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domingo, 7 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: A Prova de Redação do ENEM

Candidatos encerram prova do Enem preocupados com a redação
Estudantes fizeram provas neste sábado de ciências da natureza e ciências humanas

Alívio e cansaço. Essas foram as palavras mais citadas entre os candidatos que deixavam o prédio da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), por volta das 17h deste sábado (6), após o primeiro dia de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
"Tive mais facilidade com as questões de ciências da natureza, mas apenas por gostar mais dessa área do que de humanas", avaliou a estudante Ana Carla Titoneli, 18 anos, que está concluindo o Ensino Médio em uma escola particular e pretende cursar Engenharia de Produção na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ela já havia feito o Enem no ano passado, para adquirir experiência, e considerou a primeira prova deste ano mais simples. "Amanhã que é o problema, por conta da redação", disse.
O universitário Caio Passos, 18, já cursa Educação Física na UFRJ, mas quer transferir para Biologia e, por isso, fez o Enem. "A prova de hoje foi abrangente. Cobrou mais temas que a prova do ano passado", avaliou. "As duas provas de hoje foram parecidas em termos de dificuldade. A redação é sempre o maior desafio", completou.
O movimento de candidatos em frente ao campus da UERJ no bairro do Maracanã, na zona norte do Rio, causou um pequeno congestionamento na Rua São Francisco Xavier, que foi dissipado por volta das 17h45.

(Por Fábio Grellet, especial para o iG | 06/11/2010 18:23)

Trabalhei por três anos lecionando redação para jovens em cursinho preparatório e sei bem o que significa para muita gente encarar uma prova de redação em concurso.
Além dos diversos problemas de base que envolve o péssimo ensino de nossas escolas; o fraco incentivo à leitura, além do uso inadequado da tecnologia reinante, caso da internet, o estudante tem que mostrar muita versatilidade ao abordar coerentemente o tema solicitado pela banca. E diante de tanta coisa em desfavor, o fato é que a maioria dos jovens de idade de ingresso nas universidades lê pouco, muito pouco.
É claro que só a leitura não resolve o problema, mas também uma análise crítica da realidade, combinada com muita escrita, isto é, leitura, reflexão e prática de escrita.
Nos três anos de trabalho pude perceber que muitos alunos se preocupavam mais com a gramática do que com a feitura de um texto coerente e coesivo. Aliás, uma preocupação bem natural, pois aqui no Brasil estampou-se a idéia de que saber a língua materna é saber bem a gramática, o resto fica de lado. Mas não é bem assim.
Compartilho a idéia de que antes de saber as enfadonhas regras gramaticais, os alunos tenham que saber redigir um texto coerentemente e com um mínimo de coesão. E isso só se aprende lendo os melhores escritores e praticando a expressão escrita. Com o tempo, muita coisa que parece difícil na gramatiquice passa despercebido e para o aluno resta apenas saber a sua definição, o seu conceito.
Além de tudo isso, muita gente é induzida a acreditar, sem um mínimo de reação, que a leitura rica em conhecimento é chata, é enfadonha.
Às vezes é um pensamento deturpado que vem desde a péssima base de ensino, movido por professores frustrados, diretores corruptos e por alunos acomodados.
Mas o fato é que esse pensamento é muito comum, principalmente no povão. Mas como tudo na vida tem as suas exceções, às vezes o sabor da leitura útil é distorcido para a busca de conhecimento inútil. São as leituras que dão prazer fácil, sem um mínimo de reflexão, e geralmente são leituras rápidas que envolvem notícias de futebol, novela, assassinatos e fofocas.
De uma forma geral o brasileiro lê pouco e lê mal, mas voltando ao ENEM, a prova de redação será o diferenciador, ou melhor, o divisor de águas, que separará os preocupados apenas com a gramática daqueles que levam a sério e que estão preparados para o uso e o domínio do poder da palavra escrita.

(Por Franco Aldo, Rio – 07/11/2010 – às 11:46Hs)

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