
Ontem eu assisti boa parte do debate, promovido pela Rede Bandeirantes, dos candidatos ao governo do Estado do Rio de Janeiro. Participaram do evento: Sérgio Cabral Filho, do PMDB, Fernando Gabeira, do PV, Fernando Peregrino, do PR, e Jefferson Moura, do PSOL. Como sempre, os candidatos se limitaram a tecer um discurso não muito claro sobre os seus possíveis planos de governo, até porque, o tempo de cada um se resumia apenas a quarenta e cinco segundos, muito pouco para aqueles que não têm o dom da oratória. Portanto, a curiosidade maior do debate foram as acusações que tiveram como alvo maior o candidato do PMDB e atual Governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho. O que se viu fui uma artilharia pesada sobre o candidato do PMDB. De um lado, o candidato do PSOL administrava o discurso da perfeição, do bom garoto, apontou os possíveis podres da administração de Sérgio Cabral e seu discurso se pautou principalmente em favor da saúde e da educação. Não pode, é claro, explicar com mais detalhes como fará para ressuscitar a saúde e a educação do Rio, como nenhum deles o fez, mas de uma forma geral se saiu bem, até porque era nítida a sua aliança com o candidato Fernando Peregrino, contra Cabral e Gabeira.
O candidato Fernando Peregrino tem o apoio do ex-governador do Rio, o Garotinho, que ninguém sente saudade. Acho que foi por isso que, antes mesmo do candidato expor seu programa, não me interessei muito pelo seu discurso. Peregrino atacou Cabral e Gabeira e claramente estava aliado (no debate) com o candidato Jefferson Moura. De concreto, o seu discurso foi voltado principalmente para a educação, citando até as obras memoráveis de Darcy Ribeiro – os CIEPS – no governo Brizola, mas, a meu ver, não me empolgou.
O experiente Fernando Gabeira adotou um discurso lúcido. Nas suas réplicas, em nenhum momento baixou o nível do seu pensamento, pode até não ter sido muito claro em seus planos, até porque nenhum foi, mas em minha opinião foi o melhor do debate. Como os outros, atacou Sérgio Cabral que vendido por todos os lados, apenas se prestou a se defender das acusações. Gabeira agiu estrategicamente, já que Cabral é o seu maior adversário e representa a continuação do embelezamento do Rio, ou melhor, o mascaramento da pobreza e da miséria. É uma espécie de ilusão para que o rico se sinta confortável durante a Copa e as Olimpíadas. É o varredor da sujeira para debaixo do tapete. Afinal, é uma forma de governar, não é mesmo?
Já o candidato à reeleição, Sérgio Cabral Filho, como já disse, limitou-se apenas a se defender das acusações, ou melhor, não respondeu as acusações formuladas pelos seus adversários e o momento mais curioso foi quando os assessores do peemedebista solicitaram um tempo para a réplica a respeito das acusações de superfaturamento das UPAs, acusação feita pelo candidato Fernando Peregrino. De um lado, Fernando Gabeira esbravejava, sem os microfones, sobre o tempo concedido ao candidato do PMDB e de outro, Cabral não soube lidar com o assunto, simplesmente não explicou nada.
De uma forma geral o debate, o primeiro de uma série de vários, foi bom, pois podemos perceber que a essência não muda, é a mesma, isto é, temos que analisar as propostas e acreditar nelas. Enquanto o nosso país não tomar ares de terra civilizada, ou melhor, enquanto não for editada a lei que obrigue os candidatos a cumprir as suas promessas de campanha, ficaremos nesse lengalenga e à mercê da aparência e da oratória. Se o candidato for ator, aí é que estaremos perdidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário