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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: As Eleições e Nossa Consciência Política

As Eleições 2010 se aproximam, falta um pouco mais de 15 dias para o maior evento da democracia brasileira. Milhões de brasileiros decidirão quem vai comandar o país nos próximos quatro anos.
Além da escolha do futuro Presidente da República, o eleitor terá que estudar e conhecer bastante os outros candidatos aos cargos de Senador da República, Governador de Estado, Deputados Federais e Estaduais, portanto uma tarefa muito difícil em que é primordial para a saúde do país uma consciência política apurada e um engajamento social crítico. Mas o que vemos na realidade é bem diferente.
Gosto muito de comparar as eleições, ou melhor, o ato de votar como aquele momento em que a filha única pede autorização ao pai para namorar, se é que existe isso ainda. Ou então, a apresentação do futuro genro, num almoço de um domingo qualquer. Por mais que aceitemos comportamentos modernos, sempre vamos ter uma grande responsabilidade no futuro de nossos filhos, portanto é o futuro do país que está em jogo, pelo qual somos responsáveis. Depois vem aquele ditado: Nós temos o presidente, o governador, o senador, e aí vai, que merecemos.
Tenho observado bastante muita antipatia do povo quando o assunto são as eleições. É um sentimento que vem de dentro, enjoativo, inconsciente, em que há uma mistura de desinteresse, ignorância, comodismo, e um fatalismo muito curioso, pois ‘não adianta votá, só tem ladrão’. É um sentimento que atrapalha, que barra um sentimento maior, o do engrandecimento da sociedade, do país. É essa barreira que deve ser, aos poucos, transformada em interesse político, em engajamento social crítico, através principalmente da educação. E não é só escolas de qualidade com professores de alto nível, mas uma inclusão social maior, regado à cultura e a participação concreta do indivíduo.
Quando o assunto é o povo, quero deixar claro que da massa, como um todo, sempre vai existir uma parcela que terá um papel alheio a tudo, isto é, pessoas, que mesmo com todas as oportunidades de crescimento, serão sempre povo, massa de manobra, inconsciente coletivo. Acredito que se aqui no Brasil, 40% da população votassem conscientemente, talvez a nossa política transparecesse algo mais honesto e sério, mas não é assim. Estamos em processo de aprendizagem, de carência de cultura política e acho que isso é perfeitamente possível de se conquistar. Futebol, samba e novela podem estar perfeitamente de mãos dadas com a política e com os reais problemas do país.
Também não posso deixar de observar aqui que as campanhas eleitorais são fonte de renda pra muita gente. Em muitas comunidades, a Kombi passa recolhendo muitos desocupados para que façam o serviço de entrega de panfletos e santinhos pelas ruas e se gastar a voz induzindo o eleitor a votar no patrão, talvez, uns 20 reais por dia já vai estar de bom tamanho.
As eleições, hoje, têm muita importância para aproveitadores, marginais, desocupados e para uma pequena parcela da população que vota consciente, mas tudo isso, no geral, transparece apenas a pobreza de espírito, de valores, pois se o tempo perdido para a escolha de tantos candidatos não se resumir a algum trocado, a algum favor, ou a um feriadão a vista, aí, para muitos, nada valerá a pena.
É um descaramento o voto ainda ser um ato obrigatório! Como é descarada, numa eleição, a escolha, ao mesmo tempo, de 5 (cinco) candidatos a cargos de extrema importância, pois considero o brasileiro, ou melhor, a consciência política do brasileiro, como um analfabeto, em que o beabá deve ser aprendido letra por letra. Ter responsabilidade de escolher, simultaneamente, 5 (cinco) candidatos que terão a incumbência de dirigir o país não é tarefa pra qualquer um.
Portanto há falsidade de ambos os lados, do povo que finge, ou melhor, que não sabe que finge votar e do governo que tenta transparecer uma harmonia entre os meios (povo e estrutura) e os fins (democracia).

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