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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Candidatura de Tiririca, Justiça Eleitoral e Legislativo

Tiririca admitiu para produção do SBT que é analfabeto.
Se a Justiça Eleitoral checar se o candidato a deputado federal Tiririca (PR) sabe ler ou escrever, vai descobrir que ele é de fato analfabeto. O próprio Tiririca disse várias vezes à produção do "Domingo Legal", do SBT, que não sabe ler e nem escrever.
Desde 2003, o palhaço foi convidado freqüentemente para participar de quadros do programa dominical do SBT, então comandado por Gugu Liberato (agora na Record).
Em um dos quadros, Tiririca teria papel fixo e deveria contar piadas para o público. Um redator do SBT era responsável pelo texto. Só que o redator precisava repetir a piada várias vezes até que Tiririca pudesse decorá-la.
Até julho deste ano, pelo menos, a situação "intelectual" de Tiririca não havia mudado. Mais uma vez convidado para participar de um quadro, ele imediatamente perguntou à produção se teria de "decorar alguma coisa, porque vocês sabem que eu não sei ler e nem escrever". Questionado por um produtor da emissora se não pretendia um dia aprender, o palhaço disse que não levava "jeito nenhum" (para aprender).
O promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes, da 1º Zona Eleitoral de São Paulo, entrou com duas representações à Justiça Eleitoral pedindo para que seja confirmado se ele é de fato analfabeto. O promotor se baseou em reportagem da revista "Época". A legislação em vigor proíbe que analfabetos sejam candidatos a cargos políticos. Outra ação do mesmo promotor acusa Tiririca de falsidade ideológica.
Em uma entrevista o palhaço revelou que seus bens estão em nome de terceiros, e que não tem nenhum bem em seu nome devido a processos judiciais.

(Por Ricardo Feltrin, 27/09/2010 - Colunista do UOL)

Faltando apenas 4 dias para o grande momento da democracia brasileira – as eleições 2010 –, a dúvida que impera no momento é o possível estado de analfabetismo do palhaço Tiririca, candidato à Deputado Federal, no Estado de São Paulo, pelo PR.
Diante das acusações do promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, sobre o possível estado de analfabetismo do humorista, cabe agora à Justiça Eleitoral elucidar a questão e tomar as providências pertinentes, pois, segundo a Constituição Federal de 1988, os analfabetos são inelegíveis, portanto a candidatura de Tiririca estaria comprometida.
O caso Tiririca é apenas um dos milhares exemplos do descaso e falta de seriedade dos órgãos da Justiça Eleitoral que controlam a legalidade das candidaturas políticas e aporcalham cada vez mais a imagem do Poder Legislativo, e isso sem falar na falta dos requisitos mínimos, como um bom nível de escolaridade, ficha limpa, conduta ilibada (representa a luta da moralidade contra o descaso), que estão longe de fazerem parte de uma profunda reforma em nosso sistema eleitoral. Diante de tal pândega, hoje, como exemplo, encontramos nas assembléias legislativas de vários estados do Brasil a presença de bandidos, policiais marginais, chefes de milícias, bicheiros, pagodeiros, jogadores de futebol, prostitutas, aproveitadores e parasitas de toda a espécie. Fica até difícil imaginar um mínimo de honestidade e seriedade diante de tanta gente com interesses tão diversos.
O candidato Tiririca não se enquadra no rol dos bandidos e chefes de gangues e nem representa perigo imediato à sociedade, mas sua possível elegibilidade representa um alerta, um descontentamento de uma sociedade que vive sendo enganada e desrespeitada em sua dignidade. Eleger o Tiririca é a forma encontrada pelo povo de demonstrar seu pouco caso com as coisas sérias deste país, por mais que pareça uma preocupação perdida (acreditar nos políticos), pois acreditar nos candidatos que se oferecem para resolver os problemas sociais é um caso que parece eternamente não ter fim, isto é, uma anedota.
Diante de tudo isso, temos de um lado os TREs da vida, coordenados pelo, então, todo poderoso TSE, que mais parece sigla de partido político, mas a essência é de um partido político. E de outro, o povo, ingênuo em suas crenças, mas verdadeiro dentro do que é possível em sua realidade. São os eleitores de Tiririca; são os nordestinos, os analfabetos, os debochados, aqueles que não suportam política, os excluídos de uma forma geral. O que une esses eleitores aos eleitores dos bandidos e chefes de gangues é uma carência em comum, a falta de dignidade.
Portanto, o que preocupa, além da qualidade dos candidatos, sejam eles palhaços, bandidos, artistas de pouca pompa, é o pouco caso e a falta de rigor dos órgãos responsáveis pela qualidade de nossos candidatos, aliado ao descaso do próprio legislativo, numa relação circular, que põe, de um lado, o interesse político da Justiça Eleitoral, e de outro, os interesses escusos e individuais do legislativo, fruto do próprio descaso, isto é, do sistema eleitoral e do povo.

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