Sejam Bem-Vindos!

O Botequim é um espaço democrático e opinativo sobre os mais diversos assuntos, envolvendo a sociedade brasileira e o mundo.

Sejam Bem-vindos!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A Segurança de Vôo e a Tragédia do Vôo 447

Quase dois anos após a queda do avião da Air France que fazia o voo 447, entre o dia 31 de maio e 1º de junho de 2009, o BEA (Birô de Investigações e Análises) - órgão do governo francês responsável pela investigação do acidente - divulgou os primeiros dados registrados nas caixas-pretas.
As informações indicam que os pilotos fizeram um desvio na rota inicial para tentar escapar de uma área de tempestade, mas acabaram enfrentando problemas logo em seguida. A velocidade do avião, medida pelas sondas Pitot, apresentou falhas.
Segundo o BEA, o relatório descreve "de maneira factual a sequência dos acontecimentos que levaram ao acidente, e apresenta fatos novos estabelecidos". As primeiras análises definitivas serão apresentadas somente no fim de julho.
"Só depois de um trabalho longo e minucioso de investigação é que as causas do acidente serão determinadas e as recomendações de segurança serão emitidas, o que é a principal missão do BEA", informou o órgão.

O anúncio do BEA ocorre após pressão feita pela imprensa internacional na última semana, quando foram publicadas reportagens com especulações sobre as causas do acidente.
Após o resgate das caixas-pretas e a confirmação de que os dados do voo poderiam ser lidos, os investigadores franceses haviam informado que a análise do material duraria meses.
O jornal francês "Le Figaro" informou que a análise preliminar das caixas-pretas do Airbus apontava para um erro dos pilotos como motivo do acidente. O BEA desmentiu as informações, mas resolveu antecipar a divulgação dos primeiros dados recuperados.
No domingo (22), a revista alemã "Der Spiegel" noticiou que o avião sofreu uma parada súbita provocada por gelo acumulado nas sondas de velocidade Pitot e que o comandante do voo, Marc Dubois, não estava na cabine na hora do acidente. O sindicato de pilotos da Air France rechaçou as reportagens.

(Por Folha. Com. - SÃO PAULO - 27/05/2011 - 12h56)


Em se tratando de aviação, a segurança de vôo é uma espécie de cultura que deve ser muito bem solidificada no dia-a-dia e nos costumes de uma organização ligada diretamente à atividade aérea. É uma atividade fundamental que visa a manutenção de elevados níveis de percepção de todos os envolvidos no vôo, seja quanto a procedimentos de manutenção, procedimentos de vôo, práticas comportamentais, e, até, relativos à saúde dos envolvidos. Portanto, trabalhar com segurança de vôo dentro de uma organização aérea é uma forma de educar constantemente seus envolvidos, não dando trégua, em momento algum, para qualquer relaxamento que possa por em risco a integridade física das pessoas e do caríssimo material aéreo.
Sei de tudo isso, pois trabalhei com aviação por quase 14 anos e sei como é respirar aquela atmosfera de constante atenção; tudo em prol da segurança do homem e da máquina.
Quanto ao vôo 447, li as informações do registro de vozes da cabine da aeronave, divulgados pelo BEA, e como qualquer outra gravação de vozes, que antecede a um desastre aéreo, é muito perturbadora. Só acho que a divulgação antecipada das informações da caixa-preta pelo BEA, devido a pressões internacionais, esteja dando motivos para várias espécies de especulações quanto às causas do desastre. Num primeiro momento, foi divulgado que o comandante não se encontrava na cabine da aeronave no momento dos problemas técnicos, o que causou muito falatório na imprensa internacional. Mas quem conhece o mínimo da rotina de um longo vôo, como o da rota Rio-Paris, sabe que a tripulação descansa em determinados períodos do vôo; portanto, nada de anormal.
Com as novas informações do BEA, podemos perceber que o que ocorreu com o Air France foi algo assustador e que pegou toda a tripulação desprevenida.
Não acredito que o tubo de pitot tenha sido a causa única do desastre, muito menos as turbulências devido ao mau tempo, mas, talvez, a conjunção de vários fatores, sejam eles mecânicos, atmosféricos, e, porque, não, humanos.
Ainda é muito cedo para especulações, mas infelizmente o BEA está sendo pressionado para que novas informações, a cada momento, sejam lançadas no ar para que o quebra-cabeças dos interessados seja completado.
Espero que essas informações antecipadas não atrapalhem as investigações dos órgãos responsáveis, pois o que se está em jogo, agora, é a segurança de vôo de outros vôos mundo a fora. Portanto, mais aterrador que as vozes da cabine é o silêncio sobre os motivos que levaram a queda da aeronave. Mesmo assim, vale a pena dar uma espiada na animação infográfica do acidente, publicada, hoje, na Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/921746-veja-em-flash-como-foi-a-queda-do-voo-447.shtml.

(Por Franco Aldo – 27/05/2011 – às 21:09hs)

Nenhum comentário:

Postar um comentário