos os envolvidos sejam responsabilizados dentro da culpabilidade de cada um.
Se forem comprovados os atos de tortura praticados pelo pai (e pela madrasta) da menina Joanna, como mostram as evidências; como um pai tem a coragem de tratar uma criança de 5 anos, sangue do seu sangue, da forma como foi relatada pela diarista? E o que mais impressiona é que desde o nascimento de Joanna, os pais vivem um litígio pela disputa de sua guarda, portanto não faz sentido lutar pela guarda de um ser, supostamente amado, que depois de conquistado é tratado de uma forma das mais desumanas possíveis.
O caso de Joanna é bem parecido com o da menina Isabella Nardoni; filha de pais separados que vivia com a madrasta.
É claro que o destempero de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, ao ponto de estrangular e jogar Isabella da janela do apartamento em que viviam, foi de uma crueldade inimaginável, mas se for comprovado os atos de tortura em Joanna, acredito que esse crime será tão cruel quanto o dos Nardoni.
Vamos aguardar o desempenho de nossa justiça e que sejam punidos todos os culpados pela morte de Joanna Marins.

(Por Franco Aldo – 26/10/2010, às 13:13Hs)

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