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sábado, 6 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: A Prova do ENEM e a Universidade

Candidatos chegam ansiosos aos locais de provas do Enem
Portões fecharam pouco depois das 13h. 4,6 milhões de inscritos têm até as 17h para as questões de ciências humanas e naturais

A organização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) abriu os locais das provas ao meio-dia de hoje. Um pouco depois das 13h, os portões foram fechados, e a prova de ciências humanas e ciências da natureza começou. A movimentação em várias escolas e universidades já era intensa desde o começo da manhã. Cerca de 4,6 milhões de pessoas estão inscritas para as provas que ocorrem neste fim de semana.
Em São Paulo, no Campus Morial da Universidade Nove de Julho (Uninove), na Barra Funda, zona oeste da cidade, os candidatos começaram a chegar a partir das 10h. Assim que os portões foram abertos, mais de mil pessoas já formavam a fila. Ansiosos, os candidatos não quiseram dar sopa para o azar. As irmãs Ana Carolina e Ana Cláudia Gonçalves Pessoa, de 17 e 18 anos, respectivamente, saíram do bairro Santo Amaro, na zona sul, às 9h, e chegaram à Uninove uma hora e meia depois. “Não conhecíamos direito o local do exame e, com a chuva e a ansiedade, achamos melhor vir bem cedo”, contam as estudantes.
Bianca Roberta Pinheiro de Araújo, de 17 anos, também saiu de casa às 9h. Ela, que mora em Perus, na zona norte da cidade, só chegou à Uninove às 10h30. Optou por não almoçar para aguardar em frente ao portão. A garota deseja cursar enfermagem ou medicina em uma instituição pública, mas, apesar de toda a ansiedade, diz que não pretende usar o resultado do Enem para entrar na faculdade no próximo semestre. Acha que tem que estudar um pouco mais. “Eu estudei na minha escola, a E.E. Zuleica de Barros, e em casa o quanto pude, mas sei que a minha meta é muito difícil. Vou ver como é a prova e tentar passar depois do meio do ano”.

O nervosismo não é privilégio somente dos estudantes. Cláudia Godoy, 36, levantou às 6h para acordar a filha Bruna, 17. “Nem precisei do despertador, acho que estou mais ansiosa do que ela”, diz a mãe, que veio de Itaquera até a Barra Funda e vai aguardar a filha até as 17h, horário do término da prova.
Ainda que a maioria dos candidatos do Enem seja formada por jovens estudantes, a prova também desperta o interesse daqueles que já concluíram o Ensino Médio há tempos. É o caso de Eliz Ângela Félix Cordeiro, 36, que saiu de sua casa, em Parada de Taipas, na zona leste, emocionada com o apoio de seus dois filhos pequenos.
“Mãe, estou rezando por você", disse o caçula, de seis anos, enquanto o mais velho, que tem nove, incentivou: “você vai conseguir”. “Já saí de casa com os olhos cheios d’água por causa deles. Sou segurança e já perdi várias oportunidades de emprego por não possuir um curso superior. Por isso resolvi tentar o Enem, 15 anos após ter saído da escola”, explica Eliz Ângela.

Neste sábado, os candidatos prestam provas de ciências humanas e ciências da natureza. O tempo mínimo para ficar na sala é de duas horas e o máximo, quatro, até as 17h. Minutos depois, o iG e os professores do Cursinho da Poli publicarão, uma a uma, as respostas corretas comentadas. O gabarito oficial será divulgado apenas na terça-feira, dia 9.

(Por Cinthia Rodrigues, iG São Paulo | 06/11/2010 12:38 )

A prova do ENEM, sem dúvida, pode ser um ótimo instrumento de viabilização rumo às universidades públicas, mas contextualizando com a realidade do ensino público nacional, o uso de tal ferramenta pode mascarar a triste realidade para que se destina.
Desde já não quero afirmar que o ENEM, na verdade, privilegia o aluno de escola particular. Não é isso. Até porque acho que existem muitos alunos, tanto da escola pública, quanto da particular, que independem do nível da educação que estão recebendo. São alunos dedicados que suprem suas deficiências, devido a má qualidade do ensino de suas escolas com muitas horas de estudos a parte. Esses são os vencedores. São os que brigarão pelas melhores posições no concurso. Portanto escola ruim tem em todo lugar, tanto pública como particular. Mas, comparado com a grande massa de alunos que necessitam, e querem, ingressar na universidade, são de um grupo estritamente seleto, para não dizer diminuto.
Mas o fato é que existem, também, aqueles alunos que precisam de ajuda, mesmo não tendo o brilhantismo dos poucos que se destacam. E aí que a ferramenta do ENEM perde seu objetivo.
O pensamento que eu quero chegar é que o governo disponibiliza duas frentes. Uma de péssimo nível educacional, menoscabado em toda sua plenitude; seja por motivos de corrupção em sua administração, seja pelos baixos salários dos professores e, porque não, seja pela lamentável idéia do que é público não presta.
A outra frente são os instrumentos que visam selecionar os alunos, ou mesmo, facilitar o seu ingresso na universidade pública, como a prova do ENEM e os exames vestibulares. E é comprovado que o nível de exigência da prova do ENEM, por exemplo, está bem acima dos padrões exigidos nas escolas públicas. E isso sempre foi assim. Mas o que fica claro é que não há uma harmonia, uma padronização no grau de eficiência e qualidade do ensino público, seja no ensino fundamental, seja no ensino médio.
O governo então usa um dispositivo que tenha um grau aceitável de conhecimento para que possa selecionar aqueles alunos que tiveram uma dedicação à parte, resguardando também o nível de suas instituições de ensino superior.
Portanto, se não for dessa forma – exigir severamente aquilo que precariamente é visto nas escolas –, não vejo outra solução. Aliás, a solução é óbvia, melhorar a qualidade do ensino público e fortalecer a instituição ensino como um todo, para que exames como o ENEM não se tornem apenas instrumentos que facilitem o ingresso de poucos.

(Por Franco Aldo – 06/11/2010 – às 15:07Hs)

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