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terça-feira, 6 de setembro de 2011

A Violência nas Áreas Pacificadas do Rio

Cabral atribui problemas em favelas a histórico de violência

O governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), afirmou na manhã desta terça-feira que os problemas enfrentados recentemente na Cidade de Deus e no Complexo do Alemão são resultado de "resquícios de um viés violento" de uma minoria de moradores das favelas e da própria polícia.
Cidade de Deus conta com uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), e o Alemão está ocupado pelo Exército.
"Evidentemente, isso [a pacificação] é um processo de educação recíproca entre a força de pacificação e a comunidade. É um aprendizado diário. Há tanto na comunidade quanto na força de segurança, resquício de um viés violento, no caso da força de pacificação, e da cultura do poder paralelo, no caso das comunidades. Mas isso é minoria", disse Cabral.
"Há pelo menos 30 ou 40 anos, a polícia só entrava para atirar e depois deixava a população refém dos bandidos. É um processo que não tem fim, mas vai melhorar a cada dia", completou o governador durante a formatura de 489 alunos do Centro de Formação e Aperfeiçoamento da PM.
O coronel Robson Rodrigues, coordenador das UPPs, afirmou que será realizado um seminário para reavaliar o programa de pacificação de favelas.

CONFRONTO

No último fim de semana, um conflito envolveu moradores e militares no complexo do Alemão. Segundo moradores, o tumulto voltou a ocorrer na noite de segunda-feira (5).
No domingo, moradores e policiais militares da UPP Cidade de Deus entraram em confronto após um baile funk.

(Por Folha.com - 06/09/2011 - 13h10)

Mais cedo ou mais tarde, a violência nas regiões pacificadas pelo Exército e, até mesmo, pelas UPPs surgiria como um fantasma que tem como origem uma multiplicidade de problemas sociais, muito mais complexo que o simples domínio do poder público em áreas antes dominadas pelo tráfico de drogas.
O que o Governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, e os empresários, que lucrarão na Copa e nas Olimpíadas, querem é que a complexa selvageria que existe no Rio de Janeiro seja maquiada, ou melhor, minimizada. Nessa ótica, não basta pacificar regiões carentes, como o Complexo do Alemão ou a Cidade de Deus, aliás, o termo pacificar não significa o fim do tráfico nessas regiões, mas uma forma mais ordenada de se viver sem ter que escutar tiros de fuzis, ou mesmo, ver bandidos armados até os dentes. O que o poder público tem que fazer é resgatar essa população marginalizada e trazer para a sociedade, através de projetos socioeducativos.
O que chama mais a atenção é que o frison inicial do Governo Cabral na publicidade das áreas pacificadas parece que está com o seu tempo se esgotando. Ninguém gosta de viver em locais em que o exército, a polícia ou, até mesmo, os bandidos desfilem de fuzis nas mãos. E de certa forma, o Governador do Rio tem parcial razão em atribuir que os últimos acontecimentos na Cidade de Deus e no Morro do Alemão refletem um passado de muita violência, de muita carência do poder público (é lógico), mas não justifica a inércia do Estado nessas regiões em promover verdadeiros projetos de inclusão social.
A UPP no Complexo do Alemão é fundamental para a continuidade da paz e da permanência do poder público.
Não é missão do Exército Brasileiro ocupar uma região tão complexa como a do Alemão, muito menos estender essa ocupação sabe-se lá até quando. Isso só leva a uma coisa: o desgaste. Que já ocorreu entre os moradores e os militares.
De uma forma geral, o que está existindo hoje nessas regiões é um desgaste natural entre a força legal e os moradores. O Estado tem que promover algo a mais, pois se for só para por homens armados na região, não haverá tanta diferença com os bandidos.

(Por Franco Aldo – 06/09/2011 – 13:19hs)

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