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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

LOBÃO: 50 ANOS A MIL

Ano passado, o cantor Lobão lançou seu livro, “50 anos a mil”, em parceria com Claudio Tognolli, pela editora Nova Fronteira.
A obra, com mais de 590 páginas, conta a vida de João Luiz Woerdenbag Filho, o Lobão, e mistura a história de sua trajetória artística e de sua polêmica personalidade.
A linguagem empregada é a mais simples possível, aliás, é perceptível, a cada gíria, identificar a preocupação de Lobão em fazer do livro não um simples relato de sua conturbada vida, mas, sim, cadenciar cada experiência vivida, cada alegria, desilusão, cada conquista, ao ritmo de suas canções, como bem postula o próprio título, que por sinal impõe um ritmo frenético.
É como se lêssemos cada página ao som de “Vida Bandida”, “Vida Louca”, “Canos Silenciosos”, “Revanche”. Ou porque não, no triste e pensativo “Abalado” do álbum LOBÃO E OS RONALDOS?
Talvez o livro não agrade a muita gente, também pudera, pois Lobão não faz questão de agradar quem não é agradável, aliás, sempre foi o seu forte ter a língua bem afiada.
O livro transpira anos 80 a cada letra, a cada palavra. Quem acompanha, ou acompanhou, a vida artística de Lobão vai se deliciar com suas histórias, com suas idéias, com a sua forte personalidade.
De uma forma geral, a obra é simples, mas que traz em seu bojo muitas histórias, muitas curiosidades, até porque ‘XURUPITO’ era um playboy que estudou em bons colégios e que sempre morou na zona nobre do Rio.
Envolto numa atmosfera vagabunda, logo conheceu as drogas e seu dom para a música, portanto o seu envolvimento com o roquenrol era apenas questão de tempo e das amizades certas.
E foi assim que, ainda menor, foi tocar bateria com Lulu Santos e Ritche, na banda Vímana. Era o início de uma carreira polêmica, envolta de drogas e música. Assim formava-se a persona de Lobão, que nos anos 80 era uma espécie de ‘Jim Morrison’ brasileiro, guardadas as suas proporções, é claro.
O interessante na obra, além da trajetória de sua carreira, foi o relacionamento com seus pais, mulheres e, principalmente, seus amigos. Lobão era da turma do Baixo Leblon, reduto da playbozada da Zona Sul. Lá a rodinha de bar ficava completa com Cazuza, Marina, Ritche, Lulu, Júlio Barroso e muitos outros.
E quem lembra do período em que o cantor estava sendo perseguido por ser usuário de drogas? E acabou sendo preso mais pelo seu estilo tresloucado do que por portar uma quantidade ínfima de cocaína?
Mas a sua prisão fez com que o artista crescesse ainda mais em popularidade, ao ponto do seu álbum “Vida Bandida” ter conseguido alcançar mais de 350.000 cópias vendidas.
“50 anos a mil” está longe de ser uma biografia de sucesso de vendagem e de agradar quem é especialista no assunto.
O livro foi feito para os fãs do cantor e nada mais.
Lobão ainda está longe de ser o sujeito bonzinho que traz no seu semblante a máscara do politicamente correto. Nada disso. Já foi até pior, é claro. E mesmo hoje, assumindo uma postura mais madura, longe do estereótipo do roqueiro tresloucado e cheirador que o constituiu como persona da música, traz ainda a acidez em suas palavras e a sinceridade em suas críticas. Doa a quem doer.
É uma personalidade das mais fortes do mundo artístico, mas que tem o respaldo de ser um grande artista.

(Por Franco Aldo – 16/11/2011 – 10:42hs)

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