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terça-feira, 20 de setembro de 2011

A CARÊNCIA DO ROCK NO QUARTO ROCK IN RIO

Dia 23 de setembro começa a quarta edição da maior festa de rock da América, o Rock in Rio. Longe da sua proposta original de congregar as maiores feras do rock da atualidade e do passado, o Rock in Rio agora é espaço tanto para o pop, quanto para o irritante e corporal, axé. O rock é apenas um detalhe, ou melhor, um slogan.
A primeira edição do Rock in Rio foi sensacional. Artistas de peso da época sacudiram o enlamaçado terreno da Barra da Tijuca nos idos de 1985, consagrando o sucesso do festival e agendando uma nova e futura edição.
No primeiro, o rock foi o prato principal, degustado pelos fãs do AC/DC, IRON MAIDEN, OZZY OSBOURNE, QUEEN, YES, WHITESNAKE, SCORPIONS, PARALAMAS DO SUCESSO, BARÃO VERMELHO e PEPEU GOMES. É claro que esse belo prato foi condimentado por um JAMES TAYLOR, ROD STEWART e IVAN LINS. Por isso foi um sucesso.
Já o segundo, em 1991, talvez, tenha sofrido o desgaste da boa safra dos anos 80, no bom e velho português: “a fonte tá secando”, também, é claro, fruto da rejeição de algumas bandas que exigiam demais, ou a proposta era de menos? Tanto faz. O certo é que a segunda edição do Rock in Rio já começou longe de suas raízes. O palco agora era o Maracanã que abrigou as apresentações de GUNS N’ ROSES, FAITH NO MORE, SEPULTURA, JUDAS PRIEST, MEGADETH, BILLY IDOL, QUEENSRYCHE, BIQUINI CAVADÃO, ENGENHEIROS DO HAWAII, LOBÃO, TITÃS, além dos pops DEBBIE GIBSON, A-HA, NEW KIDS ON THE BLOCK, LISA STANFIEL, GEORGE MICHAEL, INFORMATION SOCIATY, sem falar num tal de HAPPY MONDAYS.
Mesmo com uma programação um pouco inferior ao primeiro, o segundo Rock in Rio conseguiu respirar e alcançou relativo sucesso. A espera de uma nova edição talvez não fosse certa, entrávamos na década de 90 e o mundo cada vez mais se transformava, numa velocidade surpreendente. O rock já não fazia parte da moda do presente. As bandas que brilharam nos anos 80 envelheceram e poucas novidades surgiram no cenário mundial. O mercado fonográfico entrou em crise, a pirataria e a idolatria de pseudo-artistas contribuíram para empobrecer, ainda mais, as músicas que soavam pelos ventos. O verdadeiro talento ficava a segundo plano, o que interessava eram os ritmos fáceis, de músicas melosas e sem nenhuma novidade. Foi assim o segundo Rock in Rio.
Em 2001, foi perceptível a preocupação dos organizadores do terceiro Rock in Rio de trazer de volta a essência original do evento, mas se por um lado acertaram na essência, como as múltiplas tendas que tocavam de tudo, por outro, escorregaram na programação. Mas, pelo menos o festival voltou ao seu lugar original, o terreno baldio do Riocentro.
Se o segundo foi marcado com os sons pesadíssimos de Judas Priest, Sepultura e Megadeth, o terceiro não ficou de fora, trouxe novamente o IRON MAIDEN, SEPULTURA, além de novidades da época como PAPA ROACH, OASIS, REM, PATO FU, FOO FIGHTERS, SILVERCHAIR, RED HOT CHILLI PEPPERS e CÁSSIA ELLER, além do CAPITAL INICIAL, IRA e ULTRAJE A RIGOR. O mico ficou por conta das participações de SANDY & JÚNIOR e BRITNEY SPEARS.
Achei o terceiro melhor que o segundo, apesar de achar as bandas do segundo mais pesadas. Mesmo com as participações de artistas para o público infantil, Sandy & Júnior e Britney Spears, que quase destruíram o sucesso do evento; Iron Maiden, Sepultura, Red Hot Chili Peppers, Oasis e Silverchair salvaram o festival.
O quarto começará no próximo dia 23 e o que mais chama a atenção é quantidade de atrações que estão sendo canceladas, sem falar na fúria do público na aquisição dos ingressos. Esgotaram-se num piscar de olhos, talvez seja isso que explique a participação de CLÁUDIA LEITE, ou o contrário?
Das quatro edições, essa, com certeza, é a mais fraca. Poderíamos apropriadamente mudar o nome de Rock in Rio para, vejamos, Pop in Rio, ou qualquer coisa parecida.
Os únicos dias que lembram a essência do rock são os dias 24 de setembro (NX ZERO, STONE SOUR, CAPITAL INICIAL, SNOW PATROL e RED HOT CHILI PEPPERS), 25 de setembro (GLÓRIA, COHEED AND CAMBRIA, MOTÖRHEAD, SLIPKNOT e METALLICA) e 2 de outubro (DETONAUTAS, PITTY, EVANESCENCE, SYSTEM OF A DOWN e GUNS N’ ROSES), nos demais dias é só para se estressar, como nos dias 23, 30 e 1º de outubro. Talvez o melhor nesses dias esteja nas múltiplas tendas e nada mais.
O que me parece é mais uma festazinha burguesa, com gente sem nenhum pingo de exigência musical, importando somente a chapação e as drogas.
Para aqueles que amam o rock verdadeiro, talvez, a nostalgia de um GUNS N’ ROSES, RED HOT CHILI PEPPERS, METALLICA, MOTÖRHEAD e os shows das tendas alternativas paguem a fortuna despendida.

(Por Franco Aldo – 20/09/2011 – 10:20hs)

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