Sejam Bem-Vindos!

O Botequim é um espaço democrático e opinativo sobre os mais diversos assuntos, envolvendo a sociedade brasileira e o mundo.

Sejam Bem-vindos!

terça-feira, 27 de março de 2012

O FLAMENGO E A LOCANTY

Depois que a Globo desvendou o esquema fraudulento nas licitações de serviços em hospitais públicos no Rio, escancarando uma podridão que, se não era e nunca havia sido (foi) novidade pra ninguém, pelo menos deu nomes aos bois e traçou claramente a ousadia de empresas que manipulam e envenenavam a livre concorrência, com o único objetivo de depreciar os cofres públicos.
Empresas picaretas como a Locanty Soluções, Toesa Service, Bella Vista Refeições Industriais e Ruffolo Serviços Técnicos e Construções são as principais envolvidas no escândalo fraudulento de licitações de serviços públicos em hospitais, principalmente com o hospital da UFRJ.
Serviços básicos como limpeza, coleta de lixo, fornecimento de refeições e lavagem de roupa tinham contratos milionários, a preços bem acima da concorrência.
Para a efetivação da fraude, o gestor do hospital recebia propina em torno de 15% do valor contratual e a garantia de que o serviço seria prestado na surdina sem levantar suspeitas, portanto um ajuste perfeito: o gestor levava o seu e as empresas consolidavam sua máfia.
Tudo isso foi filmado e diversas pessoas ligadas às empresas (empresários e gerentes) foram comprometidas por declarações bombásticas e chocantes. Imperou, segundo eles, a “ética do mercado”.
Pois bem, hoje, na coluna de Renato Maurício Prado, do jornal O Globo, entre e outras coisas, o colunista esportivo procurou saber da Presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, qual a relação de uma das empresas envolvidas no escândalo – a Locanty – com o clube mais popular do país.
Segundo Prado:

Renato — disse ela com a voz tranqüila e educada de hábito —, conheci o João (Barreto, dono da empresa), no inicio do mandato, quando ele tinha um camarote do lado do nosso (do Flamengo), no Maracanã. Certo dia, ele nos visitou, contou que era rubro-negro apaixonado e que queria ajudar. Como precisávamos podar árvores e recolher lixo na Gávea e no Ninho do Urubu, e a empresa dele faz isso, aceitamos. A questão do título honorário vem daí, em agradecimento à boa vontade dele em nos auxiliar, algumas vezes até gratuitamente. Ninguém podia adivinhar que a empresa apareceria envolvida no que apareceu...

No mundo do futebol é comum que clubes, muitas vezes, sejam patrocinados por pessoas – jurídicas ou físicas – de conduta e caráter suspeitos, como bicheiros, atravessadores, contrabandistas, mafiosos, traficantes, ... e por aí vai.
Como pequeno exemplo, foi assim que o Bangu, financiado por Castor de Andrade, brilhou na década de 80, chegando a ser vice-campeão brasileiro de 1985. Foi assim também que o Botafogo, em 1989, financiado por Emil Pinheiro, quebrou seu jejum de títulos ao ser campeão carioca invicto daquele ano.
Nos casos acima, os clubes estavam ligados a contraventores (donos de banca do jogo-do-bicho), não a criminosos. Portanto, pessoas ligadas a atividades que não chegava a se consolidar como crime.
Na Itália, na década de 80, quando o Nápoli montou seu escrete com Maradona, Careca e Alemão, havia suspeitas que a máfia de Nápoles financiava os rios e rios de dinheiro que eram investidos no clube. Aliás, todo mundo sabia, mas não havia provas concretas.
No caso do Flamengo, um time popular, que depende de sua imagem para vender e se fazer o time do “bem”, da massa, não fica nada legal a associação com empresas como a Locanty, que segundo a própria presidenta, era logomarca do uniforme rubro-negro, no futebol de areia, no Mundialito de 2011.
Portanto, existem provas da associação do Flamengo com a Locanty, conforme as próprias declarações da Presidente, e da inidoneidade da empresa, após as denúncias do Fantástico.
As associações do Flamengo com empresas picaretas, o envolvimento de jogadores com o crime organizado e com assassinatos, tudo isso tem feito, nos últimos anos, uma imagem negativa do rubro-negro carioca: inconscientemente é o preto e vermelho associado ao crime.

Nenhum comentário:

Postar um comentário