Falar do Botafogo é sempre
gostoso e saudoso.
Gostaria de falar do time
atual, mas como ainda esse time não mostrou pra que veio, é melhor não falar
nada, pois pra falar do Botafogo tem que ser coisa boa, digna da história e da
estrela do clube.
O jornalista Ruy Castro, que
recentemente esteve com grave problema de saúde, publicou, em 1995, uma de suas
maravilhosas obras, “Estrela Solitária: Um brasileiro chamado Garrincha”. Uma
biografia completa do maior jogador da história do Botafogo, do Brasil e, quem
sabe, do Mundo.
Num dado instante, a obra
parece desvendar o mito, a lenda, o craque das pernas tortas, Mané Garrincha.
Mas ao olharmos com atenção a ilustração da capa do livro, dá para se perceber
que o trabalho de Ruy Castro vai muito mais além.
O alicerce da vida de
Garrincha, segundo o competente trabalho de pesquisa de Ruy Castro, foi os seus
dribles e o vício pela cachaça.
Aliado a isso, Manuel dos
Santos – seu nome de batismo – viveu uma vida como tantos milhares de manés pelo
Brasil a fora: sua origem Fulniô – tribo indígena do nordeste brasileiro –
denota a infância pobre, semi-analfabeto, mulherengo, detentor de uma ingenuidade
que beirava o cômico e alheio a qualquer compromisso que exigisse hora e
seriedade. Talvez esses ingredientes, misturados às suas pernas completamente
tortas e os litros e litros de cachaça, fizeram com que o futebol brasileiro
conhecesse não só um dos maiores pontas do mundo, mas uma lenda que poderia
estar viva até hoje, assim como Nilton Santos.
O sucesso repentino pela
destruição de defesas e conquistas de títulos, principalmente os da Copa de
Mundo de 1958 e 1962, deu a Garrincha fama, dinheiro e problemas.
Enquanto entortava defesas
que quase sempre culminava em gols, Garrincha vivia um inferno astral. No Rio,
pelo que oficialmente se sabe, tinha duas amantes, uma delas Elza Soares. E em
Pau Grande sua mulher, Nair, não parava de ter filhos, aliás, filhas. Foram ao
todo 9 filhas. Isso gerou muitos problemas ao craque, pois a sociedade da época
cobrava mais responsabilidade de Garrincha quanto às suas filhas e reprovava
violentamente o seu relacionamento com a estonteante Elza Soares.
Tudo isso já seria problema
demais para a pobre cabeça de Mané, mas o que mais o castigou foram as lesões
no joelho que restringiram os seus dribles e fizeram com que abandonasse
prematuramente o futebol – seria a cachaça a responsável por tudo? Nunca se
saberá.
A verdade é que Garrincha
nunca levou nada a serio. O futebol, o dinheiro, a família e as mulheres, nada
disso faziam com que “o anjo das pernas tortas” se cuidasse e largasse o
álcool.
O livro emociona, pois ao
mesmo tempo em que conta as glórias das conquistas do Brasil e do Botafogo,
narra a tragédia de um humilde brasileiro que fazia aquilo predestinado a
fazer, aterrorizar defesas dos times adversários com seus dribles
desconcertantes.
É obra obrigatória para
Botafoguenses, amantes do futebol e, principalmente, para o brasileiro.
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