Sejam Bem-Vindos!

O Botequim é um espaço democrático e opinativo sobre os mais diversos assuntos, envolvendo a sociedade brasileira e o mundo.

Sejam Bem-vindos!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Marcha para Jesus Ataca União Gay

Pastor ataca união gay na Marcha para Jesus

Três dias antes da realização da Parada Gay na capital, lideranças evangélicas aproveitaram a 19ª edição da Marcha para Jesus para atacar a união entre pessoas do mesmo sexo. Do alto do palco montado na praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na zona norte, o pastor da igreja Assembleia de Deus Silas Malafaia gritou para cerca de 1 milhão de fiéis, segundo a Polícia Militar, que “o Superior Tribunal Federal (STF) rasgou a Constituição que, no artigo 226, parágrafo 3º, diz claramente que união estável é entre um homem do gênero masculino e uma mulher do gênero feminino. União homossexual uma vírgula”.
O discurso foi feito pouco depois das 13h com a presença do prefeito Gilberto Kassab (sem partido) no palco ao lado do presidente da Marcha, o apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer. Não satisfeito, Malafaia afirmou ainda que a Constituição quer transformar a bíblia em um livro homofóbico. “Querem colocar uma mordaça em nossa boca. Não, mil vezes não.”
Enquanto a multidão demonstrava apoio repetindo “não, mil vezes não” com palmas e acenos de mão, Kassab preferiu a discrição, citando a importância do evento para a cidade. Depois, disse aos jornalistas que todos têm direito de expressar suas opiniões. Tanto a Marcha para Jesus quanto a Parada Gay, que ocorre no domingo, têm apoio da Prefeitura e fazem parte do calendário de eventos da cidade.
Regada a água, refrigerante e suco, a Marcha começou pontualmente às 10h. A caminhada teve início na Avenida Tiradentes, próximo à Estação Luz do Metrô. Antes, a multidão já lotava estações e vagões dos trens do Metrô. Idosos, jovens, casais e muitas crianças cantavam e dançavam músicas evangélicas nos estilos pop, axé, infantil e hip-hop que tocavam em nove trios elétricos.
A representante comercial, Maria Rosário de Fátima, de 59 anos, chegou às 9h30 para participar do ato, como faz há 9 ano. Levou com ela uma sobrinha católica. “A Marcha é cristã, estamos todos aqui para agradecer por tudo que conseguimos, para mostrar nossa fé e agradecer”, disse.
No caminho, ambulantes vendiam de tudo – menos bebida alcoólica. “Evangélico não toma cerveja. Bebida alcoólica a gente está guardando para vender na Parada Gay”, disse um camelô, que não quis se identificar.
A água custava R$ 3, a tapioca era vendida por R$ 6. Faixas de cabeça com a palavra “Jesus” eram comercializadas por R$ 2. A reportagem encontrou apenas dois carros de fiscalização da Prefeitura para combater o comércio informal. Mesmo assim, os fiscais não corriam atrás dos ambulantes.
Questionado sobre quem seria a estrela do evento neste ano, já que o jogador de futebol Kaká se desligou da igreja, o apóstolo Estevam Hernandes afirmou que “Kaká era uma personalidade e a estrela sempre será Jesus".

(Por CRISTIANE BOMFIM – Estadão - 23 de junho de 2011)

Quem vive, ou quer viver, com a cabeça no mundo do maravilhoso, da magia, de há exatos dois mil anos, rejeita qualquer mudança de comportamento do hoje, seja ela em relação ao sexo, ou até mesmo, referente a conquistas de direitos individuais.
Mas antes que alguém invoque o nome de Deus para justificar qualquer tipo de comportamento que possa se considerado ‘pecado’, o fato é que, por mais que estejamos adiantados na ciência da tecnologia, ainda vivemos no mundo das trevas quando o assunto diz respeito ao conhecimento do próprio ‘eu’. Conhecer a si mesmo requer estudos de religião, filosofia e, também, da própria ciência social, portanto não é fácil.
A religião sempre foi e sempre será um veículo de manipulação de massas. E usa para isso um ardil infalível, os desígnios de Deus. É tão infalível que a própria dúvida em sua existência já é motivo para um pecado mortal, com destino ao inferno. Portanto, para aqueles que estão na face da terra para nada questionar, apenas obedecer, a bíblia, e sua contraditória norma de conduta, é o único, e verdadeiro, caminho a seguir. Até aí, tudo bem. Não há nada de diferente nisso há milhares de anos.
Mas o problema é quando a religião começa a interferir no comportamento social, e pior, a negar a transformação da própria sociedade. E saiba-se que as transformações não são nem boas, nem más, mas, sim, necessárias. É uma carência do próprio povo, das relações sociais, portanto não é um fato isolado.
Qual o problema na união gay? Ela vai existir mesmo que a igreja proíba. O reconhecimento da união gay está muito mais voltado para os direitos sociais do que qualquer tipo de espiritualidade. Não é o modismo do moderno que a Rede Globo prega tanto em suas novelas, mas sim um fato real.
É uma pena. Parece que os evangélicos querem se tornar acima do bem e do mal, uma espécie de santos vivos. Uma mostra da infantilidade e da ignorância, sem falar, é claro, no medo. O medo de peitar, de questionar e se perguntar, quem eu sou?
Talvez esse quadro nunca mude, mas digo de passagem, por mais que traga problemas, acho útil em qualquer sociedade.
O meu único medo é quando a religião se mistura com a política. Dessa mistura nada presta. É a decretação da ruína de qualquer país.

(Por Franco Aldo – 24/06/2011 – às 10:09hs)

Nenhum comentário:

Postar um comentário