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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Dilma Rejeita o "Kit Anti-Homofobia"

Dilma suspende 'kit gay' após protesto da bancada evangélica

A presidente Dilma Rousseff determinou nesta quarta-feira a suspensão da produção e distribuição do kit anti-homofobia em planejamento no Ministério da Educação, e definiu que todo material do governo que se refira a "costumes" passe por uma consulta aos setores interessados da sociedade antes de serem publicados ou divulgados.
Segundo o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Dilma considerou o material do MEC "inadequado" e o vídeo "impróprio para seu objetivo".
A manifestação ocorreu na esteira de uma reunião de Carvalho com a bancada evangélica da Câmara. O grupo de parlamentares chegou a ameaçar o governo com obstrução da pauta no Congresso, colaborar com assinaturas para convocar o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) a se explicar sobre sua evolução patrimonial e propor uma CPI para investigar o MEC.
Ontem, no plenário, o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) chegou a pedir a demissão do ministro da Educação, Fernando Haddad. Na semana passada, o mesmo Garotinho, que é vice-presidente da Frente Parlamentar Evangélica, afirmou que a bancada evangélica, composta por 74 deputados, não votaria "nada", nenhum projeto na Câmara, até que o governo recolhesse os vídeos anti-homofobia.
Mesmo depois das declarações do Planalto, Gilberto Carvalho afirmou que não há "toma lá, dá cá" entre o governo e a bancada evangélica na questão do kit e da convocação de Palocci.
O MEC nega que o kit e os vídeos que vazaram na internet tenham sido aprovados pelo ministério. Eles teriam sido produzidos por ONGs que prestam serviços à pasta e estariam em avaliação.
Os deputados da bancada evangélica afirmam que os vídeos e a cartilha anti-homofobia "são um estímulo ao homossexualismo".
"Mostramos ao ministro Gilberto Carvalho que é virulenta a maneira como o material está sendo aplicado", disse o ex-governador do Rio.

(Por Folha.Com – Ana Flor 25/05/2011 - 13h12)

A polêmica nos bastidores políticos sobre o tal “kit anti-homofobia” mostra não só o despreparo de muita gente que se diz esclarecida no assunto, mas também, mostra a imaturidade de toda a sociedade brasileira.
Somos um país preconceituoso por natureza, resultado de uma mistura de negros, índios e brancos, unidos por culturas que se fundiram, línguas que se entrelaçaram e religiões que sincretizaram-se. Portanto, o brasileiro não é nem branco, nem negro, e muito menos índio, mas, sim, a mistura de todas as raças numa só; a brasileira. Disto posto, o diferente é inconscientemente rechaçado, seja numa triste alusão à cor, ao costume, ou, até mesmo, à língua.
A questão do comportamento homossexual em nossa sociedade não deve ser renegada a segundo plano, é claro; “como uma coisa que existe, mas não pode ser mencionada, pois é pecado”, até por que, o homossexualismo está nas esquinas, na TV, no nosso dia-a-dia. Mas, sim, devemos encará-la como uma mudança de mentalidade e comportamento em que o próprio tempo será o apaziguador. E queria deixar claro que mudança de mentalidade e comportamento não quer dizer transformar o ‘hetero’ em ‘homo’, nada disso, pelo amor de Deus; mas sim uma mudança caracterizada na aceitação das diferenças, sejam elas sexuais, lingüísticas, ou mesmo, culturais. Assim, a aceitação dessas diferenças será a consolidação verdadeira de nossa tão falada democracia.
Sou contra ao tal kit e tenho motivos para isso. Também não sei qual foi o seu verdadeiro conteúdo, muito menos a sua qualidade, mas sei que nesses últimos dias o MEC já mostrou que está muito mal administrado, e a prova disso tudo é o tal livro do ensino fundamental que ensina a falar errado. Portanto, acho que a Presidenta Dilma acertou em rejeitar o tão mal falado material, mas só acho que o motivo foi menos a manutenção dos “bons costumes” do que, talvez, “um toma lá dá cá” com a pressão do segmento evangélico na Câmara, pois o que se está em jogo agora é outro grave problema que ameaça desestabilizar o governo; Antônio Palocci.
A resposta de Dilma ao “Kit Gay” foi, talvez, a prova de que “escrever certo por linhas tortas” pode ser muito proveitoso quando o assunto é colocar panos quentes.
De qualquer forma, o fato de termos leis que asseguram a união estável de pessoas do mesmo sexo, gerando direitos iguais a todos, não quer dizer que a sociedade vive sem o preconceito. Nas paradas gays em todo o país, presenciamos casos e mais casos da intolerância daqueles que odeiam o diferente. Mas, mesmo assim, acho que se há intolerância por um lado, há um comportamento inadequado do outro. Não vejo problema no homossexualismo e acredito que só o tempo minimizará a intolerância, mas as diferenças sempre perdurarão, como a própria ignorância.
Devemos sim ‘trabalhar’ a mente de toda a sociedade a respeito do preconceito a homofobia, mas isso só será mais sadio a partir do momento em que as relações sociais estiverem mais maduras quanto a isso.
Hoje, eu acho que apresentar kits e toda espécie de material que faça com que nossas crianças aprendam a aceitar a questão da homossexualidade é uma atitude arriscada. Mas o risco não é o mesmo do pensamento dos evangélicos mais radicais, mas sim de tornar uma atmosfera preconceituosa que já existe inconscientemente, numa coisa ainda mais consciente, para não dizer mais visível.

(Por Franco Aldo – 26/05/2011 – às 10:06hs)

2 comentários:

  1. Do meu humilde ponto de vista acho que estão tentando nos empurrar goela abaixo "no bom sentido", porque agora tudo é alusão à homofobia, uma questão que não atende aos anseios da maioria. É crescente na TV, nos jornais, nas revistas, o assunto homossexualismo. Não há uma exibição hoje em dia em que não tenha um gay. Aí eu me pergunto: se isto é normal, por que tem de ser massificado, escancarado e forçado para todo mundo? Tenho um filho de 5 anos e vou dizer o que para ele? Olha filho, que bonitinho!!!!!
    Não é.
    Quanto ao mal falado kit gay, tive a oportunidade de assistir a um dos 3 vídeos que seriam mostrados na escola e resumo em apenas uma palavra: revoltante. Como mostrar uma coisa daquelas, no ensino médio, em escolas públicas sucateadas, que não dão nem uma formação básica, que não prepara o jovem para formar uma mentalidade capaz de discernir as coisas, para adolescentes que não tem, na maioria, opinião formada. Na minha opinião, isto é indução. Ainda mais com as mensagens subliminares incrustadas nos vídeos. Alguém consultou os verdadeiros interessados neste tipo de mensagem? Os pais. Sinceramente, não sei aonde vamos parar.

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  2. Hansen, suas palavras não poderiam ter sido tão elucidativas quanto ao tema em voga. Na verdade foram perfeitas.
    A questão da luta contra a homofobia é igual à luta contra o racismo e a qualquer outra forma de dicriminação, portanto o governo tem que tratar do assunto de forma mais ampla - a discriminação - , e não particularizar um assunto tão sensível (homossexualismo) que pode levar a interpretações equivocadas por parte da sociedade.
    Mas, como está bem explícito, Dilma está mais preocupada em defender Palocci do que tomar decisões sólidas e coerentes.

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