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terça-feira, 5 de julho de 2011

Fim da Greve dos Professores da Rede Pública Estadual do MT

Governo pressiona e professores acabam com a greve em Mato Grosso
Estudantes devem voltar às salas de aulas na terça-feira (4),
Aulas perdidas deverão ser repostas nas escolas estaduais, diz Seduc.


Após 29 dias em greve, os professores da rede estadual de ensino em Mato Grosso decidiram suspender a paralisação, em assembleia geral, realizada na tarde desta segunda-feira (4), na Escola Presidente Médici, em Cuiabá. Dessa forma, os 445 mil estudantes já devem retomar às aulas nesta terça-feira (5). A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) já havia informado que as aulas deverão ser repostas para não prejudicar o calendário escolar de 2011.
Os professores cruzaram os braços no dia 6 de junho em busca principalmente de melhores salários. Mas de acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (Sintep) em Cuiabá, Maria Helena Bortolo, os professores não resistiram às pressões do governo do estado e decidiram voltar, mesmo não tendo aceitado a proposta de negociação.
Segundo a presidente do Sintep de Cuiabá, o movimento começou a perder força depois que o governador Silval Barbosa (PMDB) anunciou no dia 29 de junho que os pontos dos grevistas estavam sendo cortados. Na sequência, os 30 mil professores recuaram aos poucos com medo dos salários serem descontados pela Secretaria de Educação de Mato Grosso (Seduc).
Além disso, a greve chegou a ser declarada ilegal por uma decisão judicial. No despacho, o juiz José Tadeu Cury também determinou multa diária de R$ 50 mil, que está sendo aplicada desde o dia 27 de junho.
A sindicalista destacou que a proposta do governo foi de pagar o salário de R$ 1.312, a partir de dezembro. Porém, a categoria não aprovou. Ela explicou que os professores querem esse piso e o pagamento retroativo desde o mês de maio deste ano. A categoria também exige a posse imediata dos classificados e aprovados no último concurso público na área da educação, pagamento de hora atividade para professores contratados e mais recursos para a área educacional.

(Por Ericksen Vital Do G1 MT 04/07/2011 18h41 - Atualizado em 04/07/2011 21h12)

Sinceramente não consigo compreender o consenso geral que existe aqui no Brasil a respeito do pouco que se paga a um professor. Fica muito cômodo imaginar que com uma má remuneração, necessariamente, teremos péssimos profissionais e uma educação falida, muito abaixo do que se espera para que tenhamos um mínimo de cidadãos civilizados e atuantes socialmente. Mas é isso mesmo que acontece.
Outros poderão dizer que ‘eles’ querem que as coisas sejam assim mesmo, tudo para que o nível de imbecilidade seja perpetuado e não tenhamos sábios com brios revolucionários. Não acredito exatamente só nessas simples e humildes idéias, mas sim em algo mais, algo que beira a comodismo, cultura e uma falta de cidadania generalizada, principalmente daqueles que detém o poder.
A greve dos professores em Cuiabá só prejudica quem já começa prejudicado nessa história, os alunos, ou melhor, toda a sociedade. A sociedade sabe que a classe em si não tem força para reivindicar uma decente melhoria em seus salários, pois não tem o poder de barganhar nada. O que estarão em jogo? As aulas dos alunos? Quem se importa?
A minha indignação vem de um questionamento simples, por que não pagar um salário digno aos profissionais da educação? Um profissional bem pago tem o estímulo básico para uma desenvoltura dinâmica e participativa. Entre outras coisas sente-se valorizado e integrado verdadeiramente nos destinos da sociedade. Pode não ser o único problema de nossa pífia educação, mas é um calo básico que deve ser corrigido.
Mas a realidade é outra, é obscura e revoltante. Infelizmente, o fato é que quando o assunto for educação, a greve é a solução mais desastrosa que possa acontecer, e isso serve para todos. E esse assunto não tem jeito, pois enquanto os professores estão bivacando por aí, de braços cruzados, dando mostras de uma resistência que beira ao heroísmo, alunos, pais e toda a sociedade observam estáticos, passivos, o desenrolar dessa história, e isso durante os comerciais da novela das nove e no fim do primeiro tempo do futebol. Uma lástima.
Enquanto acharmos que cada um tenha que resolver os seus próprios problemas, nunca vamos mudar o status quo, até porque, o problema dos péssimos salários dos professores de Mato Grosso não é exclusividade da classe, mas sim de todos nós que dependemos da educação de nossas crianças e jovens.
Assim como a educação, saúde e segurança, o problema da má remuneração dos profissionais desses setores é um problema social, comum a todos nós. Enquanto não enxergarmos isso e não sairmos, todos nós, na busca dessas melhorias, continuaremos na penumbra do atraso, da ignorância e da violência.
Para um educador, viver com um salário de R$ 1.312,00 é uma vergonha. Mais vergonhoso, ainda, são as desculpas do Executivo que prefere gastar bilhões com porcarias de eventos esportivos, ao invés, de primeiro, fazer o seu dever de casa, manter limpo o nosso chiqueiro doméstico.

(Por Franco Aldo – 05/07/2011 – às 10:28hs)

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