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terça-feira, 13 de março de 2012

ESTRELA SOLITÁRIA: Um brasileiro chamado Garrincha

Falar do Botafogo é sempre gostoso e saudoso.
Gostaria de falar do time atual, mas como ainda esse time não mostrou pra que veio, é melhor não falar nada, pois pra falar do Botafogo tem que ser coisa boa, digna da história e da estrela do clube.
O jornalista Ruy Castro, que recentemente esteve com grave problema de saúde, publicou, em 1995, uma de suas maravilhosas obras, “Estrela Solitária: Um brasileiro chamado Garrincha”. Uma biografia completa do maior jogador da história do Botafogo, do Brasil e, quem sabe, do Mundo.
Num dado instante, a obra parece desvendar o mito, a lenda, o craque das pernas tortas, Mané Garrincha. Mas ao olharmos com atenção a ilustração da capa do livro, dá para se perceber que o trabalho de Ruy Castro vai muito mais além.
O alicerce da vida de Garrincha, segundo o competente trabalho de pesquisa de Ruy Castro, foi os seus dribles e o vício pela cachaça.
Aliado a isso, Manuel dos Santos – seu nome de batismo – viveu uma vida como tantos milhares de manés pelo Brasil a fora: sua origem Fulniô – tribo indígena do nordeste brasileiro – denota a infância pobre, semi-analfabeto, mulherengo, detentor de uma ingenuidade que beirava o cômico e alheio a qualquer compromisso que exigisse hora e seriedade. Talvez esses ingredientes, misturados às suas pernas completamente tortas e os litros e litros de cachaça, fizeram com que o futebol brasileiro conhecesse não só um dos maiores pontas do mundo, mas uma lenda que poderia estar viva até hoje, assim como Nilton Santos.
O sucesso repentino pela destruição de defesas e conquistas de títulos, principalmente os da Copa de Mundo de 1958 e 1962, deu a Garrincha fama, dinheiro e problemas.
Enquanto entortava defesas que quase sempre culminava em gols, Garrincha vivia um inferno astral. No Rio, pelo que oficialmente se sabe, tinha duas amantes, uma delas Elza Soares. E em Pau Grande sua mulher, Nair, não parava de ter filhos, aliás, filhas. Foram ao todo 9 filhas. Isso gerou muitos problemas ao craque, pois a sociedade da época cobrava mais responsabilidade de Garrincha quanto às suas filhas e reprovava violentamente o seu relacionamento com a estonteante Elza Soares.
Tudo isso já seria problema demais para a pobre cabeça de Mané, mas o que mais o castigou foram as lesões no joelho que restringiram os seus dribles e fizeram com que abandonasse prematuramente o futebol – seria a cachaça a responsável por tudo? Nunca se saberá.


A verdade é que Garrincha nunca levou nada a serio. O futebol, o dinheiro, a família e as mulheres, nada disso faziam com que “o anjo das pernas tortas” se cuidasse e largasse o álcool.
O livro emociona, pois ao mesmo tempo em que conta as glórias das conquistas do Brasil e do Botafogo, narra a tragédia de um humilde brasileiro que fazia aquilo predestinado a fazer, aterrorizar defesas dos times adversários com seus dribles desconcertantes.
É obra obrigatória para Botafoguenses, amantes do futebol e, principalmente, para o brasileiro.

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