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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Estrela Solitária - Um Brasileiro Chamado Garrincha

O jornalista Ruy Castro, mineiro de Caratinga, publicou sua impressionante obra, Estrela Solitária – Um brasileiro chamado Garrincha, em 1995. Desde então, achava que o livro fosse apenas um relato da lendária vida de sucesso e dribles de um dos maiores jogadores do futebol brasileiro, o Manoel dos Santos, mais conhecido como Mané Garrincha, ou, simplesmente Garrincha, depois imortalizado como Garrincha, “a alegria do povo”.
Imaginei uma obra que contasse a vida de Garrincha durante seus anos de sucesso pelo Botafogo e pela Seleção Brasileira, a final de contas, Garrincha foi várias vezes campeão carioca pelo Botafogo e Bi-campeão mundial pelo Brasil (1958 e 1962).
Mas esse fantástico livro extrapola a áurea de sucesso do lendário Garrincha. Vai muito mais além. Mostra em pormenores a sua origem Fulniô – tribo que vivia pelo norte de Pernambuco e sul de Alagoas, e onde nasceram seus avós –, conta a sua pobre e feliz infância em Pau Grande, estado do Rio, o seu período de sucesso e conquistas, e o mais impressionante, a triste vida de um brasileiro, que assim como muitos, deixou-se vencer pelo fantasma do alcoolismo.
De uma forma geral, o livro é trágico e emocionante, pois a triste vida desregrada do brasileiro Manoel dos Santos obscurece um pouco a lendária história de um jogador – que tem um apelido de um passarinho – que parecia fazer de tudo com a bola, mas a sua especialidade eram as suas arrancadas e os seus dribles desconsertantes que deixavam zagueiros trêmulos e goleiros a ver navios.
Garrincha morreu por que quis morrer. Entregou-se ao alcoolismo como forma de esquecer tudo aquilo que tinha feito de errado no passado. E não foi por falta de amigos, pois muitos o ajudaram: jogadores, jornalistas, políticos, familiares, torcedores, artistas...
O livro também é prova de como um amor foi vencido por um drama que misturava fraqueza, intrigas e um desregramento que mais beirava a infantilidade. Foi assim que Elza Soares, grande amor de Garrincha, tentou tirá-lo do vício da bebida. Fez de tudo para fazer de Garrincha não a continuação de um ídolo do futebol, mas um homem respeitado e culto. Acabou falhando em tudo e, o pior, perdeu o seu homem para a bebida.
Algumas más línguas dizem que foi Elza a responsável pelo tumulto na vida de Garrincha, mas o próprio Ruy Castro e, talvez, os seus colaboradores, tentou achar uma explicação para a indolência e até da falta de responsabilidade, pois desde criança fazia de tudo e todos achavam graça, como se dissessem “ele é assim mesmo”. Na verdade Garrincha era um gozador e se dava bem com todos. Seu jeito desengonçado e suas pernas tortas faziam de Garrincha uma figura cômica que se transformava em um demônio com as bolas nos pés, talvez, por isso, muitos passavam a mão em sua cabeça e foi assim que Garrincha viveu até a sua última garrafa.
A triste vida de Garrincha, contada na obra de Ruy Castro, emociona, ao mesmo tempo, alegra, entristece, como também, faz rir. No fim, prevalece um destino que é muito comum a milhões de brasileiros, o ostracismo a indigência.
Garrincha nunca será lembrado pelo drama do alcoolismo, mas sim pelos seus dribles, pelos seus gols, por suas pernas tortas, aliás ele era conhecido como “o demônio das pernas tortas”, e por tudo aquilo que fez de bom pro futebol mundial.
Um livro que tem que ser lido por todos, não só botafoguenses ou por aqueles que presenciaram seus dribles, mas por todos nós brasileiros que procuramos, a todo o momento, uma lição de vida para ser aprendida.
Emocionante, fantástico, impressionante.

(Por Franco Aldo – 30/06/2011 – 09:50hs)

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